Análises preliminares indicam que os disparos efetuados pela polícia contra Wesley Soares Góes, PM morto na Barra, foram "para matar", não para neutralizar, de acordo com os peritos contratados pela família do policial.
A perícia particular realizou uma reconstituição dos passos de Wesley no Farol da Barra, local do fato, na tarde desta terça-feira (13). Segundo o perito Eduardo Llanos, a perícia já sabe qual foi a trajetória dos tiros e a posição dos atiradores.
"Já sabemos como foi toda essa dinâmica, já sabemos que os disparos foram feitas pra matar, e não pra reduzir, e que o excesso foi desnecessário, em cima de uma pessoa que, no primeiro disparo, já veio ao chão", afirmou em entrevista ao BNews.
"O fato dele atirar para o ar não significa que ele vai matar alguém", acrescentou, sobre a versão da polícia de que Wesley disparou contra a guarnição que negociava com o PM.
Um vídeo mostra o momento em que o policial em suposto surto atira a poucos metros dos agentes. No chão, ele chega a efetuar alguns disparos. O laudo da perícia deve ficar pronto em até 15 dias, e deve ser anexado ao processo.e acordo com o advogado da família, Dinoemerson Nascimento, testemunhas afirmam que Wesley não atirou na direção de qualquer pessoa.
"Todas foram uníssonas em afirmar isso. Todos os disparos que Wesley efetuou foram para cima, e nenhum em direção de pessoa, nem de policial algum. Por isso, os peritos estão aqui para comprovar cientificamente a distância que Wesley tava, que em nenhum momento Wesley atirou contra a guarnição do Bope", afirmou à reportagem.
Ainda segundo o defensor, familiares do soldado da PM lotado em Itacaré, no sul do estado, afirmam que ele nunca aparentou problemas emocionais.
"Ele estava apreensivo pelo fato de ter solicitado algumas vezes a transferência dele da unidade que ele trabalhava e ter sido negada pelo comandante dele sem nenhum fundamento, mas a família falou que em nenhum momento apresentou qualquer problema emocional, qualquer problema psicológico. Estava apenas apreensivo, como é normal, como um trabalhador comum que tem o seu pleito negado", pontuou.
"Mas, na contramão, nós temos a preocupação de procurar entender se existiu algum assédio, alguma pressão psicológica por parte do comando, que nós sabemos que na Polícia Militar do Estado da Bahia é muito comum que isso aconteça [...] Estamos investigando. Algumas pessoas estão sendo ouvidas nesse sentido", acrescentou o advogado.
B.News
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