Os mergulhadores capturaram, neste sábado (28), mais um peixe-leão, espécie invasora e venenosa, em Fernando de Noronha. Essa foi a quarta captura neste mês de agosto. O animal é considerado, pelos pesquisadores, uma ameaça ao meio ambiente e aos seres humanos (veja mais abaixo).
Na ilha, também houve uma captura desse peixe, que tem nome científico Pterois volitans, em dezembro de 2020. A segunda vez que foi encontrado foi no dia 3 de agosto numa profundidade de 32 metros, esse foi o primeiro registro em 2021.
O terceiro peixe-leão foi capturado oito dias depois da primeira identificação deste ano, no dia 11 de agosto, numa profundidade de 18 metros.
A quarta captura da espécie invasora, terceira em 2021, aconteceu na terça-feira (24), numa profundidade de 27 metros.
Com o novo registro deste sábado, do total de oito animais encontrados no Brasil, cinco foram localizados em Noronha.
A identificação e captura deste sábado (28) foi feita pelo instrutor de mergulho Fernando Rodrigues, num ponto de mergulho chamado Laje Dois Irmãos, nas proximidades da praia da Cacimba do Padre, numa profundidade de 20 metros.
"Eu estava com guia de um mergulho e vi o peixe-leão. Como eu já fiz o treinamento do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), estava habilitado para recolher o animal. Depois que os mergulhadores retornaram ao barco, fiz um novo mergulho e realizei a captura”, contou Fernando Rodrigues.
Peixe-leão é considerado uma ameaça ao meio ambiente e aos seres humanos — Foto: Thiege Rodrigues/All Angle/Divulgação
O mergulhador disse, ainda, que congelou o animal encontrado e vai entregar a espécie ao ICMBio. O instituto indicou que apenas profissionais capacitados ou servidores do instituto podem fazer a captura do peixe-leão. A indicação foi feita por conta dos riscos que o animal oferece.
A bióloga Clara Buck, da Universidade Federal Fluminense (UFF), informou que o peixe-leão tem espinhos venenosos, que contêm uma toxina que pode causar febre, vermelhidão e até convulsões aos seres humanos.
A pesquisadora afirmou, ainda, que o peixe-leão é um predador e pode consumir espécies endêmicas, que só ocorrem nessa região, além de causar um desequilíbrio ecológico.
Profissionais que trabalham com Fernando Rodrigues, que tem uma empresa de mergulho, foram responsáveis por quatro das cinco capturas de peixe-leão em Noronha.
“Acredito que fizemos a maioria das capturas porque executamos um trabalho diferenciado, mergulhamos apenas na Área do Proteção Ambiental. Uma larva da espécie pode ter chegado nessa região e ter se reproduzido”, disse Fernando Rodrigues.
Apesar de estar preocupado com a situação, o mergulhador tem esperança de que a proliferação do peixe-leão seja controlada na ilha.
“Há uns 15 anos, Noronha teve uma invasão de ouriços brancos. Da forma que apareceram, eles sumiram. Eu também tenho esperança de que predadores, como os peixes-dentão ou piraúnas, possam ajudar a eliminar o peixe-leão”, declarou.Treinamento
Na quarta-feira (25), o ICMBio deu início a uma série de capacitações com profissionais que trabalham com o mergulho.
Foram repassadas informações da espécie e orientações para uma captura segura. O peixe-leão suporta profundidades de mais de 100 metros, por isso a colaboração de mergulhadores autônomos na localização dos espécimes é essencial.
Para quem não recebeu a capacitação, a orientação, em caso de encontrar o animal, não é tocar nem chegar próximo. A recomendação é acionar o ICMBio através do e-mail ngi.noronha@icmbio.gov.br ou ligar para (81) 3619-1156.
Troca de experiência
A direção do ICMBio informou que, em outubro de 2021, chegam a Fernando de Noronha especialistas do Parque Nacional do Bonaire, no Caribe, para ajudar no combate à proliferação do peixe-leão.
A troca de experiências com profissionais do Parque Nacional do Bonaire é importante porque o peixe-leão se reproduz nessa região do Caribe. Estudiosos acreditam que esse animal apareceu nessa localidade na década de 1990.
Pesquisadores estudam a possibilidade de os animais encontrados em Fernando de Noronha terem vindo do Caribe pelas correntes marinhas.Peixe-leão — Foto: Arte/G1
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