Realização do carnaval pode retroceder controle da pandemia, avalia Comitê da UFBA

 Valter Pontes / Secom / Prefeitura de Salvador


O governador Rui Costa (PT) e o prefeito Bruno Reis (DEM) se reunirão nesta semana para deliberar sobre a festa

 realização do carnaval em 2022 poderá pôr em risco os avanços que vêm sendo alcançados no controle da pandemia.

O governador Rui Costa (PT) e o prefeito Bruno Reis (DEM) se reunirão na próxima quinta-feira (2) para deliberar sobre a realização do festejo .

“O Carnaval é um evento cujas características de intensa movimentação de pessoas e grandes aglomerações, por tempo prolongado, apresentam todas as condições para o recrudescimento da incidência da Covid-19 com as consequências que podem advir”, conclui texto publicado no site da instituição no último sábado (27).

O documento, assinado pelos seis membros do comitê, também traz a avaliação de que o argumento de que o risco é menor pela festa ocorrer em espaço aberto “não é de todo verdadeiro”, considerando a “magnitude da aglomeração”, além do “intenso e frequente contato interpessoal” - fatores que aumentam o risco de transmissão viral.

“Não será possível assegurar vacinação completa, nem o uso de máscara nem distanciamento dos participantes no Carnaval. Sem grande aprofundamento, relembre-se as ondas de gripes, conjuntivite e doenças diarreicas que ocorrem logo após o Carnaval na Bahia", acrescenta o pronunciamento.

O comitê ainda argumenta que até o final de fevereiro de 2022 possivelmente haverá transmissão comunitária ativa no País do vírus que provoca a doença - e consequentemente a ocorrência de casos novos provocados pelo Sars-Cov-2.

O texto escrito na última sexta (26) pondera que este é o cenário mais provável observando a situação de países do continente europeu. Após um período de menor incidência da doença, o velho continente passa por uma nova onda de infecções.

O comitê relaciona o fato ao relaxamento das medidas de distanciamento e obrigatoriedade do uso de máscaras.

"Felizmente, onde as coberturas vacinais são elevadas, tem-se constatado menor incidência de casos graves e menor letalidade, em todos os países, inclusive no Brasil. Certamente, ninguém poderá afirmar hoje que haverá um cenário de transmissão viral zero nos primeiros meses do próximo ano. Sendo assim, faz-se necessário acompanhar os níveis de incidência da Covid-19, dos casos graves, hospitalizações e óbitos nos meses vindouros", acrescenta.

Após produção do informe pelo comitê, que cita a possibilidade do surgimento de novas variantes do novo coronavírus, Reino Unido, Alemanha, Itália e Holanda confirmaram casos da cepa batizada de Ômicron - nova variante de preocupação da Covid-19 identificada pela primeira vez na África do Sul.

Ainda assim, o grupo menciona a maior transmissibilidade da variante Delta, atualmente predominante no Brasil.

"[...] A evolução da pandemia nos próximos meses dependerá da proporção da população suscetível à infecção e, principalmente, do nível de exposição das pessoas ao vírus, diretamente relacionado à implementação efetiva das medidas protetivas, especialmente do uso de máscara e distanciamento social, evitando sobremaneira aglomerações, e da elevação da cobertura vacinal", continua.

Os acadêmicos avaliam que embora tenhamos atingido um nível “relativamente baixo de incidência e mortalidade pela Covid-19” - sobretudo em virtude da vacinação -, esse patamar se mantém com pouca variação há várias semanas.

Na avaliação deles, o faro inspira preocupação. Eles ponderam que o quadro atual pode sim ser modificado na medida em que a imunização avance e a adesão às medidas contra a propagação do vírus persistam.

“Trata-se de manter a atual situação e fazê-la avançar favoravelmente nos próximos meses, no sentido do controle da pandemia, possibilitando o retorno gradual às atividades econômicas, à circulação moderada de pessoas e aos eventos em que se pode assegurar a presença apenas de pessoas vacinadas e controlar o uso de máscara”, avalia.

“Se, ao contrário, permitir a volta prematura de grandes aglomerações nas festas de final de ano e no Carnaval será observado o resultado indesejável de recrudescimento da pandemia com maior número de casos, hospitalizações, sequelas e mortes evitáveis pela Covid-19, com os altos custos econômicos e sociais decorrentes”, continua.

O comitê conclui dizendo que a ocorrência de uma nova onda, caso seja realizado o Carnaval, toda a população seria afetada - seja com o aumento de casos da doença ou com o retorno de medidas mais restritivas. “Seria reconfortante estarmos errados nas previsões da pandemia no pós-carnaval, mas não há benefícios suficientes que superem os seus riscos”, encerra.

Bnews

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