A Justiça do Rio de Janeiro condenou o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino de Marielle Franco e Anderson Gomes, sua esposa, o cunhado e dois amigos pelo crime de ocultação e destruição de provas.
Os cinco teriam ajudado a retirar os pertecentes de Lessa de um apartamento e a jogar no mar da Barra da Tijuca a submetralhadora usada no crime, em 2019, um ano após a morte da vereadora e do motorista, segundo investigação do Ministério Público do Rio (MP-RJ). A arma nunca foi encontrada.
O juiz Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo, da 19ª Vara Criminal da Capital, condenou Lessa a quatro anos e seis meses de reclusão pela ocultação de armas. Como o ex-PM responde também pelo assassinato, ele segue preso na penitenciária de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia, ao lado do ex-PM Élcio Queiroz, outro acusado pelas duas mortes.
Os outros foram condenados a quatro anos de reclusão pelo envolvimento na operação de sumiço das armas. Mas, ao invés de serem presos, eles deverão prestar serviços à comunidade e ficar aos sábados e domingos em casa de albergado, por cinco horas diárias.
"Como se nota, trata-se de grupo muito bem estruturado, ordenado com divisão de tarefas, para impedir e embaraçar as investigações em andamento", afirmou o juiz na decisão.
Sumiço das armas
Em outubro de 2019, o MP-RJ deflagrou a Operação Submersus e prendeu pelo crime de obstrução de Justiça a esposa de Ronnie, Elaine Pereira Figueiredo Lessa, o irmão dela, Bruno Pereira Figueiredo, e dois amigos do casal, José Márcio Mantovano, vulgo Márcio Gordo, e Josinaldo Lucas Freitas, vulgo Djaca.
A denúncia da promotoria à Justiça mostra que os quatro estavam atuando para impedir a apuração dos homicídios de Marielle e Anderson na noite do dia 14 de março de 2018.
Segundo as investigações, Eliane é a dona do apartamento onde as armas estavam. Márcio Gordo teria tirado as caxias de armas de dentro do apartamento de Lessa e Eliane. Bruno é suspeito de ajudar Márcio na execução do plano e Djaca teria jogado as armas no mar.
Lessa e Élcio Queiroz já haviam sido presos em março de 2019, na Operação Lume, e são processados por serem os executores dos homicídios da vereadora e do motorista, e da tentativa de homicídio contra a assessora de Marielle.
No dia da prisão dos dois, o MP-RJ também cumpriu mandado de busca e apreensão em outro endereço vinculado a Lessa, no Méier (zona norte). Lá foram apreendidas centenas de peças para montagem de armas de grosso calibre em caixas de papelão.
De acordo com os investigadores, na madrugada de 13 de março de 2019, um dia após a prisão de Lessa e Élcio, um carro com quatro pessoas tentou acessar o imóvel alugado pelo ex-PM em Pechincha (zona oeste), mas foram impedidos de entrar no prédio pela administração do condomínio.
À tarde, Bruno conseguiu entrar no prédio com Márcio Gordo. Eles retiraram uma grande caixa com pertences, como mostram as câmeras de segurança.
Na manhã seguinte, Márcio Gordo encontrou Djaca no estacionamento de um supermercado na Barra da Tijuca. Os dois retiraram caixas, bolsas e malas de dentro de outro veículo.
Djaca então foi até a colônia de pescadores do Quebra-Mar da Barra, onde alugou os serviços de um barqueiro e atirou todo o conteúdo retirado do apartamento de Ronnie ao mar -inclusive armas de grosso calibre e peças para a montagem de armas.
Ao chegar ao apartamento em Pechincha para cumprir mandado de busca e apreensão, os agentes do MP e os policiais civis só encontraram um torno de bancada, duas chaves para montagem de fuzis e caixas de papelão como as encontradas no Méier, mostrando que o local também servia como depósito de armas.
A Polícia Civil, com auxílio da Marinha, fez buscas na região onde a arma usada para executar Marielle e Anderson teria sido descartada, mas ela não foi localizada
Folhapress
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