Porta-voz da PM do RJ é exonerada do cargo após vídeo com ataques a jornalista

 Tenente-coronel Gabryela Dantas é exonerada pelo governador em exercício Cláudio Castro — Foto: Marcos Serra Lima/G1

"Todos os dias somos questionados e muitas vezes vítimas de acusações. Ainda assim, defendo o diálogo com a imprensa. O debate de ideias é importante, mas é preciso preservar e respeitar ambos os lados", escreveu.

Mesmo com a exoneração e o afastamento do cargo de porta-voz, a Tenente-Coronel Gabryela Dantas segue como oficial da Polícia Militar.

A publicação com o vídeo, que também pedia compartilhamentos, foi retirado do ar na tarde desta quarta-feira (9).

Na manhã de terça-feira (8), os jornais Extra e O Globo publicaram a reportagem: “Consumo de munição explodiu no batalhão de PMs investigados pelo homicídio de meninas em Duque de Caxias”.

Em resposta, a Porta-Voz da Secretaria de Polícia Militar, Tenente-Coronel Gabryela Dantas, afirmou que a corporação foi surpreendida “com uma matéria mentirosa”, que, “de forma maldosa, dá a entender que houve aumento de consumo de munição por um batalhão da PM”, que estaria envolvido na morte das primas Rebeca, de 7 anos, e Emily, de 5 anos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na última sexta-feira (4). 


 

A oficial ainda argumentou que o consumo de munição da unidade não sofreu alterações significativas e representa menos de 10% do consumo publicado pelo jornalista que assina a reportagem.

No vídeo, a ela ainda diz que o jornalista escreveu a matéria “se aproveitando de uma comoção nacional para colocar a população contra a Polícia Militar”.

Entidades de classe, como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e os jornais O Globo e Extra repudiaram os ataques ao jornalista.

A Polícia Militar divulgou nota em que "esclarece que, ao personalizar esse descontentamento em um repórter, ultrapassou [porta-voz] um limite que feriu o equilíbrio de sua atuação. Reconhecemos o valor da liberdade de imprensa,"

Método da reportagem


“Faz parte da prática jornalística diária lidar com críticas, contestações e pedidos de reparação de alguma informação. No entanto, a Editora Globo repudia os ataques feitos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, que, por meio de um vídeo oficial, classificou o repórter como inimigo da corporação e incentivou a população a divulgar vídeo. Não é papel de uma instituição de Estado atacar pessoalmente um profissional nem incitar a população contra ele”.

“Os números exibidos na reportagem constam de documento produzido pelo batalhão da Policia Militar de Duque de Caxias, chamado de Mapa de Munição. Esse registro é produzido quinzenalmente por todos os quartéis da PM. A reportagem, amparada em tais documentos, obtidos pelo jornalista, ouviu e registrou a versão da Polícia Militar sobre os dados”.

Segundo a reportagem, a quantidade de munição utilizada em novembro, quando comparada à registrada nas duas quinzenas de julho, é três vezes maior. E, quando comparada à registrada em setembro, é 75% maior. 

 

 "Com liberdade de imprensa não se brinca", afirmou o governador em exercício. 

 

G1

 

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