O procurador do Ministério Público de Contas (MPC) Júlio Marcelo de Oliveira, que atua no Tribunal de Contas da União (TCU), apresentou uma representação no tribunal pedindo para participar do processo que apura a relação de Sergio Moro com a consultoria Alvarez & Marsal.
No pedido, o procurador questiona a atuação do subprocurador-geral Lucas Furtado, do Ministério Público junto ao TCU, no caso e alega que a competência para atuar no processo contra Moro é dele mesmo.
"Cumpre esclarecer que não se trata de interesse pessoal deste membro do MP de Contas, o que seria inadmissível, mas de interesse da instituição MP de Contas, cuja existência tem por finalidade exatamente dizer de direito em todos os processos sujeitos a apreciação do TCU", diz trecho do requerimento.
O ministro do TCU, Bruno Dantas, determinou no final do ano passado que a consultoria Alvarez & Marsal revele o quanto pagou ao ex-juiz após ele deixar a carreira e ingressar na política. O ministro acatou os pedidos feitos pelo Ministério Público, por meio do subprocurador Lucas Furtado, que justificou que é preciso investigar a possibilidade de conflito de interesses no fato de Moro ter proferido decisões judiciais e orientado as condições para a celebração de acordos de leniência da Odebrecht e, logo em seguida, ter ido trabalhar para a consultoria que faz a administração da recuperação judicial da própria Odebrecht.
Fã de Moro
Júlio Marcelo de Oliveira possui diversas postagens que exaltam o ex-juiz, sendo que, em uma delas, publicou uma fotografia em que aparece ao lado de Moro. Em 2016, Oliveira se engajou na campanha a favor das "10 medidas contra corrupção", uma das principais bandeiras lavajatistas. No Twitter, chamou Moro de "exemplo de magistrado e homem público" e disse que o ex-juiz "merece todas as homenagens".
Já com Moro deixando o Ministério da Justiça, o procurador afirmou que o já oficialmente político é "um gigante que sempre se colocou a serviço do Brasil".
Após a decisão do TCU, Moro reagiu com virulência. "Não enriqueci no setor público nem no privado. Não atuei em casos de conflito de interesses. Repudio as insinuações levianas do procurador do TCU a meu respeito e lamento que o órgão seja utilizado dessa forma", escreveu o agora político em seu perfil no Twitter.
Impeachment de Dilma
Júlio Marcelo de Oliveira participou da instrução, no Senado, do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Mas a defesa da ex-presidente, feita pelo advogado José Eduardo Cardozo, pediu que Oliveira fosse declarado suspeito e impedido. O ministro do STF Ricardo Lewandowski, que presidiu a sessão, acabou retirando sua condição de testemunha, passando-a à de informante.
BNews
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