O policial militar Wesley Soares Góes, de 38 anos, morreu depois de ser baleado pela PM após atirar contra policiais no domingo (28) na região do Farol da Barra, em Salvador.
Na tarde de domingo, Goés foi até a companhia em Itacaré, no sul da Bahia e cerca de 270 quilômetros distante de Salvador, buscou um fuzil com cinco cartuchos de munições e um revólver com 33 munições. Em seguida, partiu para o Farol da Barra, na capital baiana. Ele também estava com uma outra arma, que era de uso pessoal.
Quando chegou ao Farol da Barra, os policiais que estavam no local perceberam que o PM estava descontrolado e se dirigiram até ele, segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
Durante a abordagem, Wesley Góes fez disparos para o alto e gritou palavras de ordem. Ele estava com o rosto pintado de verde e amarelo. A polícia isolou o local e iniciou uma negociação, que durou mais de três horas. Familiares do soldado foram chamados para ajudar.
Durante as tratativas, Wesley arremessou bicicletas de banhistas e atirou isopores de ambulantes no mar. Ele chegou a empurrar motos de PMs e uma viatura. Por volta das 18h30, o soldado fez uma contagem regressiva e atirou ao menos dez vezes contra o Bope, que atirou de volta e baleou o soldado. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu às 23h.O corpo de Wesley foi enterrado sob muita comoção, aplausos e uma homenagem com fogos de artifício na segunda-feira (29), em Itabuna, no sul da Bahia. Amigos, familiares, além de centenas de policiais participaram do enterro no cemitério Campo Santo. Foram os amigos policiais que carregaram o caixão para o momento da despedida.
O que aconteceu no Farol da Barra
- A ocorrência iniciou por volta das 14h, quando o militar chegou armado com fuzil e pistola, na Barra. Imediatamente ele iniciou disparos de fuzil para o alto e foi cercado por unidades policiais do CPR Atlântico e especializadas, que isolaram o local;
- Por volta das 15h, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), uma equipe do Bope iniciou a negociação com o militar. O soldado alternava momentos de lucidez com acessos de raiva, acompanhados de disparos. De acordo com o órgão, além dos tiros de fuzil, o soldado arremessou grades, isopores e bicicletas, no mar;
- No início da noite, por volta das 18h35, o soldado teria falado que havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou os disparos contra as equipes do Bope;
- Após pelo menos 10 tiros, o soldado foi neutralizado e socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE). Segundo o major da 72ª CIPM, Hosannah Santos Rocha, o soldado foi intubado, em estado grave. Horas depois, a morte dele foi confirmada;
- Familiares do soldado foram chamados para ajudar na negociação. Porém, de acordo com o comandante-geral da PM, Paulo Coutinho, durante coletiva nesta segunda-feira, o soldado foi baleado no local, no momento em que o veículo aéreo posou. A família informou que Wesley Góes nunca tinha apresentado surtos.
O que falta saber
- Durante coletiva na segunda-feira, o comandante-geral da PM, Paulo Coutinho, disse que o revide dos policiais faz parte da doutrina de gerenciamento de crise usado "no mundo";
- O comandante-geral não deu detalhes de como seria esse gerenciamento.
Quem é o soldado Wesley
Policial militar que 'surtou' e disparou tiros para cima na região do Farol da Barra, em Salvador era lotado na 72ª CIPM — Foto: Reprodução / Redes Sociais
O soldado Wesley Góes trabalhava na 72ª CIPM, em Itacaré, no sul da Bahia. Ele estava noivo e morava na cidade onde trabalhava.
Segundo a amiga e vizinha de Wesley, Daniela Pereira, ele era conhecido por ser uma pessoa alegre.
"Wesley sempre foi um cara muito do bem, muito família, muito alegre, adorava as crianças e desde sempre foi essa pessoa. Amável, amigável, dócil. E a dor é grande demais, sentimento de perda". disse a amiga.
Outro amigo do soldado, Bruno Araújo, também lembrou da personalidade alegre do policial e se recordou que ele ficou muito feliz em ter passado no concurso da Polícia Militar, em 2008.
De acordo com a Polícia Militar, em 13 anos de serviço, Wesley nunca apresentou comportamentos que sugerissem problemas psicológicos.
Qual foi a repercussão
Policiais do sul da Bahia fazem homenagem a PM morto após atirar em policias em Salvador — Foto: Izabella Reis / TV Santa CruzNa segunda-feira, cerca de 200 policiais fizeram uma homenagem para o PM, na cidade de Itacaré, no sul da Bahia, onde o soldado era lotado. Os policiais, que estavam de máscaras de proteção da Covid-19, fizeram uma roda e uma oração para Wesley Góes.
Já em Salvador, um grupo de policiais fez um ato na região do Farol da Barra. Eles pediram justiça após a morte do soldado. Os manifestantes chegaram a escrever o nome de Wesley Góes no chão do local.
Grupo de policiais fazem protesto na região do Farol da Barra após morte de PM — Foto: Renan Pinheiro / TV Bahia
Ainda na capital baiana, um grupo de policiais também fez carreata na Av. Bonocô, de acordo com Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador).
Nas redes sociais, o governador da Bahia, Rui Costa, lamentou a morte do PM Wesley.
"Quero lamentar profundamente o fato ocorrido neste domingo e ao mesmo tempo manifestar meus sentimentos à família do policial envolvido", disse.
Ainda na postagem, o governador fala também em "estender a solidariedade a todos os policiais que participaram da operação e colocaram suas vidas em risco".
Quem também se pronunciou sobre a morte do soldado foi a deputada Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ela fez uma postagem em que dizia que Góes foi morto por se recusar a "prender trabalhadores".Horas depois, ela apagou a publicação e afirmou que o PM morto estava em surto e que aguarda investigações para se pronunciar sobre o caso, "inclusive diante do reconhecimento da fundamental hierarquia militar".
Bia Kicis faz post dizendo que PM foi morto por se recusar a 'prender trabalhadores' — Foto: Reprodução / Redes Sociais
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