O pastor ao ser transferido da delegacia para Bangu 2
O pastor ao ser transferido da delegacia para Bangu 2 Foto: Caio Álex / Divulgação

“Estou vendo um espírito de lésbica em você”. Essa teria sido uma das primeiras frases ditas pelo pastor Marcos Pereira da Silva para uma de suas vítimas. Segundo o depoimento da mulher - que contou à polícia ter sido estuprada pelo religioso entre 1997 e 2009 -, a violência sexual começou assim que ela entrou para a Assembleia de Deus dos Últimos Dias, da qual Marcos é fundador. A jovem tinha, então, 14 anos.
Imagem mostra pastor Marcos com uniforme de preso, em Bangu
A primeira relação dos dois teria sido na casa de uma missionária e, segundo o depoimento da vítima, “com o tempo, Marcos passou a trazer para participar dos atos sexuais mulheres”. Ainda de acordo com as declarações da mulher, “apenas uma vez se recorda que participou um garoto de programa”. A vítima afirmou, ainda que “Marcos tentou trazê-lo novamente”, mas que ela se recusou.
A mulher contou também que o pastor pedia que ela aliciasse outras fiéis, mas sempre recusava. Depois das orgias, o religioso ordenaria aos participantes que pedissem perdão uns aos outros pelo que tinha acontecido. Os participantes deveriam também, por orientação de Marcos, procurar um representante da igreja e pedir. Mas deveria manter segredo sobre o que tinha acontecido.
Alguns anos depois do início dos abusos, a mulher contou ter se apaixonado por um outro fiel da igreja. Segundo o depoimento, o pastor humilhava o rapaz e criticava o namoro. De acordo com a jovem, Marcos diria que, se ela se casasse com o jovem, o casal teria filhos defeituosos. Em 2009, os dois decidiram ficar juntos e romperam com a igreja.
Marcos foi preso na noite desta terça-feira, acusado de seis estupros, por policiais da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) que o investigavam por suposta ligação com o tráfico de drogas. O pastor passou a noite na unidade e foi transferido na manhã desta quarta para o presídio Bangu 2.

José Júnior, do Afroreggae, elogia polícia por prisão do pastor Marcos: ‘Arrebentou’

José Júnior é coordenador do Afroreggae
José Júnior é coordenador do Afroreggae Foto: Bruno Gonzalez / Agência O Globo

O coordenador do Afroreggae, José Júnior, elogiou no Twitter a Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) pela prisão do pastor Marcos Pereira da Silva, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, na noite desta terça-feira.
A prisão do pastor Marcos, acusado de seis estupros, é resultado de uma investigação que começou após uma denúncia de José Júnior sobre o suposto envolvimento do pastor com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, há cerca de um ano.
“Quero agradecer a NOVA GESTÃO da DCOD pelo excepcional trabalho nessa prisão. Dr. Márcio Mendonça num curto espaço de tempo arrebentou”, afirmou o coordenador no microblog.
José Júnior comemorou a prisão do pastor no Twitter
José Júnior comemorou a prisão do pastor no Twitter Foto: Reprodução
Orgias
De acordo com o delegado Márcio Mendonça, titular da DCOD, as denúncias surgiram a partir da investigação que apura as acusações que o coordenador contra o pastor. Ainda segundo o delegado, o nome de Marcos Pereira está ligado a quatro casos de homicídio - um deles, o de uma mulher que teria descoberto as suas “orgias”.
- Na maioria das vezes, o pastor dizia que elas, as mulheres, estavam com o demônio no corpo, e que, por isso, teriam que manter relações com uma pessoa santa. No caso, ele - disse Márcio Mendonça, acrescentando que o inquérito referente às acusações de estupro foi encerrado e que o Ministério Público já denunciou o pastor por estes crimes.
O pastor Marcos Pereira no momento em que foi fichado pelos policiais
O pastor Marcos Pereira no momento em que foi fichado pelos policiais Foto: Divulgação / Polícia Civil
O delegado afirmou ainda que as vítimas relataram que o pastor costumava agir com violência e que obrigava mulheres a fazer sexo com mulheres e homens a transar com homens. Uma das vítimas contou que foi estuprada dos 14 aos 22 anos, e outras três disseram que também foram atacadas quando ainda eram menores de idade.
Segunda elas, as orgias eram realizadas num apartamento na Avenida Atlântica, próximo ao Copacabana Palace, numa das áreas mais nobres da cidade. O imóvel, segundo o delegado, pertence à Assembleia de Deus dos Últimos Dias e está avaliado em R$ 8 milhões.
- Ele fazia uma verdadeira lavagem cerebral. As vítimas achavam que estavam erradas e tinham que se purificar - contou Márcio Mendonça.
Contra o pastor, foi aberta uma investigação que apurou seis casos de estupro. Os mandados que resultaram na prisão são referentes a dois destes casos. Os juízes que decretaram a prisão são Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e Ana Helena Mota Lima, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca.http://extra.globo.com


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