Confundidos com milicianos, turistas paraenses são sequestrados e torturados por traficantes na Rocinha

 

Caso ocorreu na madrugada deste sábado e foi registrado na 11ª DP (Rocinha)
Caso ocorreu na madrugada deste sábado e foi registrado na 11ª DP (Rocinha)

RIO — Dois turistas paraenses foram sequestrados e torturados por traficantes armados da Rocinha na madrugada deste sábado, após serem confundidos com milicianos. Segundo a Polícia Militar, eles foram resgatados por agentes da UPP local na manhã deste sábado, após receberem a denúncia das vítimas.

Acompanhados por outros quatro amigos de Belém — que não foram levados pelo criminosos — eles foram abordados pelos traficantes enquanto curtiam um pagode num bar na comunidade. Após o crime, eles foram encaminhados por policiais ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, no fim da madrugada, sendo liberados por volta de 7h. Os dois passam bem.

Os turistas estão hospedados em Copacabana. Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, contou que eles viram o evento nas redes sociais e, por isso, acharam que o local era seria seguro e decidiram ir, chegando lá por volta de 1h. Cerca de uma hora depois, cinco traficantes armados os abordaram, os obrigando a ir até uma espécie de cativeiro dentro de uma casa no alto da comunidade.

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*CONFIRA* o depoimento das vítimas do sequestro que foram libertadas por policiais da #UPPRocinha, nesta manhã.

— Foram cerca de duas horas de tortura. Eles nos davam socos nas costas, no peito e no rosto, enquanto nos ameaçavam de morte. Diziam que estavam esperando o dono do morro chegar para decidir o que fazer com a gente. Mas, quando o dono chegou, ele entendeu que não éramos milicianos e nos liberou. Disse ainda para pedirmos ajuda na UPP da Rocinha — detalhou.

Retorno antecipado

Após serem liberados pelos bandidos, eles procuraram os policiais, que os levaram ao hospital. Ainda segundo a vítima, o trauma fez com que o retorno para Belém, programado para terça-feira, fosse antecipado para hoje.

— Vamos ainda nessa tarde ao aeroporto procurar uma passagem para voltarmos para casa logo. Não existe mais clima para continuar aqui — lamentou o turista, por volta de 12h, enquanto aguardava na 11ª DP (Rocinha) para registrar a ocorrência. Até as 16h, eles ainda estavam na delegacia prestando depoimento aos policiais.

Num vídeo divulgado neste sábado no twitter da PM, a vítima agradeceu o apoio dos agentes:

"Somos do Belém do Pará e viemos aqui pro Rio. Fomos a um pagode na Rocinha e acabamos sendo confundidos com milicianos. Nos levaram pra cima da Rocinha e lá fomos torturados. Agradecemos a intervenção da Polícia Militar, que conseguiu trazer a gente pro hospital", disse ele, ao lado de seu amigo também torturado, em frente ao Miguel Couto.

Por nota, a PM informa que, após a denúncia, os policiais fizeram uma ação de varredura na comunidade e resgatou os quatro turistas que conseguiram fugir. Confirma ainda que todos os seis foram encaminhados para a 11ª DP para registro de ocorrência.

Memória

Em outubro de 2017, a turista espanhola Maria Esperanza Ruiz Jimenez, de 67 anos, morreu após ser baleada na Rocinha. Na ocasião, a PM informou que o carro no qual ela estava furou um bloqueio feito pelos policiais e, por isso, os agentes fizeram disparos contra o veículo.

Em depoimento à polícia na época, o motorista do veículo, um italiano que vivia no Brasil desde 2013, negou ter recebido qualquer ordem para parar e disse que não notou qualquer barreira policial ou tiroteio. A PM informou que só constatou se tratar de uma turista após abordar o carro. Segundo testemunhas, nove tiros foram ouvidos.

Maria Esperanza foi atingida no pescoço e chegou a ser socorrida, mas morreu antes de chegar ao Hospital Miguel Couto. Cinco pessoas estavam no carro, sendo três espanhóis, uma guia brasileira e o motorista italiano. Apenas Maria foi atingida.Fonte Extra on Line

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