Editorial - Beber, dirigir e matar

 No mundo contemporâneo, o álcool constitui-se uma das drogas de maior consumo, tornando-se superdestrutiva | Foto: Reprodução - Foto: Reprodução

O Poder Judiciário, tantas vezes inofensivo ao lidar com o segmento social de maior conta bancária, tem a chance de redimir-se, em condenação dura ao jogador vulgo Marcinho, pertencente ao Botafogo, lanterna da Série A do Brasileiro e já rebaixado. Tão rebaixável, como foi o ato praticado pelo profissional da bola, capaz de atropelar e causar a morte de um casal, na Avenida Lúcio Costa, no Recreio, no Rio de Janeiro, no limiar de 2021, já no dia 30 de dezembro, época de celebrações, apesar da pandemia.

No inquérito, ficou comprovada a ingestão de cinco copos de chope, antes de “Marcinho” seguir além do limite de velocidade para abreviar o tempo de vida de duas pessoas, tal como fizera o colega Edmundo, vulgo “Animal”, hoje alegre comentarista. O hábito de adicionar algum psicoativo ao funcionamento dito “normal” do complexo organismo humano pode ser considerado, pelos mais compreensivos, uma forma de proteção ou refúgio, mas sem a prudência, não se pode defender o polêmico costume.

Ao misturar o olimpiano Dioniso e seu conselheiro Seleno, donos da esbórnia, ao deus Koalemus, dedicado à estupidez, deidades clássicas, “Marcinho” teve como agravantes não prestar socorro e mentir à polícia, provavelmente ao escutar preleção de advogado.

Tão antigo quanto civilizações originais, sendo a Babilônia pioneira em enterrar uma garrafa de cerveja junto ao alicerce de edificações, o etilismo está hoje entre os vícios campeões, a ponto de dedicar-se competições e templos esportivos a marcas famosas. No mundo contemporâneo, portanto, o álcool constitui-se uma das drogas de maior consumo, tornando-se também superdestrutiva, quando associada ao comando de possantes veículos de tonelada e meia, como pesam novos automóveis de vanguarda.

A virtude da moderação, uma vez ser a bebida legalizada, pede o consumo em casa, no ambiente íntimo ou qualquer recanto apropriado, sem potencializar a ilusória sensação de poder ao volante, tomando o perfil de assassino irresponsável quem assim age.

A Tarde

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