A força-tarefa com 270 policiais faz buscas por Lázaro Barbosa de Souza, de 32 anos, suspeito de matar uma família em Ceilândia, no DF, desde 9 de junho. A operação monitora as cidades de Cocalzinho de Goiás e Águas Lindas de Goiás, onde Lázaro teria passado por dentro de matas.
São usados helicópteros, dezenas de viaturas, cães farejadores, drones
com visão térmica, rádios especiais com alcance de 30km e antenas
amplificadoras de sinal para encontrar o fugitivo
Apesar de todo aparato tecnológico, o suspeito conhece bem as matas da região, onde nasceu e foi criado. Ele é considerado "mateiro", segundo o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, o que dificulta as buscas.
Veja o que se sabe e o que ainda falta saber sobre as buscas e a investigação:
- Quando e como ele fugiu?
- Por onde ele fugiu?
- Como descobriram que ele matou a família no DF?
- Onde ele foi visto em Cocalzinho de Goiás?
- O que diz a polícia sobre a caçada?
- Ele recebeu ajuda para se esconder?
- O que dizem as pessoas que teriam visto Lázaro cara a cara?
- Quais equipamentos a polícia usa nas buscas?
- Por que Lázaro ainda não foi encontrado?
- Por quantos crimes ele é investigado?
- Quantas pessoas foram presas na operação e quem são elas?
- Qual a relação dos suspeitos com o Lázaro?
- O que eles alegam?
- Quanto custa cada dia da força-tarefa?
Lázaro Barbosa — Foto: Reprodução
Quando e como ele fugiu?
Lázaro é suspeito de invadir uma chácara no Incra 9, em Ceilândia (DF), em 9 de junho, matar a tiros e a facadas um casal e dois filhos, além de roubar itens do local. Ele teria rendido o caseiro, o dono da propriedade e a filha dele.
Desde então empreendeu fuga por matas e rodovias. Furtou carros, incendiou e os deixou abandonados no meio do caminho.
Cláudio Vidal, Cleonice Marques, Gustavo Vidal e Carlos Eduardo Vidal foram mortos por Lázaro Barbosa — Foto: Arquivo pessoal
Por onde ele fugiu?
O suspeito fugiu inicialmente por matas fechadas e cruzou a divisa entre o DF e Goiás. Depois furtou carro, andou pela rodovia BR-070, onde o incendiou e abandonou na pista.Ele chegou a Cocalzinho em 11 de junho, segundo a polícia. Entrou no mato e tem fugido por córregos e rio, principalmente, para não deixar rastros.
Carro abandonado queimado por Lázaro na BR-070, segundo a polícia — Foto: TV Globo / Reprodução
Como descobriram que ele matou a família no DF?
Após os crimes contra a família no DF, Lázaro teria invadido uma outra chácara, no Incra 9, na mesma região. Ele ficou por quatro horas no local, fez as pessoas reféns, roubou o veículo e fugiu para Goiás. Depois dessa invasão, a polícia do DF acredita que ele seja o principal suspeito de matar as quatro pessoas da mesma família.
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Onde ele foi visto em Cocalzinho de Goiás?
Policiais e moradores relataram que viram Lázaro passar por várias fazendas da cidade, nos distritos de Girassol e Edilândia, além de ser reconhecido por pessoas que foram feitas reféns por ele.
O que diz a polícia sobre a caçada?
O secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, disse que Lázaro é "mateiro" e conhece muito bem a região de Cocalzinho. Em algumas ocasiões, as equipes dizem ter chegado perto de pegá-lo, mas ele fugiu pela mata."Ele, além de ser um psicopata, é da região. É o que nós chamamos de 'mateiro', acostumado a se emburacar no mato. Ele deve ter outra motivação psicótica. Está muito focado em seguir na trajetória criminosa", disse Miranda.
Os passos de Lázaro: onde o suspeito já foi visto ou cometeu crimes no Centro-Oeste
O que dizem as pessoas que teriam visto Lázaro cara a cara?
Uma moradora de Cocalzinho de Goiás, que preferiu não ter a identidade divulgada, contou que atendeu Lázaro Barbosa na padaria em que trabalha, no dia 26 de junho.
"Foi muito rápido e ele estava nervoso. Ele está bem diferente, está mais magro, está mais moreno, o cabelo está um pouco grande e 'lambido' para trás", disse.
Uma parente de uma família feita refém por Lázaro contou que eles viveram momento de desespero dentro de uma mata. Eles foram resgatados pela polícia, que trocou tiros com o suspeito.
"Ele falou que ia matar os três. Quando viu o helicóptero deitou eles no chão e os tapou com folhas. Quando a polícia chegou por terra, ele atirou contra a polícia", contou a familiar dos reféns.
Quais equipamentos a polícia usa nas buscas?
São usados helicópteros, dezenas de viaturas, cães farejadores, drones com visão térmica, rádios especiais com alcance de 30km e antenas amplificadoras de sinal para encontrar o fugitivo.
Carro usado para melhorar sinal de comunicação da força-tarefa que procura Lázaro Barbosa, em Cocalzinho de Goiás — Foto: Giovana Dourado/TV Anhanguera
Por que Lázaro ainda não foi encontrado?
De acordo com Rodney Miranda, o fugitivo consegue se esconder muito bem em matas, córregos, rios e grutas da região, o que dificulta o trabalho de buscas.
A polícia prendeu um fazendeiro e um caseiro suspeitos de auxiliarem a fuga de Lázaro dando suporte para ele comer, dormir e descansar. O caseiro recebeu liberdade provisória. Ele contou detalhes de como era a rotina de Lázaro na chácara (leia abaixo).
Um dos presos suspeito de ajudar Lázaro Barbosa na fuga em Goiás — Foto: Reprodução/TV Globo
Por quantos crimes ele é investigado?
Ao todo, ele é suspeito de pelo menos nove crimes: roubo, estupro, sequestro, tentativa de homicídio, homicídio, furto, porte ilegal de arma de fogo, tentativa de latrocínio e invasão.Lázaro foi condenado por duplo homicídio na Bahia. É suspeito de crimes de roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo no DF e em chácaras de Goiás.
Buscas por Lázaro Barbosa são feitas por mais de 200 policiais do DF e Goiás — Foto: TV Globo / Reprodução
Quantas pessoas foram presas na operação e quem são elas?
A operação prendeu duas pessoas até 26 de junho. Um caseiro e um fazendeiro suspeitos de ajudarem a fuga de Lázaro Barbosa.
Qual a ligação dos suspeitos com o Lázaro?
A investigação apura o grau de relação de Lázaro com os dois presos.
O que eles alegam?
Segundo depoimento do caseiro, o patrão dele era amigo da família do fugitivo. Como ele era funcionário da fazenda, apenas cuidava do local.
A defesa do fazendeiro negou que o cliente tenha abrigado Lázaro e disse que as declarações do caseiro não são verdadeiras.
Quanto custa cada dia da força-tarefa?
O valor ainda não foi divulgado oficialmente pelo Secretário de Segurança Pública, que coordena os trabalhos com as polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal.
Estima-se que o custo de uma hora de voo de um helicóptero seja de R$ 5 mil, de acordo com pilotos consultados pela TV Anhanguera. A força-tarefa dispõe de três aeronaves.
Caçada ao assassino Lázaro Barbosa chega ao 18° dia
Veja como o fazendeiro teria ajudado Lázaro:
- Alimentação
Lázaro
tomava café da manhã, almoçava e jantava na fazenda. O caseiro disse no
depoimento, na quinta-feira (24), que percebeu a falta de leite na
geladeira, copos sujos na pia e pães na mesa, sendo que nem ele nem o
fazendeiro dormiam no local. Ele disse que ouviu o chefe chamar por
Lázaro no horário de almoço, informando que a comida estava pronta, e
que reparou quantidades maiores de refeição sendo preparadas.
"Vem almoçar Lázaro", gritava o fazendeiro em direção à mata, segundo o caseiro.
Á noite, antes de ir embora, o patrão gritava novamente em direção ao mato: "A porta vai ficar aberta", conforme o depoimento.
Segundo o caseiro, Lázaro Barbosa dormia na fazenda há pelo menos cinco dias.
- Esconderijo em depósito
O fugitivo usava um depósito da casa para se esconder quando a polícia passava pela região. Nesse local, ficavam equipamentos e uma máquina de cortar grama.
Na ocasião em que policiais entraram na fazenda e prenderam os dois, o caseiro relatou que Lázaro viu a chegada da equipe e correu para este depósito.
O caseiro cuidava das vacas e voltou para o interior da casa. Logo, o fugitivo fez um sinal com as mãos para ele sair da residência. Ao olhar para fora, viu equipes da força-tarefa na cerca de arame. Ele não avisou que Lázaro estava escondido no depósito por ter sido ameaçado de morte.
Cerco policial que procura por Lázaro Barbosa seguem até a noite, em Girassol, Cocalzinho de Goiás — Foto: Guilherme Rodrigues/G1Pernoites
Segundo o depoimento do caseiro, Lázaro dormiu na fazenda entre os dias 18 e 23 de junho. Ele contou que percebeu que o colchão de um dos quartos sempre estava fora do lugar original todos dias.
Ele ressaltou que nem ele nem o patrão dormem na chácara. Uma outra ordem dada pelo chefe era de deixar as portas destrancadas quando fosse embora.
- Proteção contra a polícia
O fazendeiro teria atuado também a favor de Lázaro quando impediu a entrada de policiais da força-tarefa para vasculharem a área. Na tarde do dia 23 de junho, uma equipe do Comando de Operação de Divisas da Polícia Militar (COD) foi proibida de entrar na fazenda pelo proprietário.
Em relação à proibição da entrada de militares em sua propriedade, o advogado alega que o fazendeiro proibiu porque os policiais saem e deixam as portas abertas, o que provoca a saída de animais do local.
O
caseiro disse que recebeu ordens de não deixar a polícia entrar no
terreno desde o dia 18 de junho. Ele trabalhava na fazenda há 21 dias.
Buscas por Lázaro Barbosa são feitas por mais de 200 policiais do DF e Goiás — Foto: TV Globo / Reprodução
Um major do COD contou em depoimento que a equipe desautorizada a entrar foi tratada com desrespeito pelo fazendeiro, que também alegou que a polícia não sabia trabalhar.
No dia 24 de junho, uma outra equipe voltou ao local e encontrou uma porteira trancada com um cadeado. Passaram por debaixo dela. Ao caminhar dentro do terreno, encontraram outra porteira fechada com cadeado e passaram novamente por ela.
Buscas por Lázaro Barbosa, acusado de chacina de família no DF, já duram 17 dias. — Foto: TV Globo/ Reprodução
Relação de proximidade
O depoimento do major do COD relata ainda que o caseiro revelou uma relação de proximidade entre o fazendeiro e a família de Lázaro. O patrão teria prestado auxílio financeiro aos familiares quando o irmão de Lázaro morreu.
A mãe e o tio do fugitivo já trabalharam para o fazendeiro. No dia em que a polícia conseguiu entrar na casa, um militar viu o nome do tio de Lázaro escrito com tinta numa parede da residência.
Os passos de Lázaro: onde o suspeito já foi visto ou cometeu crimes no Centro-Oeste
Cronologia da fuga
- 9 de junho: Lázaro invadiu uma chácara no Incra 9, em Ceilândia (DF), onde matou a tiros e a facadas um casal e dois filhos. Roubou a chácara após o assassinato da família. Ele teria rendido o caseiro, o dono da propriedade e a filha dele;
- 11 de junho: Lázaro fugiu para Cocalzinho de Goiás logo em seguida;
- 12 de junho: Ele atirou em quatro pessoas, invadiu fazendas e colocou fogo em uma casa ao fugir da polícia. Os feridos foram levados a hospitais da região;
- 13 de junho: Furtou um carro e o abandonou na BR-070 após avistar uma barreira policial, dando sequência à fuga para uma mata;
VÍDEO: Quem é Lázaro Barbosa, fugitivo procurado por mais de 200 agentes
- 14 de junho: Caseiro de Cocalzinho de Goiás disse à polícia que atirou em Lázaro Barbosa após ele falar que ia entrar na casa. Chacareiro relatou que ele fugiu depois de ser atingido. Lázaro foi filmado no curral de uma fazenda entre os distritos de Edilândia e Girassol. A polícia acredita que ele passou a noite no local. O caseiro diz que o homem pediu comida e em seguida fugiu para a mata;
- 15 de junho: Dois policiais militares de Goiás foram baleados durante buscas do suspeito. Delegado diz que Lázaro fez casal e adolescente reféns em Edilândia. Uma parente da família relatou os momentos de pânico;
- 16 de junho: Lázaro Barbosa foi visto por um morador em uma área rural;
- 17 de junho: a polícia retomou as buscas em matas da região e mudou a base de operação pela segunda vez. Houve nova troca de tiros e secretário de segurança pública acredita que ele esteja ferido;
- 18 de junho: durante buscas o secretário de segurança pública disse que acredita ter visto Lázaro. Segundo PRF, ele foi visto em um chiqueiro durante a tarde, mas fugiu novamente para vegetação;
VÍDEO: Polícia busca criminoso que matou casal e dois filhos no DF
- 19 de junho: Houve uma grande movimentação de policiais na região de Águas Lindas depois que um morador afirmou ter visto Lázaro em uma gruta da região. No mesmo dia, a cadela que atuou nas buscas pelas vítimas da tragédia de Brumadinho chegou a Cocalzinho de Goiás;
- 20 de junho: as buscas por ele foram intensificadas por policiais civis, militares e federais. Foram usadas três aeronaves e cinco cães farejadores na caçada;
- 21 de junho: Pela manhã uma moradora denunciou que viu um homem, parecido com o fugitivo, passar por uma propriedade rural. Policiais e bombeiros com cães farejadores acompanharam a mulher para fazer uma verificação na área. Militares de vários batalhões vasculharam casas rurais em busca de pistas e rastros que Lázaro possa ter deixado;
- 22 de junho: policiais retomam buscas por Lázaro e recebem rádios comunicados do Exército Brasileiro com alcance de 30km. Pela manhã, equipes periciaram um carro que foi encontrado queimado e, à tarde, um lençol e um serrote, que foram encontrados em um local onde o criminoso pode ter se abrigado, em Águas Lindas de Goiás. À noite, um novo cerco foi montado após troca de tiros entre fazendeiro e suposto invasor;
Longa fila de pessoas impedidas de passar por estrada de terra por causa de cerco em busca de Lázaro Barbosa Goiás — Foto: Guilherme Rodrigues/G1 GO
23 de junho: a SSP disponibilizou um aplicativo para que moradores em uma área de 100 km de distância da região de busca possam fazer denúncias ou pedidos de ajuda. Equipes fizeram buscas em áreas de chácara, mas não conseguiram localizar pistas do fugitivo;
- 24 de junho: a força-tarefa saiu durante a tarde para fazer buscas em uma região de chácaras de girassol. O secretário de segurança, Rodney Miranda, saiu em uma viatura descaracterizada. Helicópteros também sobrevoaram a região.
- 25 de junho: a operação continuou em buscas pelo fugitivo na mesma região onde o caseiro e o fazendeiro foram presos suspeitos de ajudarem na fuga. O secretário de Segurança, Rodney Miranda, esteve no local para acompanhar.
Veja percurso feito por Lázaro Barbosa de Sousa após matar família no DF — Foto: Arte/G1
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