O motorista de aplicativo Jean Santos passou por uma situação delicada
na noite do último sábado (24), em Feira de Santana. Após aceitar uma
corrida de um passageiro no bairro Parque Ipê, foi surpreendido com uma
abordagem policial, que flagrou o passageiro portando uma arma e drogas.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Jean informou que a abordagem foi feita
por um policial, mas que estava em um carro particular. Após o flagrante
do passageiro em poder das drogas e da arma, os dois foram fotografados
algemados, e a foto está sendo compartilhada nas redes sociais
indicando Jean também como criminoso.
"Eu aceitei o pedido da corrida na região do Parque Ipê. Quando o
passageiro entrou, eu fiz a manobra do veículo porque tinha entrado em
uma rua sem saída. Foi nesse momento que tinha um carro de frente, ele
me deu a passagem e segui. Logo em seguida, ouvi uma pessoa gritando:
'Polícia Polícia'. Parei o carro, encostei e o policial militar me fez a
abordagem pedindo para descer do carro. Nesse momento, o passageiro
informou que estava com uma arma na cintura e que na sacola havia
drogas. Ele solicitou o apoio e quando chegaram as viaturas, foi feita
uma foto minha ao lado desse passageiro e esta foto está sendo
compartilhada nas redes sociais, me associando ao tráfico de drogas. Não
tem o menor cabimento isso, não tem lógica, porque eu estava
trabalhando naquele momento, buscando a subsistência da minha família e
estou sendo taxado desta forma", lamentou.
De acordo com Jean, a corrida tinha como destino o bairro Muchila.
"A corrida indicava como destino o bairro Muchila. Eu não tenho como
saber quem são os passageiros. O aplicativo escolhe o passageiro e
encaminha para o motorista que está mais próximo, então você não
conhece, você não tem dados, simplesmente faz a corrida, presta um
serviço ao aplicativo. Depois que foi feita a abordagem, cada um foi
conduzido em uma viatura, eu prestei os esclarecimentos na delegacia e
fui liberado, mas infelizmente a situação é muito constrangedora. Você,
um cidadão, trabalhando de forma honesta, é bem complicado, porque não
abala somente a mim, abala a minha família, minha esposa e digo que
minha imagem não vai se restabelecer como antes. Muitas histórias
diferentes estão sendo compartilhadas com a minha foto, dizendo que eu
estava assaltando um mercadinho, dizendo que eu sou traficante, então é
muito humilhante", destacou.
Foto: Paulo José/ Acorda Cidade | Advogado Ronaldo Mendes
O advogado Ronaldo Mendes, que está acompanhando o caso, informou à
reportagem do Acorda Cidade que esta situação foi cometida a partir de
uma falta de habilidade das autoridades públicas, que permitiram que o
motorista fosse fotografado junto com o passageiro.
"Para a sorte do Jean, este passageiro, que está envolvido com o tráfico
de drogas, assumiu que era traficante, foi flagranteado e ficou preso.
Jean foi liberado da delegacia. Até aí, isso parecia algo natural para o
motorista. Mas aconteceu a infelicidade por falta da habilidade das
autoridades públicas, que fizeram a abordagem e permitiram que ele fosse
fotografado sentado ao lado do marginal. A partir daí, essa foto está
circulando nas redes sociais, e as pessoas começam a comentar, que o
Jean estava assaltando mercadinho, porque essa foto do Jean com as mãos
algemadas associa ele com o mundo do tráfico. Realmente, está muito
complicado você sair de casa para trabalhar e ser sujeito a esse tipo de
abordagem não profissional que expõe as pessoas à situação de
marginalidade", disse.
Ainda segundo o advogado, o primeiro passo que está sendo dado para este
caso é desmentir a situação que foi causada e uma ação será movida
contra o Estado da Bahia.
"Iremos mover uma ação contra o Estado da Bahia, pois foram os agentes
públicos que permitiram que essa imagem fosse veiculada, associando uma
pessoa de bem com um marginal. Iremos tomar todas as providências para
que se minimize o dano que já foi causado à imagem e dignidade pessoal e
profissional do Jean. Todos os dados estão registrados no sistema do
aplicativo. No momento que ele estava saindo do local, foi abordado por
este policial que estava saindo do serviço, ainda estava de farda, mas
já não estava mais no serviço e fez esta abordagem. Infelizmente por
conta disso tudo, o Jean não está trabalhando porque não há estrutura
psicológica para trabalhar. Uma pessoa de bem, não consegue ficar
tranquila com tudo isso, uma foto que se espalha como pólvora, sendo
acusado de assalto, de tráfico de drogas", concluiu.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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