Olinda cancela carnaval de rua e promete auxílio financeiro para quem depende da folia

Sombrinhas de frevo se destacam nas ruas lotadas do carnaval de Olinda em 2020, antes da pandemia — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press/Arquivo

A prefeitura de Olinda anunciou nesta quarta-feira (5) o cancelamento do carnaval de rua em 2022 pelo segundo ano consecutivo e prometeu auxílio financeiro para quem depende da festa. Em coletiva de imprensa, a gestão afirmou que o motivo é evitar a disseminação da Covid-19, levando em conta, também, a alta nos casos de influenza.

De acordo com o prefeito da cidade, Professor Lupércio (Solidariedade), a decisão foi construída ao longo do tempo. Ele disse, ainda, que a prioridade é a saúde dos moradores e turistas (veja vídeo acima).

“Sem soberba da nossa parte, o carnaval de Olinda é conhecido mundialmente, que gera empregos diretos e indiretos. Um carnaval, mesmo descentralizado, em que circulam mais de 4 milhões de pessoas”, afirmou.


Sombrinhas de frevo se destacam nas ruas lotadas do carnaval de Olinda em 2020, antes da pandemia — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press/Arquivo

Segundo Suzana Ribeiro, secretária de Saúde do município, existe uma preocupação com as novas variantes do coronavírus, como a ômicron.

“Não dá pra fazer um carnaval quando a gente fala de responsabilidade e empatia por essas mil vidas que foram perdidas”, afirmou, referindo-se aos 1.034 óbitos contabilizados na cidade.

Para auxiliar os profissionais que atuam no carnaval, a prefeitura afirmou que vai criar linhas de investimento para profissionais que atuam no carnaval. São R$ 3 milhões em dois eixos, sendo o primeiro chamado de Auxílio do Carnaval, e o segundo, de Circuito Cultural: Fomento à Cultura.

O primeiro é voltado para quem atua na cultura popular e tradicional do município, além dos ambulantes que atuam no carnaval. De acordo com a Secretaria de Cultura, o auxílio deve seguir os moldes do que foi concedido em 2021, mas detalhes ainda estão sendo definidos. A novidade é que ambulantes cadastrados na prefeitura também devem ser beneficiados.

Em 2021, artistas, agremiações e grupos receberam 35% do cachê pago no carnaval de 2020. O limite estabelecido foi de R$ 10 mil. Catadores cadastrados em cooperativas de reciclagem receberam R$ 250. A previsão é de que esses pontos sejam mantidos.

O outro eixo foi criado para incentivar a realização de festivais municipais, com um edital para concepção e execução de festivais multiculturais.

Entre os festivais municipais citados estão o Festival da Cerveja Artesanal, Festival da Tapioca e Festival Olinda Dá Gosto, entre outros. A seleção deverá ser feita por pareceristas de público e notório saber e pessoas com conhecimento nas áreas culturais. Ainda não há informações sobre o processo seletivo e os prazos.

Homem da Meia-Noite 2020 em Olinda — Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press

Homem da Meia-Noite 2020 em Olinda — Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press

“O carnaval é a apoteose de um trabalho, da nossa história, da tradição da nossa cidade. A partir disso, montamos um planejamento para contemplarmos a cadeia produtiva e trazer ela para junto de nós, para que a gente de apoio financeiro e para manutenção da nossa cultura e da nossa história”, declarou o prefeito.

Professor Lupércio afirmou, ainda, que a definição sobre festas privadas deverá ficar a cargo do governo do estado. Atualmente as festas podem reunir até 7,5 mil pessoas ou 80% da capacidade do local em que forem realizadas, o que for menor.

“Estaremos baseados no governo do estado, conforme o decreto do governo do estado, tanto é que nós já estamos fazendo essa trabalho, alinhado com ele. Vamos aguardar como isso [festa privada] vai ficar para também colocar ou não aqui em Olinda”, disse o prefeito.

Folia no estado

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Até a última atualização desta reportagem, não havia uma definição do governo estadual sobre o carnaval. Agremiações como o Homem da Meia-Noite, Pitombeira dos Quatro Cantos e Eu Acho É Pouco já anunciaram que não vão desfilar pelas ruas deste ano.

A proibição do carnaval foi recomendada pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste, que reúne os nove estados da região. A decisão levou em conta principalmente o risco de contaminação pela variante ômicron do coronavírus.

Em dezembro, o secretário de Turismo e Lazer do estado, Rodrigo Novaes, afirmou que era estudada a possibilidade de trocar a realização do carnaval de rua em 2022 por desfiles e apresentações de blocos carnavalescos em espaços fechados como estádios, clubes e parques de exposição.

Qualquer decisão deve passar pelo Comitê de Acompanhamento à Covid-19, chefiado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).

g1

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