Uma
mulher foi presa por 264 horas, o que corresponde a 11 dias e ficou em
uma cela com privações, submetidas à lei militar. Ela era sargento do
Corpo de Bombeiros, esteve afastada das atividades por 10 anos, e quando
compareceu à corporação em 2012, constatou que estava como ré em um
processo administrativo na PM e deveria responder por crime militar -
deserção. Mas, a PM cometeu um erro, já que a mulher foi demitida em 2001. Este é o resumo do drama vivido por Tamara Coutinho Marques.
Concursada, Tamara Coutinho assumiu o posto de soldado da PM em 97. No
ano seguinte, passou a sargento do Corpo de Bombeiros. Mas, um
infortúnio do destino a obrigou que se afastasse da profissão que ela
defendia com honra. “Eu sempre me dispus a trabalhar pela corporação com
decência, mas vivi um momento difícil que colocou minha vida em risco.
Tive que me ausentar para garantir a segurança de minha família”,
lamenta Tamara que prefere não relatar o motivo que a afstou do
tramalho, a fim de manter sua segurança.
De acordo com a ex-policial, esta semana ela entrou com uma ação no
Ministério Público pedindo reabertura do processo iniciado em 2001. “Ao
ser apresentada na corregedoria da PM foi dada a voz de prisão para mim
pelo CAP PM Vagner Magalhaes Costa - oficial de permanência. Em seguida,
fui encaminhada ao Centro de Custódia Feminino, do 12º BPM, em
Camaçari, onde fiquei encarcerada por 11 dias como um marginal
privando-me do direito ao banho de sol e visita durante três dias”,
lembra Tamara, que pede parecer da corporação para o que ela chama de
abuso de poder. Ela relata ainda que na ocasião, a junta médica militar a
avaliou e emitido um parecer onde constava que ela estaria apta a
retornar ao serviço.
De acordo com diretor de Comunicação da PM, Capitão Pita, Tamara é
considerada desertora. “Tamara Coutinho Marques foi demitida da PMBA em
07 de maio de 2001, conforme publicação no Boletim Geral Ostensivo (BGO)
da Corporação. A sua demissão ocorreu em decorrência da inexistência de
Estabilidade Funcional (ter menos de três anos de exercício da função)
na época do seu afastamento. Portanto, pela condição de sem
estabilidade, a lei impôs a sua demissão. Com relação a sua prisão, por
não mais integrar os quadros da Corporação, não caberia. Ao detectar o
equívoco, a Corregedoria Geral da PM imediatamente a colocou em
liberdade e comunicou o fato ao Juiz da Vara de Auditoria Militar. Este
fato está sendo apurado administrativamente pela PM e por direito, a Sra
Tamara pode acionar a Justiça”, explicou.
E foi o que restou. Tamara, que pretende voltar a exercer a profissão,
também vive um drama familiar. Por conta dos dias que ficou presa após
erro da PM, a filha – hoje com 10 anos, cobra o ocorrido à mãe e pede
que ela não a abandone. “Na época, minha filha achou que a tinha
abandonado. Saí para resolver um problema no batalhão e não voltei mais.
Hoje não posso me ausentar de casa que ela acha que vou desaparecer.
Foi a pior experiência de minha vida. O fato de eu ser militar e saber
que não sou uma criminosa. Fiquei muito abalada e fiquei com trauma. E o
fato de eu ser mãe, minha filha tinha nove anos na época e sentia muito
minha falta. Fui privada de exercer o meu papel de mãe. E, em saber que
passei tanto sofrimento por um equívoco do sistema é revoltante. Minha
filha até hoje me cobra isso. É um trauma em nossa vida”, conta Tamara
emocionada
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