O novo secretário de Polícia Civil, o delegado Allan Turnowski, de 50 anos, não é estreante no comando da corporação. Antes da existência da secretaria, ele ocupou o mais alto cargo da instituição como chefe de Polícia Civil, entre 2009 e 2011. Turnowski foi escolhido pelo governador em exercício Cláudio Castro, que também fez mais três substituições de cargos em secretarias estaduais, na tarde desta segunda-feira. O novo secretário afirmou ao EXTRA que sua administração dará ênfase aos crimes que afetam mais o dia a dia da população, como roubos de celulares e em coletivos, mas que não deixará em segundo plano as grandes operações para prisão de quadrilhas de traficantes e milicianos.
Turnowski, há 24 anos na Polícia Civil, retornou à corporação, no ano passado, quando Wilson Witzel assumiu o governo do estado. Ele assumiu o cargo de diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital. O delegado havia saído da corporação em fevereiro de 2011, quando foi indiciado pela Polícia Federal, acusado de violação de sigilo funcional. Segundo o ex-chefe de Polícia Civil, o caso foi arquivado pelo Ministério Público do Rio. O fato ocorreu em novembro de 2010, durante a ocupação do Complexo do Alemão pelas polícias Civil e Militar, com o apoio dos blindados da Marinha.
O então chefe de Polícia Civil recebeu uma ligação do então secretário de Seguraça, o delegado da Polícia Federal José Mariano Beltrame, reclamando que uma das equipes da Polícia Civil, que participava da retomada do Alemão, não havia apresentado um preso à 22ª DP (Penha). Na época, a delegacia concentrava os registros relativos à operação. Beltrame teria sido avisado sobre o episódio pela PF, porque a instituição monitorava um dos agentes da Polícia Civil envolvidos na ocorrência.Tratava-se de um inspetor que, mais tarde, foi denunciado por integrar uma milícia em Ramos.
As investigações faziam parte da Operação Guilhotina da Polícia Federal, ação que visava prender policiais civis e militares com ligações com a milícia e contravenção. Quando Turnowski determinou que o inspetor levasse o preso à delegacia, ficou claro que havia um monitoramento do agente.
— A retomada do Alemão foi uma das operações que mais me trouxe orgulho por ter participado, mas, infelizmente, houve esse mal-entendido. Este indiciamento pelo suposto vazamento foi precipitado, tanto que houve o arquivamento do inquérito por parte dos promotores, sendo, posteriormente, ratificado pelos procuradores do Ministério Público estadual. Não há nada contra mim. Eu nem sabia da existência da Operação Guilhotina da Polícia Federal. Não fui sequer ouvido, quanto mais investigado neste caso — explica Turnowski.
O novo secretário de Polícia Civil diz que quer passar uma "borracha no mal-entendido". Logo depois que o inquérito foi arquivado, ele passou oito ano fora da Polícia Civil, emprestado à Cedae. Ao retornar em 2019, percebeu que a maioria das reclamações de quem procurava os serviços da polícia era sobre roubos comuns.
— A minha prioridade será atacar mais os crimes de rua. São os roubos de celular e de carros, além dos assaltos em coletivos. A polícia, muitas vezes, se preocupa em fazer grandes operações em favelas, mas se esquece de combater os roubos comuns, por achar que são menos importantes, mas não são. É isso que traz a sensação de insegurança. Falta um equilíbrio entre as ações. É isso que quero empregar na minha administração — afirma o delegado.
Outra medida que será adotada será o combate às milícias:
— O direito de ir e vir das pessoas, seja em territórios dominados por milicianos e traficantes precisa ser garantido. Vamos estudar e adaptar as ações de inteligência da Polícia Civil, sempre com muita investigação — diz Turnowski. — Não deixaremos de seguir os rastro do dinheiro das quadrilhas. O Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil continuará a atuar com força total. Vamos aparelhá-lo mais ainda. As polícias do mundo todo buscam o combate à corrupção. Essa será também a nossa meta — conclui o ex-chefe de Polícia Civil.
Turnowski substituiu o delegado Flávio
Brito, que estava desde junho no cargo. O novo secretário de Polícia
Civil recebeu, em agosto do ano passado, a Medalha Tiradentes das mãos
do deputado estaual Anderson Moraes (PSL).Fonte:Extra
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