Uma das promessas dos pesos-pesados do Ultimate Fighting Championship (UFC), o baiano de Feira de Santana Carlos Felipe ‘Boi’, de 26 anos, subirá no octógono mais famoso do mundo neste sábado, 12, contra o americano Jake Collier, para tentar emplacar a terceira vitória consecutiva na organização. O combate ocorre pelo evento UFC 263, em Glendale, Arizona.
Dono de um cartel com 10 vitórias e apenas uma derrota, o feirense chega para a quarta luta dentro da empresa. O único revés sofrido nos quase sete anos de carreira profissional no MMA aconteceu justamente em sua estreia no UFC, em polêmica decisão dividida contra Sergey Spivak. De lá para cá, Carlos Boi conseguiu dar a volta por cima na organização e, em um intervalo de três meses, venceu Yorgan de Castro e Justin Tafa.
Em entrevista exclusiva concedida ao Portal A TARDE, o lutador falou sobre a preparação para encarar o adversário deste sábado e todo o apoio que tem recebido durante o seus primeiros passos no UFC. Caso vença Jake Collier, o baiano já sonha com um top 15 da divisão e ainda projetou alguns nomes que podem vir na sequência. Confira:
Você iniciou no UFC com uma derrota polêmica para Spivak, mas depois engatou duas vitórias consecutivas. Deu para tirar algum aprendizado da primeira luta?
Para ser sincero, eu acho que não tive nenhum erro técnico na primeira luta. Acredito que foi o que tinha que ser. Eu não acho que eu perdi para o Spivak. Não quero ficar dando desculpa, mas também o combate aconteceu nos primeiros momentos da pandemia e eu estava treinando na varanda de casa, não tinha uma academia para treinar. Então eu vejo como algo que infelizmente aconteceu. Um aprendizado que consigo tirar é tentar sempre colocar pressão, porque nunca se sabe o que pode acontecer.
Apesar de ser um boxeador, suas três primeiras lutas no UFC foram decididas por pontuação dos juízes. Existe uma cobrança de sua parte em querer esse primeiro nocaute na organização?
De jeito nenhum. Não existe essa cobrança, porque uma coisa que eu realmente não quero é esse estigma de que tenho que nocautear. A partir do momento em que eu fizer isso, posso terminar me precipitando na hora da luta. Então vejo que é algo que precisa acontecer naturalmente. O importante para mim é ganhar e lutar bem, todo o resto se torna uma consequência.
Como você avalia a sua preparação para esse combate contra Jake Collier?
A preparação foi perfeita, tudo do jeito que tem que ser. Estou chegando um pouco mais magro. Não com relação ao peso, mas à estrutura física. Perdi massa gorda para dar lugar a massa magra. Então estou a todo vapor, em um ritmo 100%
O seu próximo adversário vem de uma sequência ruim dentro do UFC. Acha que o retrospecto pesa a seu favor?
Não somente isso. Acho que o casamento da luta é favorável para mim. Ele é um cara que gosta de lutar em pé e aceita a trocação. No entanto, ele também é muito lento. Então, eu vou tentar colocar pressão o tempo todo e não deixar ele impor o estilo de luta dele. Comigo não vai rolar.
Até 2016, Collier competia na categoria dos pesos médios (até 84 kg) e, hoje, luta pelos pesados (até 120 kg). Acredita que essa mudança física brusca pode prejudicar a performance dele dentro do octógono?
Acredito que pode prejudicar, sim. Porque não é a mesma coisa, você está acostumado a carregar um peso durante boa parte de sua vida e, de repente, acontece essa variação de 30 e poucos quilos. Então é algo que vai pesar, a mobilidade não é a mesma coisa. Até a estrutura física sente. No meu caso, eu sempre fui pesado, cheguei a ter 163 quilos. Então é algo que conta ao meu favor também.
Você tem uma “rixa” declarada com o Raphael Bebezão. Em sua trajetória até o título, vencê-lo seria um objetivo para você?
Hoje em dia, isso é algo que não penso mais. Esse cara é uma pessoa que me recuso até a citar o nome dele, não merece nem um pouco da minha atenção. Acho que estamos em momentos completamente diferentes na carreira, então seria como ‘chutar cachorro morto’. É uma pessoa que realmente eu não vou com a cara.
Uma pessoa que sempre pareceu te dar grande apoio foi o grande Minotauro Nogueira. O que representa esse reconhecimento, ainda mais vindo de uma lenda do MMA como ele?
Vejo como algo gratificante demais. Não tenho nem palavras para descrever esse cara, ele é impar e muito gente boa. Lembro que, na luta contra o Yorgan de Castro, quando eu vinha de derrota, ele me ajudou bastante em Abu Dhabi. Treinou comigo e tudo. Então ele é um dos grandes responsáveis pela minha boa fase, sempre me fortaleceu muito.
Desde a última vez que conversamos, muitas coisas aconteceram em sua vida, inclusive você noivou com a também lutadora Izabella Costa. Já colocando que a vitória virá nesse combate de hoje, Dia dos Namorados, irá dedicar a luta para ela?
Com certeza, não tem como dedicar a outra pessoa. Ela já vai estar retada, porque não vou poder passar o Dia dos Namorados com ela. Então nada mais justo do que dedicar essa vitória. Mas avisei que pode ser que eu faça uma declaração depois. Não garanto que seja no octógono, porque a adrenalina do momento é tamanha que é capaz de eu esquecer até da minha mãe.
Recentemente, sua noiva estreou em esportes de combate com uma vitória por nocaute. Como é a relação entre lutadores e o apoio entre vocês no dia-a-dia?
É algo muito legal. Querendo ou não, quando sua parceira treina, ela te incentiva mais. Às vezes, você está tão cansado por conta de todo o treino e a pessoa termina não entendendo. Agora ela está entendendo o que eu passava. Então é algo muito massa, porque as pessoas se entendem e um termina apoiando o outro. Fica tudo mais fácil.
Emplacando a terceira vitória seguida, qual ou quais são os principais nomes que você tem em mente para enfrentar?
Um cara que eu gostaria de enfrentar é o Andrei Arlovski. Acho que é uma luta que faz sentido, ele já foi campeão e seria muito bom para mim conseguir essa vitória. No momento, ele está sendo meio que o divisor de águas da divisão dos pesados, principalmente para os lutadores jovens que estão despontando. Eu também gostaria de pegar o Greg Hardy, porque eu não vou com a cara dele. E o Tai Tuivasa, que também é um trocador e gosta de dar show, além de que já nos provocamos nas redes sociais.
A Tarde
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