Energia Eletrica :Com conta de luz mais cara em julho, especialistas apontam formas de tentar economia

 Geração de energia ficou mais cara devido à crise hídrica no país | Foto: Marcello Casal Jr. | Agência Brasil - Foto: Marcello Casal Jr. | Agência Brasil


Com a conta de luz mais cara a partir de julho por causa do reajuste de 52% da bandeira tarifária vermelha patamar 2, especialistas apontam o que os consumidores podem fazer para tentar economizar. O sistema já operou em junho com a bandeira vermelha 2, mas agora a taxa extra passará dos atuais R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos.

Pelas contas dos especialistas, a mudança deverá representar uma alta entre 4,8% e 8% no valor final da conta. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que o reajuste total será de 8,12%.

O engenheiro eletricista Luiz Carlos Lima, sócio-fundador e CEO da Voltxs Energia, calcula que uma residência com consumo mensal de 400 kWh pagou, em junho, R$ 401,43 de energia. Em julho, a conta deverá ser de R$ 420,69, o que representa um aumento de 4,8%.

Aprovado nesta terça-feira, 29, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o reajuste é decorrente do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que causa o acionamento das termelétricas, mais caras. O custo extra para a geração de energia é repassado aos consumidores pelo sistema de bandeiras tarifárias, criado em 2015.

"O que mais consome energia são os equipamentos que geram aumento de temperatura, como chuveiro elétrico e ferro de passar", afirma Pedro Rio, CEO da Clarke Energia. Outro grande "vilão" do consumo de energia é o ar-condicionado. A saída para evitar o aumento da conta, aponta o especialista, é consumir menos ou, eventualmente, fazer adaptações, como trocar o chuveiro elétrico por um a gás, por exemplo. O cenário, destaca Rio, oferece mais alternativas às empresas, de modo geral. "Hoje, o [consumidor] residencial não tem muita liberdade. As empresas já tem um grau de liberdade maior, como a geração de energia solar ou a compra dessa mesma energia", diz.

“Os nossos clientes podem economizar energia com mudanças de hábitos ou investindo em aparelhos mais eficientes, lembrando que o investimento inicial se paga com a redução do valor da conta de luz”, afirma Ana Christina Mascarenhas, gerente de Eficiência Energética da Neoenergia, controladora da Coelba.

Ao comprar eletrodomésticos, a dica é preferir modelos mais eficientes, com o Selo Procel ou a classificação de consumo de energia “A” estabelecida pelo Inmetro. É importante verificar o consumo descrito na etiqueta, porque a variação de uma marca para outra pode ser de até 50% entre aparelhos de mesma capacidade.

Para Lima, o impacto do reajuste na bandeira vermelha não chega a ser "tão relevante quanto se imagina". "A conta não vai aumentar 50%, como muita gente imagina. Porque incide sobre a parcela a mais que está se pagando, que já estava no nível 2. O absurdo disso é o modelo brasileiro de energia, que fica dependente dessa questão hidráulica. Quando não tem água, tem que acionar termelétrica, em um país com potencial de energia renovável absurda. Hoje, você poderia ter energia solar em vez de acionar as termelétricas, mas infelizmente estamos muito aquém", defende.

Rio acredita que a crise hídrica não deverá só causar o impacto na bandeira, mas também no aumento anual geral da energia, que agora só ocorrerá em 2022. Em função da pandemia, e da proibição vigente de cortar energia dos consumidores de baixa renda por inadimplência, o especialista projeta um reajuste semelhante ao desse ano. "O reajuste da Coelba desse ano foi de 9%. A mudança acontece todo dia 22 de abril. Tem uma série de fatores, como a inflação e a própria seca, que não dá para corrigir só com a bandeira. A distribuidora é uma concessão pública. A Coelba tem uma expectativa de ganho sobre essa concessão. Se ela tomar prejuízo, vai repassar no ano seguinte", explica.

Na última segunda-feira, 28, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou em pronunciamento na televisão que o país atravessa uma crise hídrica e pediu o uso "consciente e responsável" de água e energia pela população. Esta é pior crise hídrica dos últimos 91 anos no Brasil.

Bandeiras - O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para sinalizar o custo da geração de energia. Quando o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas está alto e não há necessidade de acionamento extra de usinas térmicas, a bandeira fica na cor verde e não há cobrança extra.

Quando a bandeira está amarela ou vermelha, há um valor extra a ser cobrado. Entram em vigor as bandeiras vermelhas (1 e 2), mais caras, quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos e é preciso acionar várias termelétricas para assegurar o fornecimento de energia.

Além de reajustar a bandeira vermelha 2, a Aneel também mudou os valores da bandeira amarela - passou de R$ 1,34 para R$ 1,874 por 100 kWh consumidos - e da bandeira vermelha 1 - passou de R$ 4,16 para R$ 3,971 por 100 kWh consumidos.

A Tarde

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