Ana Carolina Gonçalves de Oliveira Negreiros tinha 20 anos Foto: Reprodução
Dois traficantes foram indiciados pela morte da estudante Ana Carolina Gonçalves de Oliveira Negreiros, de 20 anos, após a explosão de uma caixa com frascos de lança-perfume durante um baile funk clandestino realizado na Rocinha, na Zona Sul do Rio, durante a madrugada de 30 de maio. De acordo com a delegada Flávia Monteiro, titular da 11ª DP (Rocinha), John Wallace da Silva Viana, o Johnny Bravo, e Leandro Pereira da Rocha, o Bambu, tidos como os chefes do grupo criminoso que domina a venda de drogas na comunidade, irão responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) contra a jovem, apologia e ainda por causar epidemia. Contra eles, foi pedida ao poder judiciário a prisão preventiva pelos crimes.
De acordo com o relatório final do inquérito, ao qual o EXTRA teve acesso com exclusividade, Ana Carolina estava no chamado Baile do Moscow, onde, segundo testemunhas, os bandidos costumam ostentar seu poderio bélico, como fuzis, pistolas e granadas, e vender drogas. Atualmente, Johnny Bravo e Bambu seriam os idealizadores da festa, realizada para aumentar os lucros auferidos pela facção. No momento da explosão, as caixas de lança-perfume estariam expostas em uma bancada, como se fosse uma “feira livre”.
A jovem estava ao lado da barraca, onde havia um homem com fuzil, quando as chamas se espalharam. Os frequentadores, que estavam sem máscaras e aglomerados, então correram, tendo muitos caído e alguns sido pisoteados. Imagens de câmeras de segurança instaladas na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Rocinha mostram Ana Carolina chegando caminhando a unidade, às 6h57. Com a ajuda de funcionários, ela sentou em uma cadeira de rodas e logo perdeu a consciência.
Segundo o Boletim de Atendimento Médico (BAM), a moça sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus em 82% do seu corpo, tendo sido transferida, às 13h36, para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Ela morreu, seis dias depois, do chamado choque distributivo, decorrente do processo inflamatório causado pelos ferimentos graves.
- Durante as investigações, ficou provado por provas testemunhais e técnicas, como vídeos publicados em redes sociais, que os bailes funks só acontecem na Rocinha com a anuência e a organização de criminosos do alto escalão do grupo que domina a venda de drogas na comunidade. Essas festas são feitas justamente para atender aos interesses da facção, aumentando seus rendimentos com o comércio de maconha, cocaína, drogas sintéticas e ainda do lança-perfume, que ocasionou a explosão que lesionou e posteriormente matou a Ana Carolina - explicou a delegada.
Johny Bravo assumiu a chefia do tráfico na comunidade após uma divergência entre Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, há cerca de quatro anos. Contra ele, há seis mandados de prisão em aberto por tráfico, associação para o tráfico e homicídio. Já Bambu tem anotações por crimes como tráfico, associação para o tráfico, dano, resistência, homicídio e roubo, havendo três mandados pendentes. Por informações que levem a captura de ambos, o Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 1 mil.
Extra O Globo
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