Um jovem de 22 anos foi retirado de casa, em Jauá, no município de Camaçari, por quatro homens que estavam vestidos como policiais e apresentavam distintivo, porém eram na verdade criminosos. A vítima foi sequestrada e os bandidos conseguiram R$ 100 mil como pagamento pelo resgate. O caso aconteceu em junho, mas os primeiros homens que participaram do crime foram presos nesta quarta-feira (15).
As prisões fazem parte da Operação Cangalha, que consiste em uma série de ações de enfrentamento a organizações criminosas em todo o Nordeste, através da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça (SEOPI/MJ). No caso de Camaçari, a quadrilha é especializada em crimes de extorsão mediante sequestro.
O delegado Adailton Adam, responsável pela investigação, contou que os bandidos estavam monitorando a rotina da vítima. O rapaz é filho de um empresário e estava em casa, em um condomínio, quando foi surpreendido por quatro homens que diziam ser policiais. Os bandidos usam farda e até distintivo. Ele foi levado até um carro que esperava do lado de fora e, em seguida, foi anunciado o sequestro.
“A vítima foi encapuzada, enquanto os criminosos faziam contato com a família. O pai do jovem conseguiu levantar R$ 40 mil e entregou a um dos bandidos, e eles conseguiram transferir mais R$ 60 mil das contas da vítima. Toda a ação durou cerca de 9 horas e, depois de consegui o dinheiro, eles deixaram a vítima em um bairro de Salvador”, contou o delegado.
A família procurou a polícia logo após o ocorrido e o primeiro desdobramento das investigações aconteceu nesta quarta-feira quando dois suspeitos foram presos nos bairros de Plataforma e Cabula, em Salvador. O terceiro homem estava na cidade de Feira de Santana quando foi localizado e detido. Foram expedidos mandados de prisão para outros dois suspeitos e eles estão sendo procurados. Todas as prisões são preventivas, ou seja, por tempo indeterminado.
“Acreditamos que essa quadrilha está envolvida com outras situações de extorsão mediante sequestro e sabemos que existem outras pessoas que fazem parte do grupo, então, a investigação continua. É importante frisar que as pessoas que forem vítimas desse tipo de crime devem procurar a polícia de imediato”, afirmou o delegado.
Uma das pistas que levou os investigadores até os suspeitos foram as transações bancárias. Os R$ 60 mil transferidos via PIX da conta da vítima passou pelas contas dos três homens que foram presos nesta quarta-feira, e um deles foi responsável também por pegar os R$ 40 mil entregues pessoalmente pelo pai do jovem. A Justiça determinou o bloqueio das contas, mas a polícia ainda não sabe se o dinheiro foi recuperado.
Os três presos não tiveram os nomes divulgados. Os investigadores apreenderam celulares e documentos, e estão em buscas do fardamento e dos distintivos falsos. Desde o começo do ano, a polícia registrou 24 casos de sequestro na Bahia, sendo que 18 deles aconteceram em Salvador ou Região Metropolitana, mas o delegado acredita que haja subnotificação porque muitas famílias, intimidadas pelos bandidos, não procuram a polícia.
A Coordenação de Repressão a Extorsão Mediante Sequestro do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) está com outras investigações em andamento que fazem parte da Operação Cangalha, mas os resultados serão divulgados apenas nos próximos dias.
As ações estão ocorrendo nos bairros de Plataforma, São Marcos, Pernambués, Sussuarana e Cabula, e no município de Camaçari, e tem participação também de equipes da Coordenação de Operações Especiais (COE).
Correio 24 Horas
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