Em plena pandemia, a população de Eunápolis corre o risco de ficar sem serviços funerários. Os profissionais do setor ameaçam parar de trabalhar caso não sejam vacinados contra a Covid-19. “Nenhuma das funerárias vai pegar corpos até que os trabalhadores sejam vacinados”, disse Alisson Lima, proprietário da Funerária Siaf e do Memorial Santo Antônio, em Eunápolis. “Essa foi a forma que encontramos para pressionar a prefeitura por um direito que é nosso, que está garantido em lei. Todos os dias tem casos de Covid na região e nenhum trabalhador funerário foi vacinado ainda”, explicou.
Segundo Alisson, o governo federal, o Ministério Público e o Sindicato das Empresas Funerárias da Bahia já pediram à prefeitura de Eunápolis que incluísse esses profissionais no grupo prioritário para imunização contra o coronavírus, mas até agora todos os pedidos foram ignorados pela administração municipal. “Já encaminhamos para a Vigilância Sanitária requerimento com todos os dados dos funcionários, conforme foi pedido, mas não tem jeito de nos colocarem como prioridade”, reclama Alisson.
Coveiros, atendentes, motoristas, auxiliares funerários e outros trabalhadores do setor foram consideradas profissões essenciais ao controle da doença pela Lei Federal 14.023, de 8 de julho de 2020. Por estarem em contato direto com os corpos ou com famílias vítimas da Covid, esses profissionais estão muito expostos ao vírus, mesmo com todos os protocolos de prevenção adotados.
Em Eunápolis, no entanto, a lei não está sendo cumprida, diz Amilton César, diretor da Funerária Pax do Brasil. “Estamos direto entrando em contato com o poder público, com a prefeitura, com a Secretaria de Saúde, mas viraram as costas para nós. Eles alegam que a prioridade é o pessoal da saúde e os idosos, mas sabemos que funcionários de uma farmácia, fisioterapeutas e até pessoas que não são da área da saúde já foram vacinados”, afirma.
“Não queremos parar, o que queremos é sensibilizar a prefeitura ou os órgãos competentes para que vacinem os trabalhadores do setor”, diz Amilton. Segundo ele, somente em Eunápolis trabalham cerca de 20 profissionais funerários. “A classe funerária é grande e está lidando diretamente com essa situação todos os dias. Entramos em necrotério, em hospital e não estamos sendo imunizados. É obrigação nos vacinar, uma vez que isso é um plano nacional e fazemos parte do grupo prioritário”, ressalta.
SEM NOVA REMESSA DE VACINA
Além do risco de ficar sem o serviço funerário, Eunápolis pode enfrentar também a falta de vacinas. O motivo é que o município não receberá uma nova remessa de doses contra a Covid-19 porque não atingiu o percentual mínimo de cobertura vacinal exigido pela CIB (Comissão Intergestores Bipartite). Das 4.090 doses (1ª dose) recebidas pelo município, foram aplicadas apenas 3.028, o que equivale a 74% de cobertura.
Segundo a coordenadora de imunização do Estado, Vânia Rebouças, somente os municípios que já utilizaram 85% das doses anteriormente recebidas terão nova remessa. Ela explica que essa decisão foi definida em reunião da CIB (instância que reúne representantes das secretarias municipais de saúde e da Secretaria da Saúde do Estado). “Esta estratégia não foi uma imposição da Sesab, e sim uma deliberação feita de forma conjunta com os municípios”, afirma.
Radar 64
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