Filha de motorista morto por PM em Niterói ainda não sabe da morte do pai

 

Mulher corre para socorrer o marido baleado e caído no chão, após ser atingido por PM
Mulher corre para socorrer o marido baleado e caído no chão, após ser atingido por PM Foto: Reprodução

"Estou perdida, sem chão". O desabafo é da auxiliar de enfermagem Hellen Cristina do Nascimento, viúva do motorista de aplicativo Diego Soares Barone Sampaio, morto por um PM durante uma discussão num posto de combustíveis em Pendotiba, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ao tentar defender a mulher numa desavença com o policial, a vítima acabou baleada duas vezes. Diego deixa uma filha de 8 anos, que não sabe sobre a morte do pai.

— Minha filha tem 8 anos. Vou falar o que para ela? Não sei, não sei, não sei nem por onde começar. Não tinha necessidade de uma pessoa, sendo policial, tirar a vida de uma outra pessoa assim, a troco de nada — lamentou.

A confusão no posto começou quando Hellen presenciou uma discussão entre um frentista e o policial militar Giovani Peçanha de Athaíde. Ao tentar acalmar os ânimos, a auxiliar de enfermagem conta ter sido ofendida pelo PM, que estava armado.

— Eu falei que ele não tem necessidade de estar xingando. Eu saí de dentro do carro. Só que eu não vi que ele estava armado.

Nesse momento, segundo relato de Hellen, Diego também saiu do veículo para defendê-la e acabou atingido. Depois que caiu no chão, foi baleado pela segunda vez.

— Não teve nem chance de [o Diego] se defender, porque ele já saiu atirando — disse a auxiliar de enfermagem.

Imagens de uma câmera de segurança mostram toda a ação. Diego foi baleado na barriga, chegou a ser levado para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, mas não resistiu.

Policial não foi preso

Por nota, a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) disse que "instaurou inquérito para apurar a morte de um motorista de aplicativo em um posto de gasolina, em Niterói. A perícia foi feita no local, testemunhas serão ouvidas e as investigações estão em andamento".

Questionada sobre o motivo da liberação do atirador, a Polícia Civil informou que "foi considerada a tese de que agiu em legítima defesa, o mesmo se apresentou espontaneamente e está contribuindo com as investigações".

A Polícia Militar informou que abriu um procedimento interno para apurar os fatos. O policial militar Giovani Peçanha de Athaíde foi ouvido pela 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar e liberado. Ele alega que o motorista de aplicativo tinha intenção de agredi-lo e esse foi o motivo dos disparos.

"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na noite de terça-feira (17/11), equipe policial do 12ºBPM (Niterói) foi acionada para verificar ocorrência em um posto de combustíveis em Pendotiba, no município de Niterói. No local indicado, uma equipe do Corpo de Bombeiros estava prestando atendimento a uma vítima de disparo de arma de fogo.

Um policial militar apresentou-se à guarnição. Segundo narrado pelo policial militar, houve um desentendimento entre ele e a pessoa ferida, que era condutor de um outro veículo. O motorista desembarcou do carro na intenção de agredir o policial. A ordem de parada dada foi desrespeitada. O policial realizou disparo de arma de fogo na intenção de conter a situação.

Além da ocorrência registrada na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), em paralelo, a 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar ouviu o policial. Ele foi liberado. Um procedimento apuratório interno foi instaurado para averiguar o fato".

 

Fonte;extra

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