O secretário de Segurança Pública da Bahia, Ricardo Mandarino, concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira (15/09) e foi didático ao comentar a violência desenfreada que atinge todo país. O juiz aposentado lamentou o posicionamento “hipócrita” de parte da sociedade e de “idiotas” que não entendem que a classe média, na verdade, é quem financia a violência.
“Quem é que compra droga? Os ricos, a classe média, é esse pessoal que financia essa violência. Será que eles não tomam consciência disso? Então, a sociedade precisa parar com essa hipocrisia. Agora quando a gente debate isso aparece um monte de idiota pra falar que você é maconheiro, que é ‘não-sei-quê’. Mas o debate é um negócio sério, é um debate de saúde pública”, desabafou.
Mandarino também deixou claro não concordar com a política de enfrentamento, onde morrem diariamente policiais, criminosos e cidadãos, adotada pelos estados brasileiros. Ele defendeu a necessidade de regulamentar o comércio de entorpecentes, “tributando as drogas”.
“Primeira coisa, você quebra as pernas do crime organizado, porque eles não vão ter mais necessidade, não vão poder ficar matando as pessoas pra disputar ponto de droga. Acabou. Aí acaba com eles”, opinou.
“Aí você tributava, pegava esse dinheiro da tributação e construía hospitais para recuperar drogados e pra fazer propaganda contra o uso de drogas. Você frita o boi com a própria banha. Então, você me pergunta o que você vai fazer? Eu vou fazer o que é possível, o que a lei me autoriza porque nós não somos milicianos. Polícia de Estado não é para matar ninguém, não é para sair matando. Só se mata em legítima defesa. Fora disso, não é admissível fazer”, pontuou.
Acrescentou o gestor da Segurança Pública que “nós não vamos sair matando criminoso” e “dizendo por aí ’bandido bom é bandido morto’”.
“Bandido bom é bandido morto quer dizer o que? Preto e pobre! Porque na Bahia os que são tidos como bandidos são pretos e pobres. Porque os bandidos brancos e ricos não aparecem. Entendeu? Que é o pessoal que realmente financia. Então quem é que vai morrer? Vocês querem que continue matando preto e pobre. É isso que o pessoal quer”, acrescentou.
Mandarino reforçou que “essa política nós não vamos adotar”. “Nós somos humanistas, nós somos contra racismo, nós somos contra intolerância religiosa”, finalizou o secretário.
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