Após invasão do Capitólio, Congresso certifica vitória de Biden nos EUA

 O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, e sua vice, Kamala Harris, em Wilmington

O Congresso dos Estados Unidos certificou os votos do Colégio Eleitoral na madrugada desta quinta-feira (7) e confirmou a vitória dos democratas Joe Biden e Kamala Harris como presidente e vice-presidente dos Estados Unidos, respectivamente. A oficialização ocorre após semanas de contestação do republicano Donald Trump e ao fim de um dia violento marcado pela invasão do congresso americano no início da sessão.

Confirmando os resultados estaduais divulgados em novembro, Biden oficialmente obteve os votos de 306 delegados contra 232 de Trump. O democrata, agora, toma posse como 46º presidente do país em 20 de janeiro. 

Ao longo da contagem, duas objeções foram votadas para contestar os resultados do Arizona e da Pensilvânia, mas foram rejeitas após votos do Senado e da Câmara dos Representantes.

A sessão havia sido interrompida no meio da tarde após apoiadores de Donald Trump invadirem o Capitólio em protesto contra o resultado das eleições de 3 de novembro. 

Sob forte policiamento, os procedimentos foram retomados pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que também é o presidente do Senado.

Ao reiniciar a contagem, o vice de Trump condenou os ataques e afirmou que o Congresso "retorna no mesmo dia para defender a Constituição".

 

Objeções

A sessão do Congresso foi retomada na mesma altura em que havia parado por conta da invasão — na avaliação da contestação ao resultado no Arizona. Os senadores republicanos Paul Gosar e Ted Cruz contestaram a vitória de Biden no estado, mas a alegação foi rejeitada no Senado (por 93 a 6 votos) e na Câmara dos Reprensetantes (por 303 a 121 votos). 

Outra objeção esperada, a do estado da Geórgia, não foi adiante no Senado. A republicana Kelly Loeffler, senadora do estado derrotada na terça-feira ao tentar reeleição, declarou que não assinaria o pedido após os incidentes violentos da quarta-feira. Com a desistência de alguns senadores republicanos, Mike Pence não encaminhou a objeção para votação.

Mais tarde, uma objeção apresentada pelos senadores Scott Perry e Joshua Hawley foi analisada para contestar a votação na Pensilvânia. No Senado, foi rejeitada por 92 votos a 7. Na Câmara, a objeção foi derrubada por 282 votos a 138.

Após 

'Dia sombrio'

Mais cedo, Pence se recusou a seguir as vontades de Donald Trump. O vice era a última esperança do presidente de impedir a certificação da vitória da chapa Biden-Harris.

Mike Pence disse que o Capitólio viveu um "dia sombrio" e afirmou que vai respeitar o rito, cumprindo as obrigações constitucionais.

Os protestos desta tarde foram estimulados por Trump e alguns aliados. O republicano não reconhece a derrota nas urnas e, sem apresentar provas, aponta uma suposta fraude eleitoral. 

Apesar das declarações e de dezenas de ações, nenhum dos pedidos dele para desacreditar os resultados das eleições foi aceito pela Justiça norte-americana.

'Ataque às instituições'

A Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou nota nesta quarta condenando a invasão do Capitólio. A instituição chamou os atos de "ataque às instituições".

A OEA frisou que o uso da força e do vandalismo configura atentado ao pleno funcionamento democrático e que é necessário recuperar a racionalidade para finalizar o processo democrático.


"Urge recuperar a racionalidade necessária e encerrar o processo eleitoral de acordo com a Constituição e os procedimentos institucionais correspondentes," disse em nota.

"A democracia tem seu pilar fundamental na independência dos Poderes do Estado, que devem atuar totalmente livres de pressões.”

Apesar dos ataques, congressistas americanos querem continuar a sessão que pretende ratificar a vitória de Joe Biden no pleito presidencial de 2020.

Ainda não se sabe se depois dos acontecimentos, congressistas republicanos vão apresentar questionamentos aos votos de alguns estados, como foi feito no início da sessão.

Biden

Joe Biden classificou como "um ataque inédito à nossa democracia" a invasão.

"Neste momento, a nossa democracia sofre um ataque inédito. Um ataque à liberdade, à civilidade, ao Capitólio", disse o presidente eleito, durante pronunciamento feito a partir do estado americano de Delaware.

"Um ataque aos representantes do povo e à polícia do Capitólio, que jurou protegê-los, um ataque aos servidores que trabalham no coração do nosso país, um ataque à lei como poucas vezes vimos", prosseguiu Biden

O presidente eleito definiu os protestantes como "pequeno grupo de extremistas destinados à baderna".

"Isso não é decente, é desordem, é caos e deve terminar agora", prosseguiu Joe Biden.

Mortes 

Uma mulher que foi baleada dentro do Capitólio durante os ataques morreu no início da noite, confirmou um porta-voz do Departamento de Polícia Metropolitana à CNN. No fim da noite, três outras mortes nos arredores do Capitólio foram informadas pela polícia da capital americana.

CNN

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