Vacinação lenta, falta de sistema público: 5 razões da escalada da Covid nos EUA

 Bandeira dos Estados Unidos

Entre verba para hospitais, pesquisa e desenvolvimento de vacinas, investimento em testes e rastreamento de contatos, além de estímulos econômicos, os Estados Unidos já desembolsaram trilhões de dólares para tentar barrar o avanço da Covid-19.

O país também já começou a vacinar a população com dois imunizantes, o da Pfizer e o da Moderna. Mas nada disso foi suficiente para evitar que os EUA atinjam recordes de hospitalizados e mortes pela doença ainda hoje, quase um ano depois do começo da pandemia.

Nos primeiros dias de 2021, o país registrou os maiores números de mortes e hospitalizações por Covid-19 em 24 horas.

 

A alta no número de casos nessa época era temida pelos especialistas, que no começo da pandemia já alertaram sobre a possibilidade de uma nova onda no inverno do Hemisfério Norte.

Com as temperaturas mais baixas, as pessoas se reúnem mais em lugares fechados, com pouca circulação de ar, favorecendo a disseminação do vírus.

As viagens e encontros de fim de ano, começando pelo feriado do Dia de Ação de Graças, no fim de novembro, também contribuíram para a piora do cenário. Mas não são as únicas culpadas pelos números.

A distribuição mais lenta de vacinas e a falta de um sistema público nacional de saúde, como o SUS no Brasil, somados a um problema crítico de liderança, agravaram o quadro.

“O fracasso dos Estados Unidos no controle da pandemia não aconteceu por falta de recursos financeiros, tecnológicos ou científicos, mas, sim, pela falta de uma liderança que coordenasse as ações de controle com base na ciência e nas evidências científicas”, explica a infectologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute.

Abaixo, falamos mais sobre cinco fatores que ajudam a explicar o porquê de os Estados Unidos estarem vivendo um momento tão crítico da pandemia de Covid-19.

1 - Distribuição mais lenta de vacinas

 

Profissional de saúde prepara aplicação de vacina Pfizer
Profissional de saúde prepara aplicação de vacina Pfizer em Los Angeles, nos EUA
Foto: Lucy Nicholson/Reuters 

A expectativa do governo norte-americano era que vinte milhões de pessoas recebessem a primeira dose da vacina ainda em 2020, mas até a primeira quinzena de janeiro de 2021 só foram aplicadas cerca de dez milhões de doses, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).

O governo diz que o começo da vacinação foi prejudicado pelo cronograma de Natal e ano novo e por razões logísticas que afetam a distribuição, mas que serão resolvidas em breve.

Não é só a distribuição das vacinas aos estados que apresenta desafios. A aplicação das doses também tem se mostrado difícil em muitas regiões do país, com profissionais de saúde sobrecarregados por causa do aumento nas hospitalizações.

Alguns estados, como Nova York, têm investido no treinamento de estudantes e profissionais de diversas áreas da saúde para driblar a falta de pessoal para aplicar as vacinas.

Até o momento, os dois imunizantes aprovados, o da Pfizer e o da Moderna, são administrados em duas doses, com semanas de intervalo entre elas.

 

Só será possível sentir os impactos da vacinação sobre a redução dos casos quando uma porção significativa da população for imunizada, o que ainda pode demorar.

A meta do presidente eleito Joe Biden, que toma posse em 20 de janeiro, é aplicar cem milhões de doses até o centésimo dia de governo, ou seja, fim de abril.

Os Estados Unidos têm uma população de aproximadamente 330 milhões de pessoas e, para atingir o que os especialistas chamam de “imunidade de rebanho”, que fará a taxa de transmissão cair, é preciso que pelo menos 80% da população esteja vacinada.

2- Problemas na resposta inicial

De acordo com Denise Garrett, a saúde nos Estados Unidos já vinha fragilizada, e falhas na resposta inicial do governo norte-americano à Covid-19 facilitaram a disseminação no vírus e se refletem até agora na situação do país.

Em 2018, o governo Trump dissolveu uma unidade de segurança de saúde global que fazia parte do Conselho Nacional de Segurança e cujo papel era justamente o de traçar estratégias para evitar uma grande crise de saúde — algo que, segundo a infectologista, contribuiu para deixar o país mais vulnerável a ameaças sanitárias.

A falta de equipamentos de proteção pessoal para profissionais da saúde, respiradores, testes e rastreamento de contatos também foi assunto frequente nos jornais norte-americanos nos primeiros meses da pandemia.

As reportagens exibiam relatos de médicos que precisavam se arriscar reutilizando máscaras e luvas por falta de alternativa, alguns até improvisando os próprios equipamentos.

Fonte;CNN

 

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