Nota do editor: este é um resumo de várias das principais notícias da China em 5 de maio de 2021.
País com forças armadas muito menores e sem armas nucleares, a Austrália decidiu insinuar uma guerra com a China.
Em 25 de abril, a data simbólica do Dia de Anzac, quando a Austrália homenageia seus mortos na guerra, o recém-nomeado Ministro da Defesa, Peter Dutton, disse que um conflito com a China sobre Taiwan não deveria “ser descartado”, acrescentando que os australianos precisam ser “realistas” sobre as tensões na região.
Em outra mensagem durante o Dia de Anzac, a principal autoridade do poderoso departamento de Assuntos Internos da Austrália, Mike Pezzullo, disse a sua equipe que “nações livres” estavam ouvindo os “tambores da guerra” bater novamente.
Poucos dias depois, o primeiro-ministro Scott Morrison anunciou US$ 580 milhões em modernizações militares. Uma semana depois, vários jornais publicaram instruções confidenciais do major-general da Austrália, Adam Findlay, aos soldados das forças especiais, nas quais ele disse que o conflito com a China era de “alta probabilidade”.
A ideia de a Austrália travar uma guerra contra a China por conta própria é ridícula. No ano passado, os gastos militares da Austrália foram de cerca de US$ 27 bilhões, de acordo com o Instituto de Pesquisa Stockholm International Peace. Os gastos da China, no mesmo período, foram quase 10 vezes mais, estimados em cerca de US$ 252 bilhões, o segundo maior do mundo.
Além disso, a China é uma potência nuclear. Já a Austrália, não.
As relações entre Canberra e Pequim estão congeladas há quase um ano, desde que Morrison e seu governo enfureceram o governo chinês ao pedir publicamente uma investigação sobre as origens da pandemia de Covid-19. Desde então, as exportações australianas para a China – incluindo carvão, trigo e vinho – tem enfrentado muitos obstáculos.
O governo australiano se moveu para confrontar Pequim sobre as alegações de abusos dos direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong, e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, se juntou à mídia estatal para destacar o fraco histórico de direitos humanos da Austrália sobre refugiados e indígenas australianos.
Mas muito da retórica de guerra da Austrália é na verdade impulsionada pela política interna, disse Yun Jiang, editora-chefe do Centro sobre a China no Mundo, da Universidade Nacional da Austrália. O governo de Morrison está sob pressão por causa das alegações de que tratou mal a campanha de vacinação contra a Covid-19 e pode estar tentando mudar o foco.
“Concentrar-se em um inimigo externo geralmente tem sido bastante eficaz para unir o sentimento público e se reunir em torno do governo”, disse ela. “Eu acho que é irresponsabilidade do governo falar sobre isso assim. Guerra é um assunto muito sério”.
As palavras do governo australiano, no entanto, podem refletir preocupações reais sobre a possibilidade de uma invasão chinesa em Taiwan – um conflito que poderia envolver toda a região da Ásia e até mesmo os Estados Unidos. Mas essa perspectiva aterrorizante, disse Yun, é provavelmente o motivo pelo qual outros aliados dos EUA, mais próximos da esfera de influência de Pequim, como a Coreia do Sul e o Japão, não estão ecoando a linguagem agressiva de Canberra.
China não para de falar sobre o divórcio de Bill e Melinda Gates
O divórcio de Bill e Melinda Gates caiu como uma bomba na China, onde o cofundador da Microsoft alcançou um nível de fama diferente de quase qualquer outro empresário ocidental.
A hashtag “divórcio de Bill Gates” gerou mais de 810 milhões de visualizações e 65 mil postagens de discussão na plataforma chinesa Weibo, semelhante ao Twitter - ultrapassando de longe os 91 milhões de visualizações acumuladas quando o fundador da Amazon, Jeff Bezos, se divorciou de MacKenzie Scott, em 2019.
Os usuários chineses do Weibo discutiram sobre tudo, desde como o casal dividiria sua enorme fortuna até se o divórcio afetaria a Microsoft ou sua fundação. Por meio de sua organização filantrópica, o casal gastou US$ 53,8 bilhões em saúde global, redução da pobreza e outras iniciativas. (Bill Gates vale cerca de US$ 146 bilhões, de acordo com o Índice Bloomberg Billionaires, e o casal prometeu doar a grande maioria de sua riqueza para caridade).
Até mesmo figuras proeminentes da tecnologia na China entraram na conversa: Kai-fu Lee - o ex-diretor do Google China, que ajudou a estabelecer o Microsoft Research Lab Asia, uma rede extremamente influente na China – disse que era difícil para ele acreditar na notícia. Bill e Melinda são “o casal mais afetuoso que já vi entre os empresários famosos”, disse ele em um post do Weibo.
O grande interesse pode, em parte, ser um resultado não intencional da estratégia da Microsoft na China. Embora Bill Gates não comande mais a Microsoft, a empresa passou décadas construindo relacionamento com Pequim. Seus produtos têm uma presença considerável na China, embora outras empresas de tecnologia ocidentais tenham sido bloqueadas. E isso provavelmente contribuiu para a atração pessoal de Bill Gates – ele agora tem mais de 4,1 milhões de seguidores no Weibo, superando os 1,7 milhão do CEO da Tesla, Elon Musk, e o chefe da Apple, Tim Cook, que tem 1,4 milhão.
Por Laura He
Ao redor da Ásia
- Um tribunal indiano comparou a morte de pacientes com Covid-19 devido à falta de oxigênio a “genocídio”.
- O Pentágono está rastreando um foguete chinês planejado para reentrar na atmosfera da Terra neste fim de semana.
- O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse a seu gabinete que só ele pode xingar em público, depois que um ministro xingou a China e disse para o país “cair fora” das águas das Filipinas.
- Os legisladores da Nova Zelândia vão debater os abusos dos direitos humanos em Xinjiang nesta quarta-feira, mas devem evitar a palavra “genocídio” por insistência do Partido Trabalhista que está no poder, diz a oposição.
- Enquanto isso, na China, o número de mulheres que dizem se arrepender de terem se casado mais que dobrou desde 2012, de acordo com uma nova pesquisa do governo.
Acordo entre União Europeia e China está por um fio
Quando a União Europeia e a China assinaram um acordo preliminar de investimento em dezembro, após anos de negociações e contra um esforço de lobby de última hora dos Estados Unidos, isso parecia um golpe diplomático para Pequim.
Mas a dificuldade está nos detalhes, especialmente quando esses detalhes têm de ser ratificados pelo Parlamento Europeu.
Esse sempre seria o obstáculo mais difícil para o acordo comercial se resolver, com muitos legisladores importantes criticando estritamente os registros de direitos humanos da China e supostas proteções contra o trabalho forçado incluídas no acordo.
Depois que a União Europeia se juntou aos Estados Unidos e ao Reino Unido sancionando autoridades chinesas por abusos em Xinjiang, Pequim respondeu, fazendo o mesmo por 10 políticos europeus, gerando apelos imediatos para que o acordo comercial fosse cancelado.
“O regime chinês está cometendo um crime contra a humanidade. As sanções da União Europeia visam criminosos e entidades responsáveis pelas atrocidades sistêmicas contra os uigures. Em resposta, as medidas chinesas são um ataque direto às nossas instituições democráticas”, declarou o deputado do parlamento europeu, Raphaël Glucksmann, no mês passado.
Na terça-feira (4), o acordo parecia estar oscilando: a AFP, agência de notícias francesa, citou Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, dizendo que “o ambiente não é propício para a ratificação do acordo”.
Em um comunicado, uma porta-voz da Comissão parecia retroceder, mas admitiu que o processo de ratificação “não pode ser separado da dinâmica de evolução das relações mais amplas entre a UE e a China”.
Foto do Dia
Recuperando a forma: Acrobatas se apresentam em show durante o feriado de May Day, em 3 de maio de 2021, em um shopping center nos arredores de Pequim, China. A economia do país está mostrando sinais de crescimento novamente agora que o coronavírus está amplamente sob controle.
CNN
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