Com quase 16 mil habitantes, a cidade de Biritinga, que fica a cerca de
112 km de Feira de Santana, comemora os resultados positivos da luta
contra a covid-19. De acordo com o último boletim epidemiológico
divulgado segunda-feira (12) pela Secretaria de Saúde do município, há
apenas um caso ativo da doença na cidade e sete casos suspeitos. Desde o
início da pandemia, foram contabilizados o total de 272 casos
confirmados; 419 suspeitas descartadas; 265 curados e seis mortes
provocadas pelo vírus.
Caso os casos suspeitos sejam descartados, a cidade pode novamente zerar
o índice de contaminação, uma vez que segundo a secretaria de saúde, o
único caso ativo está em isolamento e deve receber a liberação para
voltar ao convívio social ainda essa semana.
Moradora Célia dos Reis
Moradora da cidade há 40 anos, Célia dos Reis Silva, de 44 anos,
ressaltou em entrevista ao Acorda Cidade, que busca fazer a parte dela
na prevenção ao coronavírus. A dona de casa informou que evita sair de
casa, a não ser diante de uma grande necessidade.
“Não saio e peço a meus amigos e vizinhos para não saírem e se cuidarem.
A população tem que se cuidar e evitar, porque o vírus está matando.
Está um visgo, não só aqui, como em outras cidades também. Mesmo com
apenas um caso, estou me prevenindo e vou continuar”, declarou.
Para o motorista Roberto de Jesus Santos, de 53 anos, o resultado
positivo de Biritinga se dá pela boa gestão que a prefeitura vem
fazendo, para conter o avanço da doença.
“É um trabalho muito importante que a gestão está fazendo para combater o
avanço da covid em Biritinga, por esse motivo esse resultado positivo
de apenas um caso. Mas é uma força-tarefa no contexto geral.
Ultimamente, a gente não está tendo feirantes de outros municípios, são
só da nossa cidade, estão tendo as medidas e estamos acompanhando muito o
decreto do governo do estado, evitando que tenha aglomeração e por esse
motivo a cidade está conseguindo manter esse número baixo de casos”,
disse.
Conscientização
Prefeito Gil
De acordo com o prefeito Gilmário Souza de Oliveira, conhecido como Gil
de Gode, Biritinga possui 55 comunidades, sendo que alguns povoados têm
um número maior de moradores. Ele afirmou que, devido a um litígio
territorial com a cidade de Sátiro Dias, o número de habitantes passa
dos 17 mil, ainda que oficialmente pelo dados do IBGE, a cidade tenha
uma população estimada em 16 mil.
Segundo o prefeito, quando assumiu a gestão em janeiro deste ano, ele
encontrou pela frente o desafio de tentar diminuir os casos de
contaminação, que estavam elevados. Foi quando optou por endurecer as
medidas de restrição e seguir os decretos emitidos pelo governo do
estado.
“Nós tínhamos um número um pouco elevado de 12 a 13 casos por dia. E com
o passar dos dias começou a crescer, principalmente entre o final de
janeiro e o início de fevereiro, a gente endureceu um pouco as medidas,
endureceu os decretos e orientações de nível estadual e nacional, mas de
uma forma educativa, usamos a maneira mais educada para tratar a
população quanto a isso.”
Para Gilmário Souza, o objetivo principal da administração municipal era
fazer com que a população se conscientizasse da gravidade do vírus e
montaram-se equipes para monitorar as pessoas e orientá-las quanto à
prevenção.
“Nossa equipe, quando ia a campo, tinha o objetivo principal de
orientar. A gente colocou que só com a conscientização das pessoas é que
a gente pode diminuir esse vírus no nosso país. A partir daí, com a
Vigilância Sanitária, Epidemiológica e todos os membros da secretaria de
saúde deram as mãos, nesse objetivo. Montamos uma equipe para monitorar
e conversar com todos os habitantes, não só do município, como da zona
rural. Encerramos as atividades coletivas, a prática de esportes
coletivos, tudo que aglomera. A partir daí os números começaram a cair e
chegamos a zerar”, relatou o gestor ao Acorda Cidade.
Ele espera que os resultados dos casos que ainda estão em análise dêem
negativo, e que nos próximos dias seja possível flexibilizar ainda mais o
funcionamento do comércio e serviços.
“O comércio estava cumprindo o decreto do governo do estado. Foi
relaxado um pouco no início deste mês. Temos uma feira no sábado, e
durante todo o mês de março ela funcionou na sexta, e mudamos a de
quarta para terça. Além disso, proibimos a entrada de comerciantes de
outros municípios, como forma de prevenir o contato. Já o comércio
funcionou normalmente, obedecendo ao toque de recolher, que o governo
decretou. A gente fiscalizava aqueles que pediam um pouco de tolerância,
a gente dava uma certa tolerância, autorizava o delivery, e foi feito
tudo dentro da normalidade sem precisar cassar o alvará de ninguém. Os
comerciantes entenderam, tivemos uma reunião com a CDL, alguns vieram
mais enfurecidos e começavam a questionar e eu fui bem cauteloso,
lembrando a eles que só estavam pensando no lado financeiro, mas
poderiam se contaminar e levar o vírus para dentro de casa e causar uma
fatalidade muito grande. Alguns acabaram se conscientizando e todos
deram as mãos.”
Apesar do baixo índice de contaminação, o prefeito Gilmário alega que a
prefeitura continua em alerta para qualquer alteração dos números, e que
se for necessário, vai endurecer novamente as medidas restritivas.
Monitoramento
Secretaria de Saúde Rose Carvalho
Além da cooperação da população, outro fator que tem colaborado para a
diminuição do ritmo de contágio em Biritinga é a vacinação. Até agora,
segundo a Secretaria de Saúde, 2.188 pessoas já foram vacinadas com a
primeira dose, e desses 648 habitantes já receberam a segunda aplicação.
A secretária Rose Carvalho de Oliveira acredita que para uma cidade do
porte de Biritinga, a grande quantidade de pessoas vacinadas é um grande
diferencial.
“Biritinga é uma cidade de 15.737 habitantes oficialmente. Então a gente
acredita que a quantidade hoje de pessoas vacinadas foi um diferencial.
A cada sete habitantes, um está vacinado. Isso diminuiu a virulência, a
transmissão do vírus. E os casos que acontecem já diminuem a gravidade,
evita-se o aparecimento de variantes mais perigosas e aí a gente vem
tentando conter a pandemia também com o uso da máscara.”
Ela destacou que as equipes das Vigilâncias Epidemiológica e Sanitária
têm feito um trabalho reforçado de orientação aos munícipes, monitorando
casos suspeitos, ligando para as famílias e entregando máscaras aos que
insistem em descumprir as regras.
“A Vigilância Epidemiológica, em parceria com a Vigilância Sanitária,
está fazendo um trabalho diário na zona rural e urbana, porque aqui dois
terços da população é rural e 1/3 é urbana, e eu acredito que o
diferencial é esse trabalho cuidadoso das vigilâncias em estar
monitorando o paciente no dia a dia, ligando para as casas, fazendo esse
acompanhamento, orientando sobre as medidas de quarentena e prevenção.
Um trabalho de educação em saúde, e a vacina só veio a somar e
potencializar o que já vinha sendo feito, em cumprimento ao decreto
estadual.”
Em relação ao caso ativo, trata-se de uma mulher de 38 anos, moradora da zona rural, e que já está prestes a ter alta.
“O primeiro caso de Biritinga começou com uma mulher de São Paulo, fez o
exame lá e veio para cá com o resultado positivo. A partir daí, os
casos foram sucessivos. Biritinga é cortada por duas rodovias, que são a
BA-233, que liga Serrinha a Biritinga, e a BA-084, que vai de Biritinga
a Nova Soure. Então acredito que esse não seja um acesso grande para
outras cidades e isso favorece o município, por não ser um entroncamento
e ter um acesso mais limitado. Colocamos barreiras com a Vigilância
Sanitária na entrada e saída da cidade para os transportes. Sempre
oferecemos máscaras para os viajantes, orientando. Tivemos também a
redução dos feirantes que vinham de outras cidades. Sabemos que não é
fácil, a questão econômica, social, as perdas, mas a gente precisa
salvar as vidas”, afirmou a secretária.
Vacinação
“A vacina em Biritinga tem sido feita de forma planejada. Ela chega em Serrinha e no mesmo instante a base regional de saúde distribui. Quando chega ao município, a gente já tem um planejamento por área de agente comunitário de saúde e por quantitativo da vacina que chega, e aí a gente direciona as doses e tem o cuidado com a administração dessa vacina, porque só pode ser utilizada até seis horas após aberta.”
Ela relatou que para a primeira aplicação foram recebidas 2.203 doses e foram vacinadas 2.188 pessoas. Para a segunda dose, foram 910 vacinas, mas apenas 648 receberam.
“O carro de som está avisando nas comunidades, porque as pessoas não estão acompanhando as datas. Estamos numa pandemia, mas estamos com dificuldade de fazer uma busca ativa para que a população retorne para tomar a segunda dose. Então só hoje precisamos vacinar mais de 200, e o carro de som está nas ruas fazendo o papel de busca desses pacientes.”
Apesar de algumas dificuldades, a secretária de saúde comemora os resultados e acredita que as características do município favoreceram o trabalho da gestão.
“A governabilidade aqui não se compara com uma cidade grande. Mas com o trabalho que a gente faz o resultado vem. Então a gente pede que a população se solidarize. Hoje eu cheguei à cidade e vi pessoas sem máscara, liguei para o carro da Vigilância Sanitária e pedi para ir lá. A gente vê os noticiários todos os dias e algumas pessoas ainda insistem. São poucas, mas a gente percebe como o trabalho educativo de sensibilização precisa ser feito todos os dias”, finalizou.
Com informações do Acorda Cidade
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