"Desmoronei", diz colega ao ver o corpo de policial civil assassinado em Santa Mônica

 

Entre os policiais que tomaram o Largo da Santa Mônica, após a morte do investigador Joel dos Santos de Jesus, 49 anos, baleado na noite dessa segunda-feira (12), estava o colega dele, o também policial civil Érico Araújo, do Departamento de Inteligência (DIP). Ele chegou a tempo de ver a vítima ainda no chão. “Desmoronei quando viu o corpo dele. Meu coração não parava de chorar. Saí de minha casa às pressas, em Lauro de Freitas, quando soube da tragédia”, lamentou. 

Joel trabalhava no Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), no prédio-sede da Polícia Civil, na Piedade, e tinha acabado de sair do expediente quando foi morto durante um assalto. “Ele era muito querido. Para se ter uma ideia, o largo e as ruas próximas ficaram bloqueados de tanta viatura das polícias Civil e Militar. Ele era muito querido por todos”, declarou Araújo. 

Ele disse que ninguém foi preso ainda, mas que o carro usado pelos bandidos foi encontrado pela Polícia Militar abandonado na manhã dessa terça-feira (13). Trata-se de um Ford Fiesta preto, com o para-choque danificado e marca de tiro na porta, e que estaria com a placa clonada. O Sindicato dos Policiais Civis (Sindpoc) também disse que o veículo foi encontrado. “Inclusive o carro já está com o Depom para providenciar a perícia”, declarou o presidente do Sindpoc, Estácio Lopes.    

A Polícia Civil disse que Joel visitava familiares, quando dois criminosos em um veículo Ford Fiesta, cor preta, anunciaram o assalto. “Durante a ação, a dupla percebeu que a vítima estava armada e atirou. O homem morreu no local. A Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM) está à frente das investigações”, disse nota enviada ao CORREIO. 

Em relação ao fato de o Ford encontrado pela PM ser o mesmo usado pelos criminosos, a PC limitou-se dizendo: “Até o momento não podemos confirmar essa informação”. 

Joel era casado e deixou dois filhos adolescentes. O enterro dele foi no Cemitério Campo Santo, na Federação. 

Conversa
O CORREIO voltou na manhã de terça ao local do crime, no Largo de Santa Mônica, que é margeado por oficinas mecânicas e retíficas, próximo ao Conjunto Habitacional Bahia, e encontrou com amigos de Joel, que lamentaram a sua morte. “Estou sem acreditar até agora. Ele era uma pessoa maravilhosa, tranquila, na dele. Ele chegou a morar aqui (apontando para a Rua Doutor Aristides Oliveira, que fica em frente ao largo). Foi quando o conheci”, disse o comerciante Moisés Novaes, dono de uma oficina de carros. 

Novaes disse que Joel tinha saído do trabalho e como de costume, passa para falar com os amigos que fez quando morou na região por dois anos. Para jogar conversa fora, ele parava no point da região, que fica na rotatória, onde, embaixo de uma amendoeira, as pessoas comem espetinho de carne e frango assados na hora e bebem cerveja.

“Ele sempre vinha aqui. Na hora quando tudo aconteceu, a dona da barraca já estava recolhendo tudo, pegando as cadeiras, por conta do toque de recolher, quando os bandidos chegaram e anunciaram o assalto. Um deles percebeu que ele estava armado e atirou”, contou. 

Dor
A morte de Joel foi sentida também pelos colegas, com a vice-presidente do Sindpoc, Ana Carla Souza. “Conhecia ele. Sempre o encontrava na sede (prédio-sede da PC). A gente conversava muito. Era uma pessoa alegre e também um policial de linha de frente. Todo mundo sabia quem era ele e a sua conduta. Um profissional exemplar. Ele era tão querido, que está todo mundo desde ontem trabalhando sem parar para pegar os assassinos. Nossa dor é grande”, declarou a vice-presidente do Sindpoc. 

O presidente do sindicato também lamentou o ocorrido e disse que a morte de Joel expõe a ainda mais a fragilidade da segurança pública do estado. “Isso representa a banalização da violência na Bahia.  O estado vem liderando o ranking de homicídios no país. Isso mostra que estamos inseguros com tantas mortes, explosões a bancos, roubos de ônibus”, disse Estácio Lopes. 

Joel assumiu o cargo de investigador em 29 de novembro de 2005 e dedicou sua carreira ao combate à criminalidade. Ele iniciou sua passagem pela Polícia Civil na 4ª Delegacia Territorial (DT) de São Caetano e estava lotado na sede do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), na Piedade, desde 2014. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) emitiu uma nota de solidariedade à família e aos colegas de Joel. 

Correio 24 horas

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