Desembargadoras do Tribunal de Justiça da Bahia foram presasDe acordo com a decisão, a investigação aponta que, em fevereiro
deste ano, uma assessora de Lígia Maria recebeu a visita da
desembargadora, em casa, porque ela estaria preocupada com o acordo de
delação premiada do advogado Júlio César Cavalcanti, um dos
investigados. A colaboração trouxe detalhes que a operação até então não
sabia, o que foi separado em 25 anexos. Júlio contou, por exemplo, que,
somente ele, negociou 30 decisões judiciais. Isso sem contar os
interesses de outros advogados.
Ao visitar a funcionária, Lígia queria se certificar de que
conseguiria apagar a lista de processos para os quais havia pedido
prioridade por se tratar de interesse do grupo criminoso. A
desembargadora pediu que a assessora apagasse as informações e depois
enviasse uma mensagem cifrada dizendo "já fui ao mercado", para
confirmar. Atendendo à determinação, a assessora prosseguiu com uma
mensagem que dizia "já fui ao mercado. Vou me arrumar e vou ao trabalho,
dra. Comprei tudo!". A investigação também descobriu que Lígia chegou a
votar ao contrário do pedido apresentado pelos interessados para
disfarçar sua participação no esquema.
Ilona Márcia, por sua vez, passou a se afastar dos processos que
abasteciam a propina porque teria ficado preocupada com os avanços da
investigação. Ela teria deixado de receber a segunda parte de um dos
acordos, no valor de R$ 500 mil reais, para evitar deixar pistas. Antes,
de acordo com a investigação, a desembargadora garantiu a primeira
parcela de R$ 200 mil, pagamento que se deu no estacionamento do
Salvador Shopping.
Outros alvos
A
justiça também autorizou a prisão preventiva, portanto sem tempo para
acabar, de um homem identificado como Ronilson Pires de Carvalho. Ele
está foragido, mas a investigação descobriu que movimentou R$ 11 milhões
em suas contas, entre setembro de 2018 e 2019.
Assim como as desembargadoras, o secretário de segurança pública da
Bahia, Maurício Barbosa, também investigado, foi afastado do cargo. De
acordo com a investigação, ele teria simulado operações policiais. A
Procuradoria requereu a prisão dele, mas a justiça não concedeu.
Maurício Barbosa é homem de confiança do governo Rui Costa.
Entre os alvos de busca e apreensão, aparece ainda a ex-cantora da
Timbalada, Amanda Santiago, filha da desembargadora Maria do Socorro
Barreto Santiago, que foi presa na fase anterior da operação, em
novembro.
A CNN tentou contato com as pessoas investigadas e
ainda não obteve retorno. Em nota, o TJ-BA informou que foi surpreendido
com a ação.
Fonte:CNN
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