Pai de menino de 9 anos que desapareceu em Belford Roxo entrou para facção rival de traficantes para se vingar de supostos assassinos do filho

Lucas, Alexandre e Fernando Henrique estão desaparecidos desde 27 de dezembro
Lucas, Alexandre e Fernando Henrique estão desaparecidos desde 27 de dezembro Foto: Reprodução

A Polícia Militar prendeu, na sexta-feira, Anderson de Jesus, que segundo o delegado José Mário Salomão, da 54ª (Belford Roxo) é pai de Lucas Matheus, de 9 anos, um dos três meninos desaparecidos de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. De acordo com o delegado, no momento da prisão, os policiais militares encontraram Anderson na comunidade da Palmeira junto a um grupo de criminosos de uma facção da região. Na ocasião, eles estavam em confronto com rivais da mesma área. Mais seis pessoas foram presas.

O delegado afirma que Anderson era da facção rival a que é apontada como responsável pelo desaparecimento dos meninos. E, também segundo o delegado, ele se uniu ao outro grupo da mesma área para fazer vingança:

— Ele disse que o objetivo dele era tomar a (comunidade) Palmeira, e obter informação de quem foi o executor do filho — disse o Salomão.

Segundo a Polícia Civil, ele foi autuado por associação ao tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Na delegacia, ele narrou que já fez parte de uma facção criminosa, tendo sido preso anteriormente, e que recentemente se associou à facção rival por conta da notícia da morte do filho.

De acordo com o delegado, o preso seria encaminhado, neste sábado, para um presídio em Benfica, para a audiência de custódia.


Em nota, a Polícia Militar diz que, além dos presos, foi apreendido dois fuzis, uma espingarda, uma granada e um colete balístico. A ocorrência segue em investigação na 54ª DP.

Investigação tem uma linha única

Em agosto, a Polícia Civil admitiu, pela primeira vez, seguir uma única linha de investigação para apurar o sumiço dos três meninos desaparecidos há quase oito meses em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A hipótese investigada é a de que os garotos tenham sido assassinados por traficantes de drogas do Complexo do Castelar, mesma comunidade onde moravam, próximo ao Centro do município. Segundo a investigação, os corpos das crianças teriam sido ocultados pelos criminosos.

Durante uma live transmitida na época pelo deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL), o delegado Uriel Alcântara, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), encarregado de investigar o caso, disse que outras linhas anteriormente seguidas já foram descartadas.

— A investigação, a gente não pode contar detalhes, mas ela amadureceu bem no que seria possível. Nós temos alguns pontos muito comprovados. A gente não tem todos os fatos elucidados, mas o que temos é comprovado, é tudo muito firme, muito consistente. A gente precisa caminhar um pouco mais nesta investigação, que já se encontra madura. Na linha de investigação hoje foram descartadas outras possibilidades . E se trabalha com a responsabilidade do tráfico de drogas, por ter matado estas crianças e de ocultar os corpos — disse o delegado, num trecho da live.

Em 30 de julho, policiais da DHBF, bombeiros e mergulhadores vasculharam um trecho do Rio Botas, na divisa dos bairros de São Bernardo e Recantus, em Belford Roxo. Eles procuravam pelos três meninos, que segundo o depoimento de uma testemunha, teriam sido jogados no rio, dentro de sacos plásticos entregues por traficantes. No entanto, o resultado do exame apontou que se tratavam apenas de pedaços da cauda de um animal.


Relembre o caso

Lucas Matheus, de 9 anos, Fernando Henrique, de 12, e Alexandre Silva, de 11, desapareceram no dia 27 de dezembro, no Bairro Areia Branca, em Belford Roxo. O caso foi denunciado ao Comitê contra o Desaparecimento Forçado da Organização das Noções Unidas (ONU).

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Em câmeras de seguranças de ruas próximas de onde os meninos moravam, no Morro do Castelar, foi possível identificar os três caminhando em direção à feira do bairro. No depoimento das testemunhas para a Polícia Civil, pelo menos duas confirmaram a passagem dos garotos pelo local.

Extra o Globo

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