A Polícia Civil informou que a principal linha de investigação seguida para apurar o desaparecimento de três crianças, ocorrido em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no último dia 27, é a de que o sumiço dos meninos, com idades variando entre 8 e 11 anos, tenha tido participação de traficantes do Morro do Castelar, localizado no mesmo município.
Segundo o secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, o fato do tráfico ter torturado um homem para que ele confessasse o crime e a queima de um ônibus, a menos de 200 metros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), nesta terça- feira, fizeram a polícia acreditar no envolvimento de traficantes no episódio.
A DHBF é a delegacia que investiga o desaparecimento dos meninos. Pouco depois do incêndio ao ônibus, um grupo de moradores chegou a se aglomerar, nas proximidades da delegacia, pedindo justiça para o caso. As três crianças foram vistas pela última vez, no dia 27 de dezembro, em uma quadra de futebol de um condomínio, no Morro do Castelar.
A informação inicial era a de que os meninos teriam deixado o local para ir comprar ração para pássaros, em uma feira, no Bairro de Areia Branca, vizinho ao Castelar. A polícia, no entanto, não detalhou porque o tráfico poderia estar por trás do sumiço dos garotos.
— Após a descoberta de que traficantes sequestraram um homem, amarraram e apresentaram para as famílias dos garotos desaparecidos como sendo o responsável pelo desaparecimento das crianças, assim como o fato de a manifestação de ontem (de terça-feira) com um ônibus queimado ter tido incitação de pessoas ligadas ao tráfico de drogas, a Polícia Civil colocou como principal linha de investigação a participação de traficantes no desaparecimento dos meninos — disse o secretário de Polícia Civil.
Mãe de três filhos, a dona de
casa Tatiana da Conceição Ribeiro, de 31 anos, não consegue se
alimentar nem dormir direito há 17 dias. O motivo da insônia da dona de
casa, que é mãe de três crianças, é o filho mais velho Fernando
Henrique, de 11 anos. O garoto é um dos três meninos que desapareceram
no dia 27 de dezembro, no Morro do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada
Fluminense.
Nesta quarta-feira, ela reuniu forças para ir pessoalmente à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Ao lado da aposentada Silvia Regina, avó de Lucas e Alexandre — que sumiram junto com Fernando Henrique —, ela tentava saber notícias do filho. Tatiana também foi à DHBF para entregar uma sacola com roupas sujas de sangue, encontradas por moradores do Morro do Castelar em uma casa no local.
Segundo a polícia, o material deverá passar por exames de DNA para saber se o sangue pertence a alguns dos desaparecidos. Perguntada se tem esperança de reencontrar seu filho, a Tatiana respondeu deixando claro o tamanho de sua dor.
— Eu já não sei mais se meu filho está vivo ou não. Fico o tempo inteiro chorando em casa. Não estou comendo e nem durmo direito. Tenho mais dois filhos. O menorzinho, de um ano, não para de perguntar pelo irmão. Só sei que meu filho não ficaria tanto tempo assim fora de casa, por vontade própria. A gente quer o Fernando Henrique de volta — disse a dona de casa.
Até a última terça-feira, o Disque-Denúncia (2253-1177) já havia recebido mais de 15 ligações com denúncias sobre o caso. Todas foram repassadas para a Polícia Civil e para a Polícia Militar. Nesta quarta-feira, agentes da DHBF deixaram a especializada em três carros para checar uma denúncia sobre uma pista para a localização das crianças, mas nada foi encontrado.
Um dia antes, na terça-feira, um homem chegou a ser levado amarrado por moradores do Morro do Castelar para a 54ª DP(Belford Roxo). Como havia um vídeo no telefone do homem com cena pornográfica envolvendo menores, que na verdade eram seus enteados, ele chegou a ser espancando por traficantes e apontado como suspeito de envolvimento no sumiço dos três meninos.
A DHBF investigou o caso e concluiu inicialmente não haver indícios de que esse homem tenha alguma participação no triplo desaparecimento
Extra o Globo
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