A lavagem do dinheiro do tráfico de drogas garantia uma vida de luxo e
ostentação ao traficante Carlos Henrique dos Santos, o Carlinhos
Cocaína, de 48 anos. A conclusão é da Polícia Civil, que desencadeou, na
manhã desta quinta-feira, uma operação que representou um duro golpe no
braço financeiro da quadrilha comandada pelo bandido na Cidade de Deus,
Zona Oeste do Rio. Ele continua foragido.
Embora não tenha
conseguido prendê-lo, a Polícia garantiu o sequestro de cerca de R$ 5
milhões em bens imóveis, incluindo uma mansão em um condomínio na
Freguesia, em Jacarepaguá, que seria avaliada em cerca de R$ 2 milhões. A
casa, considerada de alto padrão, tem dois andares, piscina,
churrasqueira e circuito interno de monitoramento por câmeras. Em um
closet, foram encontradas muitas bolsas, roupas e calçados de marcas
famosas e caras.
Na
residência estava Adriana dos Santos, que, segundo a Polícia, seria
mulher de Carlinhos. Ela está entre os três presos na operação. Os
outros dois, identificados pela polícia como José Luiz Martins e Luciene
Ramos Parente, seriam "laranjas" da quadrilha. Durante a operação na
Cidade de Deus, houve um confronto que resultou na morte de cinco
suspeitos.
Durante
as investigações, iniciadas há cerca de oito meses, a polícia apurou
que somente com a festa de 15 anos de uma de suas filhas, ocorrido há
três anos, Carlinhos Cocaína gastou mais de R$ 1 milhão. Segundo o
delegado Gustavo Rodrigues, da 32ª DP (Taquara), a comemoração foi
animada pela bateria de uma escola de samba e contou com a presença de
DJs. O traficante também teria presenteado a filha e alguns membros da
família com uma viagem a Disney.
Também
dentro das investigações, a Polícia solicitou a lojas de um shopping de
luxo que fica na Barra da Tijuca todas as compras realizadas nos CPFs
das pessoas investigadas, incluindo Carlinhos Cocaína. A conclusão foi
de que os gastos atingiram R$ 400 mil em espécie e em artigos de luxo no
espaço de dois anos.
— Na verdade, essa operação tem uma
importância vital no combate ao tráfico de drogas, porque a Polícia
Civil sempre procurou prisões e apreensões de drogas e armas em
confrontos armados nas comunidades. Mas esse tipo de ação corriqueira
provoca muitos efeitos colaterais com vítimas civis e entre os
policiais. Com essa nova estratégia, determinada pelo governador do
Estado, nós perseguimos o fluxo financeiro dessas organizações
criminosas. Ou seja, queremos atacar o núcleo financeiro deles —
explicou o delegado.
Segundo
Gustavo Rodrigues, a operação desta segunda-feira focou na lavagem de
dinheiro, através da compra e exploração de imóveis, usados pela
quadrilha para lavar o dinheiro do tráfico de drogas. A investigação
identificou 29 imóveis que seriam de Carlinhos Cocaína, mas estão em
nome de "laranjas".
Ainda segundo a Polícia, a quadrilha contava
com operadores financeiros, além dos "laranjas". Essas pessoas eram
responsáveis por fazer a movimentação financeira e os pagamentos. Chamou
a atenção dos policiais o baixo padrão de vida deles em contraste com
os altos gastos, inclusive da pessoa que aparecia oficialmente como dono
da mansão em Jacarepaguá.
Segundo o delegado, a quadrilha atuava
tanto comprando imóveis como construindo quitinetes, que seriam
alugadas. Num desmembramento da ação, a polícia pretende apurar, através
da quebra de sigilos bancário e fiscal dos investigados, a lavagem de
dinheiro por meio de empresas fantasmas.
Segundo
o delegado, Carlinhos Cocaína era o principal alvo da operação, não só
por deter uma posição de domínio na Cidade de Deus, mas também por atuar
como o gestor da caixinha comum da principal facção criminosa do Rio. É
com o dinheiro desta caixinha, segundo o delegado, que é pago uma
espécie de "pensão" aos traficantes presos. Esse dinheiro, que era
controlado pelo traficante da Cidade de Deus, também servia para compra
de armamento para diversas comunidades dominadas pela mesma facção.
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