O Brasil bateu seu próprio recorde de assassinatos contra mulheres trans e travestis em 2020, com um total de 175 casos de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), responsável por um levantamento lançado nesta sexta-feira (29/1), Dia Nacional da Visibilidade Trans.
Em 2019, o estado de São Paulo foi o que mais teve casos de assassinatos, 29, o que representou um aumento de 38% em relação a 2019. Ceará (22) e Bahia (19) - que apresentou uma alta de 137% em relação ao ano anterior - vêm logo em seguida nos números absolutos.
Desde o primeiro ano em que o Brasil passou a constar no ranking mundial, houve um aumento em 114% o número de assassinatos de pessoas trans no país. O levantamento demonstra que as práticas policiais e judiciais caracterizam-se pela falta de rigor na investigação, identificação e prisão dos suspeitos. Em 2019, apenas 8% dos casos tiveram os suspeitos identificados e 82% das vítimas eram negras.
Uma reportagem do Aratu On mostrou que, entre janeiro e agosto do ano passado, 129 pessoas trans e travestis foram assassinadas. Até o oitavo mês do ano, o número já superava o registrado em todo o ano de 2019. Ouvida, a professora de psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Jaqueline Gomes de Jesus, esse retrato que mistura agressão, discriminação e indiferença é resultado de um contexto histórico e social.
“É fundamental compreender esses atos de violência dentro do cenário deles. Porque senão, as pessoas vão continuar pensando essa violência como atos isolados de indivíduos com transtorno. E, de fato, essa violência vem de uma lógica da própria sociedade. A sociedade é violenta. A sociedade é transfóbica. A sociedade brasileira, que é estruturalmente machista, racista, ela também, até por conta destes elementos básicos da cultura nacional, se torna estruturalmente transfóbica”.
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