Novo comandante das UPPs é contra PMs das unidades infiltrados em quadrilhas

ads not by this site
Coronel Frederico Caldas, novo comandante da UPPs: calendário das UPPs modificado pelas manifestações 

A ação de policiais militares da UPP da Rocinha infiltrados no tráfico de drogas — que ajudou nas investigações que culminaram na operação Paz Armadas — não vai voltar a acontecer tão cedo, se depender do novo comandante das UPPs, coronel Frederico Caldas. Em entrevista ao EXTRA, o oficial afirmou que é contra a “ação controlada” de PMs lotados em UPPs. “Esse é o maior aprendizado do caso Amarildo”,afirmou ele.
O senhor considera que faltou transparência da PM no caso Amarildo?
Não acho que tenha faltado transparência. A PM abriu um inquérito policial militar e os policiais envolvidos se defenderam das acusações e foram imediatamente afastados das ruas, situação em que vão permanecer até o fim das investigações. Mas, àquela altura, a PM estava mobilizada, atacada e acuada em meio às manifestações. Todas as nossas posições foram desqualificadas nesse caso.
Você acredita que o fato de as câmeras em frente à UPP estarem quebradas vão prejudicar as investigações?
Estamos suscetíveis a acontecimentos como esse. Houve uma queda de energia na noite anterior ao desaparecimento e as duas câmeras não funcionavam. Quanto às viaturas, temos 332 carros. Demora um tempo até que elas sejam equipadas. Nada foi danificado de propósito, não foi criada nenhuma história. A perícia vai provar isso.
É fato que houve uma irregularidade na abordagem de Amarildo, levado para “averiguação” na sede da UPP. Por que o major, que sabia de tudo, foi mantido no comando?
É inquestionável que a irregularidade existiu, mas não ficou provado que o major Edson tenha responsabilidade direta. Sem contar que ele goza de muito prestígio na PM e é responsável por tudo de bom que aconteceu na Rocinha nos últimos anos. Seria temeroso tirá-lo de lá.
Foi possível tirar algum aprendizado do caso Amarildo?
Sim, quanto à questão da “ação controlada”. Não concordo com a forma como a Operação Paz Armada foi feita. Não vale a pena colocar um PM de UPP numa situação dessas. São jovens, inexperientes e ainda tem obrigação de serem vistos pela comunidade como um pilar moral. Como os moradores vão respeitar um PM que é visto no meio de traficantes? É um preço muito alto que se paga, não vale a pena.
Os ataques ao AfroReggae no Alemão fizeram a estratégia de policiamento na região ser modificada?
Os ataques do tráfico não foram às UPPs, foram ao AfroReggae, mas mesmo assim, pela complexidade do Alemão e por respeito ao trabalho da ONG, decidimos fazer algumas alterações. Há uma semana, todas as sedes do AfroReggae contam com policiamento 24 horas e, essa semana, as UPPs do Complexo do Alemão ganharam seu primeiro reforço: mais 100 PMs, sem contar com a base do Bope, que já está na Pedra do Sapo, região que vinha apresentando problemas.
Você acredita que é preciso ser mais rigoroso com desvios de PMs de UPPs?
A questão das relações humanas se perdeu na polícia. O PM não é gentil nas abordagens. É preciso humanizar a tropa, corrigir essa falha. Não vou tolerar desvios, até porque vou passar a exigir que os comandantes falem com a tropa, conversem com seus comandados. Por outro lado, vou requisitar mais efetivo para a 8ª Delegacia Policial Judiciária Militar, exclusiva das UPPs.
Quando e onde será inaugurada a próxima UPP?
Os protestos criaram um novo cenário. Mas, hoje, não temos os 1.500 PMs necessários para pacificar a Maré


Postar um comentário

0 Comentários