No lugar de respeitar um protesto contra à sua gestão, o prefeito de cidade de Barra do Mendes, na Chapada Diamantina, Armênio Sodré Nunes, conhecido como Galego (MDB), optou por chicotear os moradores na noite desta sexta-feira (5). Ele atacou três mulheres de um grupo que cobrava em sua porta a aplicação dos recursos públicos destinados ao combate à covid-19. Os manifestantes alegavam que governo fereral enviou R$ 1,6 milhão.para a compra de respiradores, mas a cidade sequer tem um dos equipamentos.
Vídeos registraram toda a situação. Um deles mostra o
momento que em o prefeito Armênio Sodré chega num carro, desce e ataca
os manifestantes, que já estavam sentados num batente na porta de sua
residência. Na imagem é possível ver quando ele chicoteia a comerciante
Simone Souza Feitosa de Almeida, 47 anos. Numa outra imagem, Simone
aparece com a mão sangrando e dizendo: “ O prefeito de Barra do Mendes
desceu do carro e tirou sangue de mim”. Além da agressão, as vítimas
acusam o prefeito de jogar o carro contra os manifestantes.
Além de Simone, outras duas mulheres foram agredidas, sendo chicoteadas
nas mãos e pernas. As vítimas foram atendidas no hospital da cidade no
mesmo dia. Na manhã deste sábado, elas foram ouvidas na delegacia da
cidade vizinha, em Irecê, pois o único delegado de Barra de Mendes está
afastado por causa da covid-19.
“Incialmente estamos fazendo o boletim de ocorrência e corpo de delito. Simone ver, conforme a agressão, lesão corporal grave e uma tentativa de homicídio, já que ele avançou o carro em cima dos manifestantes”, disse a advogada da comerciante, Ellen Brito Costa.
A Polícia Civil informou, por meio de nota, que a
" unidade expediu a guia para exame de corpo de delito e vai iniciar a
apuração". O CORREIO vem tentando falar com o prefeito de Barra do
Mendes, mas sem sucesso.
Investigado por irregularidades em sua
administração pelo Ministério Público do Estado (MP-BA) – leia abaixo
–, o prefeito Armênio Sodré já cumpriu dois mandatos e apoiava o
candidato ao pleito pensando em sucessão. No entanto, o seu vice Erik
(PSD) foi derrotado nas últimas eleições municipais, em 15 de novembro,
com 30,69% dos votos, por Tonho (PDT), que contabilizou 63,31% das urnas
a seu favor.
Manifestação foi para cobrar explicações sobre verba para a saúde (Foto: Leitor CORREIO) |
Ataque
O estudante de fonoaudiologia Ramon Rodrigues, 28, um dos manifestantes
que também prestou depoimento em Irecê, conversou com o CORREIO por
telefone. Ele contou que a manifestação começou às 16h com
aproximadamente 15 pessoas, que usavam cartazes e um megafone.
“A gente começou com um movimento pacífico. Isso
porque um amigo nosso precisou de respirador e a cidade não tem. O
prefeito não comprou e a gente sentiu no direito de manifestar e
perguntar onde foi que ele empregou os recursos do governo federal?
Nossa cidade recebeu R$ 1,6 milhão destinado à covid-19 e não tem um
respirador sequer no hospital. O nosso amigo, que está com 70% do pulmão
comprometido, teve que ser transferiu para Irecê”, contou Ramon.
Ramon explicou o porquê de a manifestação não ter sido realizada
defronte à prefeitura. “Ele não atende ninguém na prefeitura. Já fomos
lá várias vezes e ele nunca está. Ele prefere receber as pessoas em
casa. É de praxe atender as pessoas lá, não sei o porquê. Por isso que a
manifestação foi lá”, disse.
Por volta das 18h o prefeito chegou num carro e foi em direção às pessoas em que estavam em frente à sua casa.
“Ele jogou o carro em cima de mim, uma tentativa de homicídio. Saímos
todos assustados, achando que ele ia pegar uma arma. Quando percebemos
que foi um chicote, e que tinha machucado Simone e outras duas
mulheres, eu voltei com Simone e ele tentou a vir para cima da gente”,
disse Ramon.
Irregularidadas
Esse não foi o
único fato polêmico deste ano com o prefeito de Barra do Mendes. No mês
de agosto, o gestor e seu irmão, o empresário Arlênio Sodré Nunes,
tiveram R$253.071,00 bloqueados de suas contas por decisão da Justiça,
que atendeu a pedido liminar do MP-BA em ação civil pública ajuizada
pelo promotor de Justiça Marco Aurélio Nascimento Amado por ato de
improbidade administrativa.
Seguno o póprio MP-BA, a decisão
foi da Juíza Marina Lemos Ferrari, que levou em conta irregularidades
apontadas pelo MP-BA em compras realizadas pelo Município no período
compreendido entre os anos de 2013e 2019 com a aquisição direta e sem
licitação de produtos de papelaria.
Ainda de acordo com o
MP-BA, na ação, o promotor apontou que houve indevida dispensa de
licitação. O MP-BA apurou que a papelaria com a qual a Prefeitura fez
negócio pertence ao irmão do prefeito, o empresário Arlênio Sodré Nunes,
o que evidenciaria que “as compras foram realizadas de forma
fraudulenta para beneficiar o irmão do prefeito, comprovando dolo na
conduta do chefe do executivo
Fonte:Correio 24 horas
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