Três agentes condenados pela chacina de Costa Barros, na Zona Norte do Rio, foram expulsos da Polícia Militar do Rio. As exclusões acontecem às vésperas do crime completar cinco anos, neste sábado. Os então soldados Thiago Resende Viana Barbosa, Antônio Carlos Gonçalves Filho e o sargento Marcio Darcy Alves dos Santos foram condenados pela Justiça a 52 anos de prisão pelos assassinatos de cinco jovens. Os amigos estavam voltando, num Palio branco, da comemoração pelo primeiro emprego de um deles e foram fuzilados dentro do veículo quando chegavam na favela. Os PMs, lotados à época do 41º BPM (Costa Barros) ainda alteraram a cena do crime, ao apresentar um revólver quebrado à Polícia Civil, alegando que um dos jovens havia atirado contra a patrulha.
De acordo com a conclusão do processo administrativo aberto pela PM para avaliar a conduta dos agentes, os três, "com sua desastrosa ação, contribuíram para que houvesse esse gravoso fato, na medida em que, ao não agirem em conformidade com as normatizações internas para emprego de policiamento e deram azo para que fossem acusados do extermínio de cinco indivíduos, além de terem permitido a violação do local do crime". Como não são mais policiais, os três foram transferidos da Unidade Prisional da PM para o Complexo de Gericinó, onde já estão compartilhando celas com outros presos civis.
Um quarto policial que também integrava a patrulha, o cabo Fabio Pizza Oliveira, foi absolvido pelo júri popular, está solto e segue na corporação. A defesa do agente alegou que ele não fez disparos na noite do crime. No entanto, o laudo de confronto balístico elaborado pela Polícia Civil apontou que cinco projéteis encontrados no Pálio foram disparados pela pistola que o cabo portava. O Ministerio Público recorreu da decisão.
Os cinco amigos que estavam no Palio naquela noite e foram mortos são Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, Carlos Eduardo Silva de Souza, de 16, Wesley Castro Rodrigues, de 25, Roberto Silva de Souza, o Betinho, de 16, e Cleiton Corrêa de Souza, de 18. Joselita de Souza, mãe de Roberto, morreu em julho de 2016. Segundo parentes, a cabeleireira não suportou a morte do filho, entrou em depressão profunda e morreu de tristeza.
Em seus depoimentos à Polícia Civil e à Justiça, todos os quatro PMs acusados das mortes afirmaram que o carona do veículo, Wesley, atirou contra eles. Os quatro também alegam que a arma foi encontrada no chão, ao lado do Palio onde as vítimas foram fuziladas.
No entanto, nenhum dos estojos ou projéteis encontrados na cena do crime foram disparados pelo revólver, segundo o laudo de confronto balístico realizado pela Polícia Civil. Na delegacia, os policiais ainda afirmaram que retiraram a arma do local do crime porque “não sabiam da necessidade de deixá-la no local”.
Ao todo, 21 projéteis ou estojos decorrentes de disparos feitos pelos quatro agentes foram encontrados na cena do crime: três no corpo de uma das vítimas, Cleiton ; sete dentro do carro; e 11 próximas ao local. Os exames de necrópsia mostram que, dos 40 disparos que acertaram os jovens, 21 os atingiram nas costas.
Um vídeo feito por uma câmera de segurança no local e revelado pelo EXTRA mostra que um dos PMs — o soldado Resende — tapou uma câmera de segurança próxima ao local dos homicídios poucos minutos antes dos crimes. O aparelho, entretanto, chegou a filmar os agentes colocando dentro de uma viatura engradados de cerveja que haviam sido roubados pouco antes do local
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