Milicianos da Baixada Fluminense e da Zona Oeste se uniram para invadir favelas no Rio

 

Milicianos da Baixada durante a invasão da favela de Antares Foto: Divulgação/Polícia Civil

Paramilitares de várias partes do estado se uniram para auxiliar a maior milícia do Rio, que tem sua base na Zona Oeste, a expandir seus domínios. Fotos e mensagens encontradas por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) em celulares de integrantes da milícia de Queimados revelam a participação do bando em várias disputas entre a quadrilha de Wellington da Silva Braga, o Ecko, e a maior facção do tráfico do Rio desde 2018.

Os paramilitares de Queimados ajudaram a milícia a invadir as favelas da Praça Seca, na Zona Norte, de Antares, na Zona Oeste, e Grão Pará, em Nova Iguaçu. Numa das fotos encontradas pela polícia, Victor Valladares Silva, apontado como um dos chefes da milícia de Queimados, aparece vestido com uma farda camuflada semelhante à usada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) e um fuzil com outros dois integrantes do grupo. Segundo a polícia, a foto foi tirada na favela de Antares — que era dominada pelo tráfico e foi tomada pelo bando de Ecko em meados de 2018Valladares foi identificado pela Delegacia Antissequestro (DAS) como um dos responsáveis pelo sequestro e pela execução de Márcio de Oliveira Caroba da Silva, o Larraia, chefe do tráfico do Morro Azul, no Flamengo. Larraia foi capturado pelos paramilitares em 30 de junho, quando visitava parentes em Queimados. Antes de matá-lo, a milícia tentou negociar um resgate com uma irmã do traficante, que mora na Suíça.

 Disque Denúncia pede informações sobre chefes da milícia de Queimados

O trato entre as milícias da Zona Oeste e da Baixada prevê auxílio mútuo: Ecko envia reforços para Queimados para que a milícia local aumente o controle sobre o território e, em troca, os paramilitares da Baixada precisam fornecer homens e fuzis em casos de invasões que interessam a Ecko. Em Queimados, já é possível notar o resultado da parceria: em agosto, dois milicianos de Campo Grande, na Zona Oeste, foram presos em Queimados por agentes da distrital do município, a 55ª DP.

A Polícia Civil já percebeu a existência de acordos parecidos fechados por Ecko e milicianos de outras partes da Baixada, como Nova Iguaçu e Queimados.

Aliança com Ecko

A aliança com Ecko não foi bem recebida por todos os integrantes da milícia de Queimados. Jorgimar Bonifácio Machado, o Duim, outro chefe do grupo, não apoiava o acordo. Ele não concordava com o uso de fuzis da própria milícia de Queimados quando os paramilitares auxiliavam Ecko na tomada de territórios.

Foto de Larraia foi enviada à família pelos sequestradores
Foto de Larraia foi enviada à família pelos sequestradores Foto: Reprodução

Três homens acusados pelo sequestro de Larraia já foram presos pela DAS: Marcos Toledo, Robson Rodogério Mathias, o Magu, e Sandro do Amaral Pinto — todos integrantes da milícia de Queimados, segundo a DAS. As prisões foram feitas com auxílio do Disque Denúncia e da DHBF, que já investigava o bando. Valladares e Duim, os dois chefes da milícia, estão foragidos. O inquérito segue em andamento para apurar a participação de policiais no crime. O corpo não foi encontrado até hoje.

 

Fonte:Extra o Globo

Postar um comentário

0 Comentários