Oficiais da Polícia Militar entraram em contato com o Informe Baiano para denunciar promoções de militares por indicação política e não por critério de merecimento ou antiguidade, como tradicionalmente ocorria na corporação. A lista com os nomes que avançarão de postos deverá ser divulgada no Diário Oficial do Estado no próximo dia 15. Porém, a expectativa é que seja entregue para análise final do governador Rui Costa (PT) na terça-feira (08/11).
O IB teve acesso, neste domingo (07/11), a diversos ofícios de gabinetes da Câmara dos Deputados e também da Assembléia Legislativa da Bahia, onde parlamentares solicitam ao governador Rui Costa (PT) que seus aliados sejam beneficiados. O deputado campeão de pedidos é Valmir Assunção (PT). Mas também aparecem na lista outros políticos, a exemplo de Lidice da Mata (PSB), que fez uma solicitação.
O questionamento do grupo que entrou em contato com o IB é simples: “A promoção é por merecimento ou por indicação política?”.
“Como é que vai ser uma segurança pública onde os melhores não são promovidos e sim quem tem relação política? Com isso, os policiais ficam nas mãos dos políticos. O comandante da unidade vai ter que se apegar aos políticos e não as leis e a segurança da sociedade. O partido do policial é a lei. Ele não tem e não deve ter lado político. Quem reduz os índices de criminalidade que deveria ser beneficiado”, ratificou um oficial sob anonimato.
Um outro policial, também de forma confidencial, disse que “há oficiais da turma de 87, por exemplo, que ainda não foram promovidos para Tenente Coronel. Enquanto isso, há majores 10 anos mais novos que se apegam a um político e são promovidos”.
“O critério tem que ser estabelecido pelo Comando-geral e pelos coronéis, que são conhecedores da tropa e dos seus oficiais. Quem sabe o policial que produz e que trabalha não são os políticos, não. Imagine uma cidade onde o major que comanda a companhia foi promovido por causa de um político? Vai fazer tudo que aquele político quiser. O partido dele passa a ser aquele político. E isso virou uma coisa normal, mas não podemos aceitar. Aí depois querem dizer que a segurança pública está ruim”, lamentou.
Um tenente-coronel da PM também falou sobre assunto, mas foi contrário ao grupo. “O que é nesse país que não acontece conforme os interesses políticos? O ministro do STF é indicado a partir de articulação política ou por merecimento? Isso já acontece na PM há décadas. Agora, quem reclama é porque não conseguiu ser promovido ou é insatisfeito politicamente com a atual gestão. É hipocrisia, é a verdade. Agora, é fato que a indicação pode ser importante, mas não é somente isso”, relatou.
Procurado pelo Informe Baiano, o deputado Valmir Assunção respondeu os questionamentos. “Defendo que a promoção seja técnica. Mas quando um policial pede para apresentar o currículo ao Comando da Polícia, eu não vou me furtar de apresentar um currículo ao Comando. Mas o governador e o secretário de Segurança sempre presaram pela questão técnica e tem todo um processo para decidir a promoção de oficiais”.
Presidente do PSB, a deputada federal Lídice da Mata afirmou que há “dois tipos de promoção: por antiguidade e por merecimento”.
“O que fizemos foi um testemunho público da atuação do policial em sua corporação, mas a decisão final é da própria PM que avalia os seus critérios pré-estabelecidos em seu regimento”, concluiu Lídice.
A Força Invicta, associação que representa os oficiais da PM baiana, também foi procurada, mas não comentou o assunto.
Informe Baiano
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