A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu, nessa segunda-feira (10/1), inquérito para investigar a suspeita de crime de homofobia cometido pelo sargento da Polícia Militar do DF (PMDF) Astrogilson Alves de Freitas contra o soldado Henrique Harrison da Costa. As ofensas ocorreram em janeiro de 2020, após Henrique publicar, durante sua formatura na corporação, uma foto beijando o namorado.
O caso é analisado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) após pedido do Ministério Público do DF (MPDFT).
Segundo documento obtido pelo Metrópoles, a delegada, que conduzirá a apuração, já pediu para que a Corregedoria da PMDF fosse avisada. Ela ainda destacou que a oitiva do sargento deve ser gravada para possibilitar a comparação da voz atual com a da gravação.
O Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) já havia condenado Astrogilson, em setembro de 2021, a pagar R$ 5 mil de indenização a Henrique.
Relembre do caso
O que era para ser um gesto de carinho entre casais, registrado em foto durante a formatura de praças, ganhou as redes sociais e passou a ser bombardeado por preconceito. Um áudio atribuído ao sargento da corporação escancara críticas.
A gravação circulou num grupo de policiais militares no WhatsApp, e o sargento ameaça o soldado Henrique com “fogo amigo”. No áudio, o pm de patente mais alta demonstra irritação. Ele se refere ao militar do sexo masculino e a seu parceiro como “viadinhos”. Afirma ainda que não aceitará a presença do recém-formado em sua equipe.
“Numa guarnição minha, um cara desse não entra. Se entrar, já ouviu falar em fogo amigo? Vocês conhecem o fogo amigo. Fogo amigo não é só atirar nos outros, não. Nós todos já fomos ‘plotados’, já fomos sancionados. Tenho quase 30 anos [de carreira] e sabe que tem isso mesmo”, afirma o suposto militar.
O desabafo segue com ameaças de perseguição, mesmo após a decisão do comando da corporação de proibir manifestações sobre o assunto por qualquer membro da Polícia Militar.
“Antigamente, o cara não podia nem ser cachaceiro, que era queimado. Agora, ser viado, passar a mão na bunda e entrar de calcinha na viatura a gente vai aceitar? Porra nenhuma, meu irmão. Essa porra não mudou, não. A gente pode até ficar calado, mas tem outros jeitos de ‘sancionar’ esse tipo de situação”, ameaça.
Metrópoles
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