Policial e ex-fuzileiro foram mortos por “milícia de sargento” em Barra do Jacuípe, apontam amigos

 

O soldado Ítalo de Andrade Pessoa, 27 anos, e o ex-fuzileiro naval Cleverson Santos Ribeiro, 29, foram mortos na última sexta-feira (11/09), em Barra do Jacuípe, que fica na Costa de Camaçari. O duplo homicídio teria ocorrido no período matutino, entre 10h30 e 11h, no condomínio Moradas do Jacuípe, que fica na Estrada Velha de Jacuípe, ao lado de Monte Gordo. Porém, as mortes só foram confirmadas pela Polícia Civil às 14h40O policial foi enterrado na tarde deste domingo (13/09), no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. Após o sepultamento, amigos e familiares das duas vítimas fizeram uma carreata na Avenida Paralela e pedem a elucidação do caso.o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar (DCS-PM) relatou que “por volta das 10h50, policiais militares da 59ª CIPM foram informados através de denúncia, que algumas pessoas foram atingidas por disparos de arma de fogo” e “ no local, a guarnição da PM constatou que uma das vítimas atingidas era um soldado da Polícia Militar, lotado na 14ª CIPM/ Lobato. O militar não resistiu aos ferimentos”.

O comunicado oficial diz ainda que “o outro ferido foi socorrido pelos profissionais da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral de Camaçari”. Posteriormente, também foi confirmado o óbito.

Milícia, assassinatos e terras

Andrade e Cleverson teriam sido mortos por uma quadrilha de milicianos composta por dois tenentes, um sargento e soldados da Polícia Militar, além de diversos vigilantes. Os bandidos, envolvidos em segurança clandestina e roubo de terras, seriam da ativa e também da reserva da corporação. Há, inclusive, diversas denúncias contra a quadrilha na 33ª Delegacia Territorial de Monte Gordo. O grupo também atua em Simões Filho e no centro de Camaçari.

amigos das vítimas e teve acesse a uma denúncia compartilhada nas redes sociais. O “relatório não oficial” aponta detalhes do caso e diz que seis bandidos, entre eles um sargento e um soldado reformados, participaram dos assassinatos. Existe ainda a suspeita que um tenente da PM envolvido em roubo de carros fez parte da investida criminosa. Duas guarnições da 59ª CIPM atenderam a ocorrência.

O documento diz que as duas vítimas e mais um amigo estiveram na localidade para verificar um imóvel adquirido recentemente e que havia sido invadido por milicianos, conforme informado pelo vendedor. Além disso, uma mulher que seria filha do sargento/chefe da quadrilha, colocou um homem para morar na casa.

Na residência, aponta uma testemunha no relatório, o invasor “recepcionou todos bem, abrindo o portão e oferecendo um copo de água, explicou que estava lá pagando aluguel”. Em seguida, o mesmo realizou “uma ligação e logo após chegaram ao local dois veículos” com seis homens. Os marginais entraram no terreno armados e um deles se identificou como policial, assim como Andrade.

Ainda conforme o relatório, o sargento reformado perguntou se Andrade estava armado e o obrigou a colocar as mãos para cima. Após responder que sim, os milicianos dispararam tiros contra Andrade e Cleverson, que caíram ao solo no terreno. “Ainda vivos foram arrastados para dentro da casa e cerca de 10 minutos após o crime, a primeira guarnição do PETO da 59ª chegou ao local, ainda com os autores do crime no local”, descreve o documento.

“Ao perceber que um dos baleados era de fato policial, a testemunha ouviu um dos integrantes da guarnição falar: ‘já fez a merda, agora finaliza’. A identidade funcional de Andrade estava em seu bolso, foi colocada no carro do mesmo após a guarnição quebrar o vidro do carro e jogar dentro, com o intuito de alegarem que Andrade estava sem identificação”, acrescenta.

Ainda segundo o relatório, a guarnição da PM e os milicianos “começaram a maquiar o cenário, cortando cadeados, danificando portas e realizando disparos de faixada. Correntes de ouro e celulares foram furtados das vítimas. Nenhuma arma foi furtada. Os disparos ocorreram por volta das 11h, a guarnição que chegou NÃO PRESTOU SOCORRO aos baleados que ainda estavam vivos, sendo solicitado a SAMU só após os autores terem evadido do local’, diz trecho. Andrade teria pedido socorro aos colegas de farda, que ignoraram e não levaram o trabalhador para o hospital.

“As vidas das vítimas poderiam ter sido salvas, porém essa chance foi negada pela primeira guarnição que RECUSOU o socorro. O SD PM Andrade, assim como Cleverson pediam socorro e a resposta da guarnição e milícia foi derramar uma garrafa de água na boca das vítimas”, denuncia a testemunha, que “presenciou todo o desenrolar da ação” e somente sobreviveu porque afirmou ser primo de um cabo lotado na 59 CIPM.

A testemunha ainda foi algemada pelos bandidos e entregue aos policiais. Em seguida, já na viatura, os policiais “fizeram inúmeras ameaças assim como coagiram a testemunha a mudar a versão dos fatos. No momento, a testemunha concordou, mas após se sentir em segurança relatou toda verdade dos fatos”.

O documento também afirma que policiais da segunda guarnição visualizou o momento em que o tenente, que é lotado na 31 CIPM, estava na estrada, provavelmente, fugindo do local do crime. As polícias Civil e Militar investigam o caso.FONTE:Informe Baiano


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