O prefeito Rafael Greca (DEM) encaminhou à Câmara Municipal de Curitiba (CMC) um projeto que prevê multa para quem distribuir comida aos moradores de rua sem autorização da prefeitura.
Atualmente, são quase 3 mil moradores de rua em Curitiba, segundo a prefeitura. Pela proposta, quem “distribuir alimentos em desacordo com os horários, datas e locais autorizados pelo Município de Curitiba”, poderá ser multado de R$ 150 a R$ 550, após advertência.
O projeto de lei entrou entre as votações da CMC na segunda-feira (29), junto com um requerimento de que, nesta quarta-feira (31), fosse votado em regime de urgência. O pedido era para que a tramitação desse projeto fosse acelerada, mas o requerimento foi retirado de pauta pelos vereadores, que optaram pela tramitação habitual.
Projeto de Curitiba prevê multa para quem distribuir alimentos aos moradores de rua sem autorização da prefeitura. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Voluntários respondem
Ao saber do projeto de lei, organizações não governamentais e grupos de voluntários que distribuem os alimentos aos moradores de rua fizeram uma carta aberta. As ONGs disseram que foram pegas de surpresa.
“Em meio a tantos problemas, tantas demandas não cumpridas, tantas possibilidades efetivas de resolver de forma eficaz o problema, a atitude é esta: proibir e penalizar quem faz”, disse a carta aberta assinada pelas ONGs.
Carlos Umberto dos Santos, coordenador do Movimento Nacional da População de rua, disse que a prefeitura vai contra o objetivo dos voluntários.
“A gente está ajudando essas pessoas em desigualdade social. Eles precisam dessa alimentação, é o que sustenta o dia dessas pessoas. Viver na rua ninguém quer”, defendeu.
Moradores de rua sendo atendidos por equipes da FAS em Curitiba. — Foto: Reprodução/RPC
O que diz a prefeitura de Curitiba?
Em nota, a prefeitura explicou as razões do projeto, que ganhou o nome de Programa Mesa Solidária. Segundo a proposta, seriam feitas apenas mudanças na forma da distribuição de comida aos moradores de rua.
Conforme a Prefeitura de Curitiba, tem que haver organização porque há descompasso no fornecimento das marmitas: em alguns momentos os alimentos são oferecidos em exagero e, em outros, faltam alimentos.
A distribuição dos alimentos sem controle é arriscada, conforme a prefeitura. A ideia é que, além de ser organizado, com cadastro dos grupos e ONGs de voluntários, haja o controle sanitário, com a distribuição em locais específicos.
A prefeitura defende que, quando há o fornecimento exacerbado, os resíduos deixados pelos moradores de rua acabam atraindo vetores urbanos e pragas.
Além do manifesto das ONGs, a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção do Paraná (OAB-PR) pediu esclarecimentos à prefeitura e também à CMC.
G1
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