O Amazonia-1,
primeiro satélite de observação da Terra completamente projetado,
integrado, testado e operado pelo Brasil, foi colocado em órbita na
madrugada deste domingo (28). O lançamento ocorre após cerca de 13 anos
de desenvolvimento do projeto.
Dentro do horário programado - à
1h54 (de Brasília) -, o satélite foi lançado a bordo do foguete indiano
PSLV-C51, a partir do Centro Espacial Satish Dhawan (SHAR), em
Sriharikota, na Índia.
Nos cerca de 17 minutos seguintes, satélites foram desacoplados do foguete em quatro estágios, que indicaram o sucesso da missão. Às 2h11 (de Brasília), a transmissão oficial mostrou o Amazonia-1 sendo separado do foguete e lançado ao espaço.
Uma comitiva brasileira acompanhou o lançamento em território indiano, com presença do ministro da Ciência e Tecnologia e Inovações, o astronauta Marcos Pontes.
Com o sucesso da missão, Pontes discursou na base de Satish Dhawan, exaltando a parceria entre o Brasil e a Índia e citando os "anos de trabalho" para a conclusão do projeto do satélite.
Além do Amazonia-1, satélites de outros países também foram levados à órbita terrestre a bordo do mesmo foguete. O equipamento brasileiro foi colocado numa altitude média de mais de 750 km acima da superfície da Terra.
O satélite terá sua órbita em sincronia com a do Sol e viajará a uma
velocidade de quase 27.000 km/h, o que lhe permitirá levar apenas 100
minutos para dar uma volta na Terra, com a capacidade de gerar imagens
de qualquer ponto do planeta a cada 5 dias.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as informações providas pelo Amazonia-1 consistem em imagens ópticas com resolução de 64m e largura da faixa imageada de 866km.
Operando conjuntamente com os satélites CBERS-4 e CBERS-4A, lançados, respectivamente em dezembro de 2014 e dezembro de 2019, serão providas imagens recorrentes do território brasileiro a cada dois ou três dias, melhorando significativamente a oferta de informações aos seus diferentes usuários.
Essas informações serão úteis para diversas aplicações, como o monitoramento da região amazônica, da diversificada agricultura em todo o território nacional, da região costeira, de reservatórios de água, florestas naturais e cultivadas e desastres ambientais.
Além do domínio do ciclo completo de desenvolvimento de um satélite do porte e complexidade do Amazonia 1 e dos benefícios resultantes das aplicações das imagens obtidas a partir do espaço, a missão permitirá outro ganho tecnológico importante: a validação em voo da Plataforma Multimissão (PMM), projetada para ser utilizada em diferentes tipos de satélites na faixa de 700kg, com redução significativa de prazos e custos.
Satélite vai monitorar desmatamento
“O Amazonia-1 vai servir para fazer uma varredura da nossa superfície, dos biomas terrestres e marítimos. Ele será usado para monitorar o desmatamento, principalmente na região amazônica, a agricultura e poderá receber demandas para verificar situações ambientais específicas”, explica Carlos Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Além do novo satélite, outros dois equipamentos produzidos pelo Brasil em parceria com a China fazem esse tipo de trabalho: o CBERS-4 e o CBERS-4A.
“Isso aumenta a probabilidade de enxergar a superfície mesmo quando há ocorrência de nuvens. Se um dos CBERS fizer o registro de um ponto onde há muita nebulosidade em um determinado dia, o Amazonia-1 pode passar por esse mesmo local depois, mas em um dia mais ensolarado, e obter imagens melhores. Com informações dos três equipamentos teremos mais chances de ter um imageamento completo”, ressalta Moura.
Segundo o presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Julio Shidara, outra vantagem do Amazonia-1 é que ele fará uma órbita otimizada para atender as necessidades do Brasil. “Ele vai fazer um trajeto que permitirá uma cobertura focada no território brasileiro. Ao contrário dos CBERS, que estão em uma órbita que atende o Brasil e China”, destaca.
A expectativa do governo é de que a experiência sirva de modelo e consolide a construção de outros satélites de maior complexidade. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), trará ganhos como a validação da Plataforma Multimissão (PMM) e o desenvolvimento da indústria nacional dos mecanismos de abertura de painéis solares.
CNN
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