Pastor candidato a vereador preso no Rio se diz vítima de perseguição, e mulher o defende: ‘Justiça de Deus vai prevalecer’

 

O pastor Elisamar Miranda concorria a uma vaga na Câmara Municipal de Belford Roxo pelo PDT
O pastor Elisamar Miranda concorria a uma vaga na Câmara Municipal de Belford Roxo pelo PDT Foto: Reprodução/TV Globo

Preso nesta quinta-feira, 29, numa operação conjunta da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) com o Ministério Público do Rio de Janeiro, o pastor e candidato a vereador em Belford Roxo Elisamar Miranda Joaquim, apontado como atual chefe do tráfico no Complexo do Roseiral, é irmão de Eliezer Miranda Joaquim, conhecido como Criam, preso no ano passado. Segundo as investigações, Criam continua no comando do Roseiral mesmo de dentro da cadeia, mas colocou Elisamar para administrar o tráfico e os condomínios na área. Um dos avos da Operação Itália, Elisamar concorria a uma vaga na Câmara Municipal de Belford Roxo pelo PDT. 

Na noite desta quinta-feira, a mulher de Elisamar, a pastora Alessandra, postou um vídeo no perfil oficial do marido para defendê-lo. “Estamos juntos há 17 anos. Pastor Elisamar é um homem íntegro, e a justiça de Deus é que vai prevalecer”.

Um texto postado na rede social como se o próprio Elisamar tivesse escrito diz que ele está sendo vítima de perseguição política por 'incomodar' adversários: "Um pequeno desabafo da minha esposa, juntamente com amigos e companheiros de trabalho, ressaltam que, por trás da figura de um candidato que está incomodando, existe um ser humano, amigo, pai, marido e, acima de tudo, um HOMEM TEMENTE A DEUS".Em março deste ano, o braço direito de Criam, Cremilson Almeida de Souza, conhecido como Coroa, foi preso — contra ele, existiam 18 mandados de prisão, sendo alguns pelos homicídios de dois policiais militares e um bombeiro.Ainda de acordo com as investigações, depois que Coroa foi pego, Criam resolveu mudar a administração do tráfico de drogas e dos condomínios da região, colocando o próprio irmão na liderança. O plano de eleger Elisamar como vereador em Belford Roxo era uma estratégia de Criam e da facção criminosa a qual pertencem, a maior do Estado do Rio, com objetivo de ter uma maior penetração e influência nas instituições públicas — Criam é apontado como uma das lideranças dessa facção em Belford Roxo. Denúncias indicam que o grupo usava toda a estrutura da associação criminosa para angariar votos, além de ameaçar e oprimir outros candidatos de fazerem campanha na região.

Elisamar Miranda Joaquim foi preso nesta quinta-feira, 29
Elisamar Miranda Joaquim foi preso nesta quinta-feira, 29 Foto: Reprodução

Bando adotava táticas de milícia

A Operação Itália cumpriu dez mandados de prisão preventiva e 61 mandados de busca e apreensão. A decisão foi proferida pelo juízo da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo. Ao todo, foram indiciadas e denunciadas 24 pessoas pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e constituição de milícia privada, contra os quais foram expedidos mandados de busca e apreensão. A operação foi feita em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MPRJ.

Na operação desta quinta-feira, 29 foram persos ainda Ronaldo Lisboa Azevedo, conhecido como Gordinho; Jonata Gomes da Silva, chamado de Tobinha ou Paraíba; e Leone da Silva Souza, que compõem o grupo principal de denunciados, pelas funções de relevância que exerciam.

Conforme as investigações da DHC, além de comandar o tráfico de drogas do Complexo do Roseiral, o grupo passou a desempenhar atividades típicas de milícia na região. Eles extorquem comerciantes, monopolizam a venda de cestas básicas, água e gás, cobram taxa a motoristas de vans para que possam circular livremente pela localidade e, principalmente, exploram os moradores de conjuntos habitacionais, mediante a indicação dos síndicos dos condomínios e a cobrança de taxas aos moradores. Caso eles não pagassem, tinham o fornecimentos de água suspenso e poderiam até ser expulsos de suas propriedades.

A ação da organização criminosa foi descoberta por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, quando foi possível identificar o modo de atuação do grupo, que incluía a prática de extorsões e ameaças, além de desvendar a hierarquia de funcionamento da organização, com a identificação das funções exercidas por cada um dos integrantes do grupo

 

Fonte:Extra O Globo

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