Covid-19: Ministério Público recomenda que prefeitura do Rio retroceda fases da flexibilização

 

Forte calor no Rio é marcado por aglomerações em praias nesta segunda-feira
Forte calor no Rio é marcado por aglomerações em praias nesta segunda-feira Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RIO — O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro expediu uma recomendação nesta quinta-feira ao prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, e à secretária municipal de Saúde, para que a fase de flexibilização adotada pelo município do Rio sejam compatíveis com os indicadores referentes ao percentual de ocupação de leitos de UTI na cidade.

O MP analisou os dados do próprio município e chegou à conclusão que desde o dia 20 de novembro "todos os indicadores ingressaram em um ritmo de piora exponencial, indicando a necessidade técnica regressão de fase".

"Até o presente momento os gestores públicos não promoveram a adequação da fase vigente do plano de reabertura aos parâmetros técnicos postos no ato administrativo que norteia a reabertura gradual da cidade do Rio de Janeiro", diz trecho da recomendação.

Procurada, a prefeitura do Rio afirma que "a gestão da pandemia do novo coronavírus cabe ao Poder Executivo" e que "vêm mantendo conversas com o Governo do Estado para implementar as novas medidas sugeridas pelo Comitê Científico do Município".

Após o comitê científico da Prefeitura sugerir a volta de medidas restritivas para conter o avanço da Covid-19 no Rio, o governador em exercício Claudio Castro, que se reuniu com prefeito Marcelo Crivella nesta quinta-feira, negou mais uma vez que o estado adotará quaisquer medidas novas de restrição.

— Não vamos dar passo atrás nenhum. O que estamos fazendo é trabalhando na abertura de leitos e melhorar a fiscalização. Não adianta ter medidas que a população não vai cumprir— disse Castro.

A reunião para definirem em conjunto as medidas a serem tomadas é algo comum desde que o Claudio Castro assumiu o governo do Estado. Porém, caso nenhum medida seja tomada pelo município do Rio, será a primeira vez que o prefeito Marcelo Crivella contraria as sugestões do Comitê.

Diante da alta de casos e pressão por leitos. os especialistas que compõem o comitê científico da prefeitura do Rio sugeriram que o município adote novas medidas de isolamento social para conter o avanço da doença. Entre as medidas sugeridas está o fechamento de escolas, a proibição da presença de banhistas nas praias e o escalonamento do horário do comércio — entre eles bares e restaurantes.


A ata da reunião foi assinada por 28 pessoas, entre especialistas e funcionários da prefeitura, como a secretária de Saúde Beatriz Busch. Segundo o documento publicado no Diário Oficial do município nesta quinta-feira, outras medidas mais restritivas chegaram a ser discutidas:

" O Comitê discutiu várias propostas de restrição de circulação de pessoas, para garantir distanciamento social, com ponderação sobre a necessidade de redução de circulação significativa para garantir redução de contágio, ainda que por curto período (2 a 3 semanas).Ponderou-se que, levando-se em consideração que os impactos do período eleitoral (grande movimentação de pessoas) ainda não estavam totalmente absorvidos pelos dados atuais, que o fim deste processo tenderia a reduzir a circulação de pessoas, e que, portanto, caberia mais tempo para essa análise. E restaram vencidas as propostas mais restritivas", diz trecho da ata.

Ao ser questionado sobre as medidas que serão tomadas, o governador afirmou que nesta sexta-feira uma coletiva de imprensa junto com Marcelo Crivella será convocada para explicar quais são as medidas a serem tomadas. Castro adiantou algumas:

— É nosso dever aumentar a fiscalização. Ainda estamos na fase de abertura de leitos. Já abrimos muitos leitos que dependiam de poucas coisas para serem abertos. Temos equipamentos sobrando hoje por causa do fechamento dos hospitais de campanha.


Castro ainda afirma que a fila divulgada todos os dias não reflete a atual realidade, já que muitos pacientes estão em leitos em UPAs que possuem equipamentos "quase igual a um CTI"

— Esse número que vem frio não traduz a realidade e amanhã as equipes técnicas vão demonstrar. A fila não é tão grande como parece. Há UPA hoje tem equipamentos quase de CTI e outras quase não tem. Temos leitos a serem abertos inclusive nos nossos hospitais — afirmou.


O governador também se encontrou com o Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no Complexo Industrial de Biotecnologia e Saúde (Cibs), em Santa Cruz, nesta quinta-feira.

Casos crescem e há filas por leitos de UTI

O Rio registrou, nesta quinta-feira, 127 mortes e 3.788 novos casos do novo coronavírus. Ao todo, são 365.185 infectados e 22.891 vidas perdidas pela doença desde o início da pandemia, em março. A média móvel de casos continua em alta pelo sexto dia seguido, com índice de 2.737 contaminados por dia, e, assim como nos últimos dois dias, é o maior desde 22 de agosto. Na rede de saúde, que, segundo especialistas, já está novamente em colapso, a situação é de muita pressão por leitos, sobretudo na capital, onde há 99% de ocupação nos leitos exclusivos para coronavírus ofertados pela prefeitura, e de 92% na rede SUS regulada pelo município. Em todo estado, há fila de 216 pacientes por vagas de UTI, 86% preenchidas.

 

Fonte Extra O Globo

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