Meganavio encalhado no Canal de Suez volta a flutuar após 6 dias

 O megavio Ever Given, um dos maiores navios de contêineres do mundo, flutua parcialmente no Canal de Suez, no Egito, em 29 de março 2021 — Foto: Autoridade do Canal de Suez via Reuters

O meganavio que encalhou e está bloqueando o Canal de Suez há quase uma semana voltou a flutuar, anunciou nesta segunda-feira (29) a administradora do canal, que é a principal ligação marítima entre a Ásia e a Europa e por onde passam cerca de 12% de todo o comércio global.

"O navio porta-contêineres do Panamá foi reflutuado com sucesso", afirmou a Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês). "Com toda a certeza, o trabalho estará concluído muito em breve".

A administradora do canal afirma que "a navegação será retomada imediatamente após a restauração completa da direção da embarcação" e o Ever Given será encaminhado à área de espera de Bitter Lakes "para inspeção técnica".

Empresas especializadas em comércio marítimo estimam que as perdas econômicas direta ou indiretamente ligadas ao encalhe passam de R$ 300 bilhões, segundo a BBC. Há quase 370 embarcações na fila à espera da liberação do canal.

Navio encalhado no Canal de Suez volta a flutuar parcialmente

Navio encalhado no Canal de Suez volta a flutuar parcialmente Segundo a administradora, "manobras de empurrar e reboque bem-sucedidas levaram à restauração de 80% da direção da embarcação, com a popa 102 metros longe da margem do canal agora, em vez dos 4 metros de antes".

A SCA afirmou que as manobras estão programadas para ocorrer durante a maré alta, até às 11h30, "permitindo a restauração total da direção da embarcação para que ela seja posicionada no meio da hidrovia navegável".

Nick Sloane, o mestre em salvamento responsável por desvirar o Costa Concordia, navio de cruzeiro que afundou na costa da Itália em 2012, havia dito na quinta-feira (25) que a melhor chance de fazer o navio flutuar poderia ocorrer no domingo (28) ou na segunda-feira (29).

Isso porque a maré de primavera adicionaria 18 polegadas (46 centímetros) extras de profundidade ao canal, quando a maré chegaria ao pico, o que permitiria mais manobras, segundo a Bloomberg

O meganavio Ever Given, operado pela empresa Evergreen, encalhou na terça (23) no km 151 do canal, em meio a ventos fortes e uma tempestade de areia, e bloqueou a passagem de todos os outros navios.

Com 400 metros de comprimento e 220 mil toneladas, o meganavio de contêineres voltou a flutuar às 4h30 do horário local (23h30 no horário de Brasília), segundo a Inchcape, um provedor global de serviços marítimos.

Por que o Canal de Suez é tão importante?

O Canal de Suez foi inaugurado em 1869, para ligar o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, e é uma das rotas de navio mais utilizadas do mundo, com capacidade para receber navios gigantes de até 240 mil toneladas.Meganavio que encalhou na terça-feira (23) no Canal de Suez, no Egito, causou um grande congestionamento naval — Foto: Reprodução/G1

Meganavio que encalhou na terça-feira (23) no Canal de Suez, no Egito, causou um grande congestionamento naval — Foto: Reprodução/G1 

 

Cerca de 12% do comércio global passa pelo canal de 193 km, que fornece a ligação marítima mais curta entre a Ásia e a Europa.

A alternativa é dar a volta em toda a África, pelo Cabo de Boa Esperança, o que faz o trajeto entre os portos do Golfo e de Londres ter o dobro de distância e adiciona de uma a duas semanas à viagem.

Cerca de 50 navios passaram por dia no canal em 2019, o que representa quase um terço do tráfego mundial de navios de contêineres, e a rota concentra grande parte do petróleo transportado por mar.

As taxas de embarque para os navios petroleiros quase dobraram depois que o Ever Given encalhou, e o bloqueio interrompeu as cadeias globais de abastecimento.

Segundo a Bloomberg, cerca de US$ 9,6 bilhões em tráfego marítimo diário foram interrompidos pelo navio que encalhou (mais de R$ 50 bilhões).

O número é baseado em uma estimativa da Lloyd's List, que aponta cerca de US$ 5,1 bilhões em mercadorias passam pelo canal por dia no sentido oeste (Europa) e aproximadamente US$ 4,5 bilhões no sentido leste (Ásia)

G1

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