Foto: Reprodução / Metrópoles
Netas,
filha, sobrinha e nora de presidentes do regime militar recebem pensão
vitalícia de até R$ 43 mil mensais do governo federal. As informações
são do colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias.
A
lista de pensionistas também inclui filhas e viúvas de sete
ex-ministros e um ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI). Em
2020, a União desembolsou R$ 19,3 bilhões para dependentes de militares.
O
levantamento, baseado em dados inéditos, é fruto da colaboração entre a
coluna e a agência Fiquem Sabendo, especializada na Lei de Acesso à
Informação, com apoio técnico de Fernando Barbalho e Brasil.io.
O
governo federal divulgou a relação completa de pensionistas de
militares por ordem do Tribunal de Contas da União, após uma denúncia da
Fiquem Sabendo. O tribunal havia determinado que o governo Bolsonaro
publicasse na íntegra os dados em janeiro de 2020, o que só aconteceu
agora, um ano e meio depois. Os pensionistas recebem esses pagamentos,
via de regra, por um direito adquirido. Não há ilegalidade nesses
repasses.
O
general Emílio Médici presidiu o país de 1969 a 1974. Sua neta, que
adotou como filha, recebeu R$ 392 mil como pensionista em 2020. A
quantia transferida a Cláudia Candal Médici equivale a R$ 32,6 mil ao
mês, em média.
O
marechal Humberto Castello Branco, primeiro presidente da ditadura
militar, de 1964 a 1967, é quem mais tem parentes pensionistas. As
pensões são pagas a dependentes de um filho, que era militar. Suas três
netas — Heloisa, Cristina e Helena Alvim Castello Branco — auferem os
valores em nome de seu pai, o capitão Paulo Vianna Castello Branco,
filho do ex-presidente. Cada uma das três obteve R$ 92 mil em 2020, uma
média de R$ 7,6 mil mensais.
Já
o general Ernesto Geisel, que ocupou o Planalto de 1974 a 1979, tem uma
sobrinha pensionista, com proventos de R$ 384 mil no ano passado, uma
média de R$ 32 mil por mês. Lydia Geisel recebe o recurso em nome de seu
pai, o general Orlando Geisel, irmão do ex-presidente e que foi
ministro do Exército na gestão Médici, de 1969 a 1974.
Ernesto Geise
Signatário
do Ato Institucional nº 5 em 1968, que fechou o Congresso, cassou
mandatos e suspendeu direitos, o general Artur da Costa e Silva possui
uma nora na lista de pensionistas. Anna Eulina da Costa e Silva recebeu
R$ 524 mil em 2020 como dependente de seu marido, Álcio Barbosa, filho
do ex-presidente. Em média, auferiu R$ 43,6 mil a cada mês.
Pelo
menos outros oito militares de alta patente, também da cúpula da
ditadura militar, têm filhas ou viúvas como pensionistas. Um deles é o
tenente-brigadeiro Joelmir Campos de Arararipe Macedo, ministro da
Aeronáutica entre 1971 e 1979, nas gestões Médici e Geisel. Sua filha,
Isis Araripe Souza Oliveira, recebeu R$ 421 mil em 2020, ou R$ 35 mil a
cada mês.
Reprodução
O
general Fernando Belford Bethlem, por seu turno, foi ministro do
Exército no governo Geisel. Sua filha, Maria Regina Bethlem Monteiro,
obteve R$ 397 mil em 2020, uma média de R$ 33 mil mensais.
A
chefia da Marinha é representada pelo almirante Maximiano Eduardo da
Silva Fonseca, que foi ministro da Força no governo Figueiredo, no
início dos anos 1980. Sua filha Márcia Palmer Fonseca obteve em média R$
32,5 mil por mês, um total de R$ 391 mil.
A
tabela inclui ainda quatro ministros militares que despachavam no
Planalto. Um exemplo é o general Hugo de Andrade Abreu, que comandou o
Gabinete Militar de 1974 a 1978, sob Geisel. Duas filhas de Abreu são
pensionistas do governo federal. Maria Cecília Abreu de Azevedo Garcia e
Maria Christina Procópio de Abreu receberam R$ 203 mil cada em 2020, a
uma média de R$ 17 mil por mês.
Seu
sucessor foi o general Gustavo Moraes Rego Reis, que possui duas viúvas
registradas no sistema. Maria Lydia Mendonça de Moraes Rego Reis
recebeu em média R$ 15,8 mil mensais no ano passado, totalizando R$ 190
mil. Leda Horácio de Barros obteve R$ 39,4 mil, apenas em janeiro de
2020.
Em
seguida, assumiu a cadeira o general Danilo Venturini, já na gestão
Figueiredo, em 1979. Sua viúva, Amarilis Portugal Ferreira Venturini,
auferiu R$ 374 mil no ano passado, ou R$ 31,2 mil mensais, em média.
Venturini
deu lugar ao general Rubem Carlos Ludwig em 1982, o último ministro do
cargo na ditadura. Nos dois anos anteriores, Ludwig havia chefiado o
Ministério da Educação. Maria Tereza Ludwig Schneider, sua filha, obteve
R$ 379 mil, ou R$ 31,5 mil mensais em 2020.
A
despeito de não ter tido status de ministro, o general Octávio Aguiar
de Medeiros contava com prestígio no governo Figueiredo. Comandou o
Serviço Nacional de Informações (SNI), de 1979 a 1985. Dois
ex-presidentes haviam ocupado o posto: o próprio Figueiredo e Médici.
Maria Luisa Barbosa Medeiros, filha do general Medeiros, recebeu R$ 398
mil no ano passado, uma média de R$ 33,2 mil ao mês.
Fonte: Metrópoles
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