Se depender da APLB-BA, as aulas só retornam em novembro, diz secretário

[Se depender da APLB-BA, as aulas só retornam em novembro, diz secretário]

Com cerca de 500 mil pessoas vacinadas contra a Covid-19, Salvador já tem data marcada para o retorno das aulas presenciais. O anúncio da Prefeitura, contudo, não é suficiente para garantir que no dia 3 de maio os professores estejam nas salas, já que a APLB-BA avisou que a categoria não vai retornar sem todos os profissionais vacinados.

O secretário de Educação do Município, Marcelo Oliveira, confirmou em entrevista ao BNews nesta quarta-feira (28) que a Prefeitura de Salvador vai se empenhar para imunizar o máximo de professores e profissionais que trabalham nas escolas como porteiros, agentes da limpeza e funcionários do setor administrativo.

Entretanto, o secretário diz que é impossível cumprir a exigência da APLB-BA, que quer 100% do efetivo vacinado, incluindo aqueles com menos de 30 anos, sem que tenha iniciado a imunização de outras categorias que estão na linha de frente nesta pandemia, como os rodoviários. 

Segundo o secretário, se depender do sindicato, as alunos da rede pública e particular da capital só voltam a ter aulas presenciais no fim deste ano.

"Essa posição da APLB considero como obstinada, causando prejuízo irreparável. Se formos atender aos pleitos deles, só voltaremos em novembro, quando teremos vacina para o pessoal de 30 anos. Tem a segunda dose e eles ainda querem mais 15 dias para o período de imunidade, vamos acabar 2021 sem aulas desse jeito", justifica. "Vai ser um desastre, uma geração perdida, uma bomba-relógio social que estamos armando agora. Não é alarmismo, é só olhar os fatos", completou.

Marcelo Oliveira criticou ainda o "terror" espalhado não apenas pelo sindicato, mas também por parte dos veículos de comunicação, que exageram ao citar os riscos do retorno das aulas. Ele garante que a atividade tem potencial menor de disseminação da doença do que outras atividades comerciais.

"Abrem os bares, os restaurantes, e só vai morrer se for para a escola?", indagou. 

"As famílias ficam aterrorizadas de mandarem as crianças para a escola, porque os professores falam que a escola é um matadouro, a mídia. Mas, ao contrário, é uma atividade econômica de menor risco do ponto de vista da Covid, no molde que estamos voltando. Temos estudos de 191 países de volta às aulas durante a pandemia em que foi constatado que não teve nenhuma relação com o aumento de casos", garante o secretário.

O professor Rui Oliveira, presidente da APLB-BA, discorda do secretário. "Ele não é médico, não é infectologista", disse em conversa por telefone com o BNews nesta manhã.

A APLB-BA se reúne hoje, às 14h, com o prefeito Bruno Reis (DEM), para tratar do assunto. 

Para o líder sindical, a chegada das doses do imunizante russo contra o novo coronavírus, Sputnik V, pode alterar todo o panorama e antecipar o plano atual de vacinação, que segundo o secretário só permitiria o retorno das aulas em novembro, quando chegar a vez das pessoas com menos de 30 anos.

"Nós só temos uma reivindicação, que é salvar vidas [...] ele não entende de vacinas. Se chegar a Sputnik, a Bahia estará vacinada em um mês. Ele é muito futurologista. O problema é a vacina, que se tornou uma luta política", apontou o professor, ao ressaltar a disputa internacional pelo protagonismo no mercado de vacinas, que inclui a Rússia, EUA, China e Índia, por exemplo.

O Governo da Bahia tem um contrato com a fabricante da vacina russa para a compra de 9,7 milhões de doses.

Sobre as pesquisas que a Secretaria de Educação teria usado como base para elaborar o seu plano de retomada com segurança, o professor diz que não se aplica ao modelo brasileiro.

Segundo Rui Oliveira, os países que retomaram as aulas presenciais passaram por um verdadeiro lockdown, que é o fechamento completo de serviços, inclusive, como o transporte, o que nunca aconteceu efetivamente no Brasil.

Esta medida mais dura, ressalta o presidente da APLB-BA, foi fundamental para que países europeus pudessem voltar com o ensino presencial.

"Lá na Europa eles garantiram condições sócio-econômicas totalmente diferentes. Quer comparar com a Bahia, Sergipe, com altos índices de pobreza, com a França, Suíça", provoca.

 

B.News

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