O comunicado oficial diz ainda que “o outro ferido foi socorrido pelos profissionais da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral de Camaçari”. Posteriormente, também foi confirmado o óbito.
Milícia, assassinatos e terras
Andrade e Cleverson teriam sido mortos por uma quadrilha de milicianos composta por dois tenentes, um sargento e soldados da Polícia Militar, além de diversos vigilantes. Os bandidos, envolvidos em segurança clandestina e roubo de terras, seriam da ativa e também da reserva da corporação. Há, inclusive, diversas denúncias contra a quadrilha na 33ª Delegacia Territorial de Monte Gordo. O grupo também atua em Simões Filho e no centro de Camaçari.
amigos das vítimas e teve acesse a uma denúncia compartilhada nas redes sociais. O “relatório não oficial” aponta detalhes do caso e diz que seis bandidos, entre eles um sargento e um soldado reformados, participaram dos assassinatos. Existe ainda a suspeita que um tenente da PM envolvido em roubo de carros fez parte da investida criminosa. Duas guarnições da 59ª CIPM atenderam a ocorrência.
O documento diz que as duas vítimas e mais um amigo estiveram na localidade para verificar um imóvel adquirido recentemente e que havia sido invadido por milicianos, conforme informado pelo vendedor. Além disso, uma mulher que seria filha do sargento/chefe da quadrilha, colocou um homem para morar na casa.
Na residência, aponta uma testemunha no relatório, o invasor “recepcionou todos bem, abrindo o portão e oferecendo um copo de água, explicou que estava lá pagando aluguel”. Em seguida, o mesmo realizou “uma ligação e logo após chegaram ao local dois veículos” com seis homens. Os marginais entraram no terreno armados e um deles se identificou como policial, assim como Andrade.
Ainda conforme o relatório, o sargento reformado perguntou se Andrade estava armado e o obrigou a colocar as mãos para cima. Após responder que sim, os milicianos dispararam tiros contra Andrade e Cleverson, que caíram ao solo no terreno. “Ainda vivos foram arrastados para dentro da casa e cerca de 10 minutos após o crime, a primeira guarnição do PETO da 59ª chegou ao local, ainda com os autores do crime no local”, descreve o documento.
“Ao perceber que um dos baleados era de fato policial, a testemunha ouviu um dos integrantes da guarnição falar: ‘já fez a merda, agora finaliza’. A identidade funcional de Andrade estava em seu bolso, foi colocada no carro do mesmo após a guarnição quebrar o vidro do carro e jogar dentro, com o intuito de alegarem que Andrade estava sem identificação”, acrescenta.
Ainda segundo o relatório, a guarnição da PM e os milicianos “começaram a maquiar o cenário, cortando cadeados, danificando portas e realizando disparos de faixada. Correntes de ouro e celulares foram furtados das vítimas. Nenhuma arma foi furtada. Os disparos ocorreram por volta das 11h, a guarnição que chegou NÃO PRESTOU SOCORRO aos baleados que ainda estavam vivos, sendo solicitado a SAMU só após os autores terem evadido do local’, diz trecho. Andrade teria pedido socorro aos colegas de farda, que ignoraram e não levaram o trabalhador para o hospital.
“As vidas das vítimas poderiam ter sido salvas, porém essa chance foi negada pela primeira guarnição que RECUSOU o socorro. O SD PM Andrade, assim como Cleverson pediam socorro e a resposta da guarnição e milícia foi derramar uma garrafa de água na boca das vítimas”, denuncia a testemunha, que “presenciou todo o desenrolar da ação” e somente sobreviveu porque afirmou ser primo de um cabo lotado na 59 CIPM.
A testemunha ainda foi algemada pelos bandidos e entregue aos policiais. Em seguida, já na viatura, os policiais “fizeram inúmeras ameaças assim como coagiram a testemunha a mudar a versão dos fatos. No momento, a testemunha concordou, mas após se sentir em segurança relatou toda verdade dos fatos”.
O documento também afirma que policiais da segunda guarnição
visualizou o momento em que o tenente, que é lotado na 31 CIPM, estava
na estrada, provavelmente, fugindo do local do crime. As polícias Civil e
Militar investigam o caso.FONTE:Informe Baiano
0 Comentários