Mensagens compartilhadas no Twitter por Bernardo Küster (acima), Allan dos Santos e Sara Winter mesmo depois terem suas contas restringidas
Isso foi possível porque a conta deles não foi suspensa, mas apenas sofreu uma restrição para não ser acessada por pessoas no Brasil. Assim, com mudanças na funcionalidade de localização do Twitter, torna-se possível ler os tweets dos alvos da decisão judicial.
Em maio, Moraes determinou o bloqueio das contas nas redes sociais "para a interrupção dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática".
Em nota, o Twitter informou que "agiu estritamente em cumprimento a uma ordem legal proveniente de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF)".
A CNN identificou que pelo menos quatro dos 16 alvos da ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contornaram a proibição: a ativista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, os blogueiros Allan dos Santos e Bernardo Küster, e o empresário Otávio Fakhoury.
“Antes que tirem o recurso de mudarem de país ou bloqueiem de uma vez por todas, gostaria de deixar claro que: O CABEÇA DE PIROCA UM DITADOR DE MERDA. Conseguem ler?”, escreveu, ofendendo Moraes. Sara chegou a ser presa em junho após o ministro aceitar pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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Já Küster escreveu que não foi informado sobre a decisão judicial que
bloqueou sua conta na rede social. “A única de que tenho notícia era do
inquérito ilegal, a mesma que permitiu buscas e apreensões. POR QUE
AGORA? Vão bloquear outras também? Saibam, não vão parar em mim”,
afirmou.Em outra mensagem, ele postou instruções de como os usuários deveriam proceder para poder acompanhar suas publicações e terminou com uma ofensa ao ministro do Supremo. “Tente censurar o Tio Sam agora, Cabeça de Ovo!”
Allan do Santos, conhecido como Allan Terça Livre, usou sua conta para publicar uma mensagem em inglês. No texto, publicado com a hashtah #FreedomOfSpeech (Liberdade de Expressão), ele disse que quem podia ler sua mensagem estava fora do Brasil e que o STF havia banido sua conta no Brasil.
Mais econômico, Fakhoury publicou uma mensagem apenas questionando o advogado João Vinícius Manssur: “Foi o STF que me calou?”.
Bolsonaristas se manifestam
Alvos da decisão do STF e outros partidários do presidente se manifestaram nas redes sociais sobre a decisão.
“Mais uma censura grave do Supremo. Em pleno terceiro milênio e uma ditadura desses juízes, eu fui censurado mais uma vez. Eu tenho 210 mil seguidores e 90 milhões de interações, estão calando a minha voz”, disse o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, em entrevista à CNN.
O empresário Otávio Fakhoury também se manifestou. "Estamos na China. Fomos censurados como queriam. Um dos objetivos desse inquérito é censurar e intimidar pessoas ligadasà direita brasileira", disse.
O empresário Luciano Hang se pronunciou por meio de nota. "Recebi com surpresa o bloqueio das minhas redes sociais. Reforço que jamais atentei contra o STF (Supremo Tribunal Federal). Acredito na democracia e que ela só existe através da plena liberdade de expressão, garantida pela Constituição Federal. Todos têm o direito de expressar opiniões individuais. Para construirmos um país cada vez melhor é necessário discutir ideias e manter o debate aberto para toda a sociedade. Isso é o que eu sempre defendi."
Reynaldo Bianchi Júnior negou que financie fake news. "Em primeiro lugar, fui acusado de financiador de fake news, o que JAMAIS provaram e que NUNCA fui. Em todo o processo, não existe NENHUMA prova contra mim. Essa decisão mostra o autoritarismo, ativismo judiciário e destruição da democracia, realizado por alguns ministros do STF. A sociedade é completamente contra esses atos!"
"Eu, Sara Winter, encaro isso realmente como uma censura a todos os apoiadores do presidente Bolsonaro", disse Sara Giromini. Por meio de nota, sua defesa disse que "denunciará aos organismos internacionais de direitos humanos a grave ofensa à liberdade de expressão, direitos e garantias fundamentais".
Marcelo Stachin disse que jamais fez citações que atacassem quaisquer das instituições. "Sempre defendi a liberdade delas, e que todas possam atuar em conjunto para benefício do nosso país. Acredito que o Inquérito das Fake News bem com a PL 2630 poderá destruir nossa liberdade, ou o que ainda resta dela. E isso inclui não somente os apoiadores do Presidente Bolsonaro mas a própria imprensa. Hoje somos nós os conservadores, da direita, os bolsonaristas, mas amanhã, serão os outros milhões que iro perder seu direito à livre opinião. A atuação do STF através do grotesco e inconstitucional Inquérito, é a maior demonstração da ditadura no judiciário brasileiro contra a nossa nação!"
Edson Pires Salomão também acredita ser alvo de censura. "Hoje foi institucionalizado o crime de opinião", afirmou." Foi declarada a censura aos conservadores por meio de uma decisão do STF."
Bernardo Küster manifestou-se por meio de nota de seus advogados. Sua defesa classificou a decisão como censura e disse que ela viola a Constituição, o Marco Civil da Internet, a Convenção Americana de Direitos Humanos e a Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão. "Todas as medidas serão tomadas dentro e fora do país, manifestado, outrossim, nosso mais absoluto repúdio a qualquer espécie de censura e intimidação do jornalista pelas autoridades brasileiras", disse, em nota.
Rafael Moreno disse que a conduta desrespeita a Constituição e que a atuação do STF está sendo "ditatorial". "Esta~o nos amordac¸ando e querendo suprimir os movimentos a favor do Presidente Bolsonaro e o avanc¸o do conservadorismo. Um atitude execra´vel e infame, que mostra a face perversa do Politicamente Correto. Continuarei lutando para que seja extirpado a mordac¸a que nos querem impor, pore´m comigo na~o acontecera´", afirmou, em nota.
Edgard Gomes Corona não vai se manifestar no momento.
(CNN, em Brasília)
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