Glaidson é suspeito de envolvimento em ataques contra dois concorrentes Foto: Reprodução
A Polícia Civil está a um passo de solucionar o segundo crime violento associado a Glaidson Acácio dos Santos. Conversas do “Faraó dos Bitcoins” no aplicativo WhatsApp, compartilhadas pela Justiça Federal com as autoridades estaduais, indicam que Glaidson teria tramado o assassinato do trader e blogueiro Wesley Pessano Alcântara, morto a tiros no dia 4 de agosto, aos 19 anos, em São Pedro d’Aldeia. As provas contra o mandante eram o que faltava para a 125ª DP (São Pedro da Aldeia) concluir o caso.
Dono da GAS Consultoria Bitcoin, epicentro de um golpe financeiro em 67 mil clientes, com um volume de R$ 38 bilhões em operações financeiras de 2015 aos dias atuais, Glaidson foi denunciado, na terça-feira, como mandante da tentativa de assassinato, em 20 de março, do trader Nilson Alves da Silva, o Nilsinho. Baleado no pescoço dentro de um carro de luxo, no bairro Braga, em Cabo Frio, ele ficou cego e paraplégico.
Colhidas do celular de Glaidson, apreendido na Operação Kriptos, em 25 de agosto, mensagens trocadas com Thiago de Paula Reis, homem de confiança do Faraó, revelam em linguagem cifrada a trama para executar Nilsinho. Glaidson chega a cobrar pressa e condiciona o fechamento de novos negócios ao assassinato.
No caso de Pessano, as conversas de Glaidson pelo WhatsApp envolvem outro intermediário, cujo nome está sendo mantido em segredo. Essas provas, remetidas ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), foram obtidas com a quebra dos sigilos fiscal e telefônico do “Faraó”, autorizadas pelo juiz Vitor Barbosa Valpuesta, da 3ª Vara Federal Criminal. Os investigadores federais sustentam que as conversas indicam que Glaidson jamais tolerou que antigos colaboradores, ao montar os próprios negócios, oferecessem uma rentabilidade maior que os 10% garantidos pela GAS.
Wesley e Nilson eram concorrentes da GAS. Na briga pela clientela, Wesley Pessano chegou a oferecer 36% de juros mensais aos investidores. Nilson Alves da Silva pagava 15%. Para os investigadores, uma migração em massa para as empresas que ofereciam mais quebraria a pirâmide financeira, disfarçada de bitcoins, de Glaidson, já que não entraria mais dinheiro novo para bancar os pagamentos.
Glaidson está preso desde 25 de agosto, acusado junto com outras 16 pessoas de crime contra o sistema financeiro nacional. Para o Ministério Público Federal (MPF) e a PF, o Faraó chefiava de Cabo Frio, à frente da GAS, um esquema de pirâmide financeira disfarçada de investimentos em criptomoedas.
Além da ocupação das vítimas, ambas operadoras financeiras, há outro pelo menos mais um ponto comum entre o assassinato de Pessano e a tentativa contra Nilsinho: ambas, de acordo com a Polícia Civil, foram praticadas pelos mesmos pistoleiros, Fabio Natan do Nascimento, o FB, supostamente o autor dos disparos, e Chingler Lopes Lima. Ambos já se encontram presos. FB se entregou na semana passada.
Procurados, os advogados da GAS Consultoria não responderam os questionamentos do GLOBO.
Pessano, o 'Bruxo'
Considerado pelos seguidores do YouTube um “bruxo” do mercado, Pessano costumava dizer nas lives que tudo o que tocava virava ouro. Ousado, sempre com um par de óculos de lentes coloridas, tendo o funk como mundo musical, ele ensinava os investidores — seu perfil do Youtube tinha 18,2 mil inscritos — a ganhar rápido no pullback, mercado de alta volatilidade e renda variável, capaz de sofrer alterações drásticas em pouco tempo. Numa das fotos, ele aparece de braços abertos, na capota de seu Porsche Boxster, ano 2017, avaliado em cerca de R$ 480 mil
Extra o Globo
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