Governo Rui Costa decretou suspensão de Carnaval de forma unilateral, uma bomba atômica, diz Carballal

O vereador Henrique Carballal (PDT) definiu como uma “bomba atômica de efeitos catastróficos” o cancelamento do Carnaval pelo segundo ano consecutivo, a partir de decreto do governo estadual, “sem que haja diálogo e parâmetros técnicos claros que baseiem as medidas defendidas e adotadas pelo governador Rui Costa (PT)”.

Carballal ressalta ainda que a cobrança da bancada de oposição na Câmara Municipal de Salvador pela inclusão de mais beneficiários no programa SOS Cultura II “beira a cara de pau”. Segundo o pedetista, a bancada da minoria faz “oposição pela oposição” e deveria cobrar do governador medidas para sanar os prejuízos de quem perde dinheiro com a suspensão da festa.

O pedetista diz ainda que a saída dele do PT ocorreu justamente após a chegada de Rui ao governo estadual. Ele salientou que não poderia permanecer no partido e fazer oposição ao mandatário petista. Carballal também garantiu que o PDT estará na majoritária encabeçada pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil) e que o deputado federal Félix Mendonça Júnior, presidente estadual da sigla, é o nome do partido para compor a chapa.

Confira os principais trechos da entrevista:

Nessa semana, a Câmara aprovou e o prefeito Bruno Reis sancionou o SOS Cultura II. Mas como o senhor vê os impactos desse segundo ano consecutivo de cancelamento do Carnaval para a indústria do Carnaval de Salvador e da Bahia também?

O cancelamento do Carnaval como se deu gera um prejuízo incalculável. É uma bomba atômica de efeitos catastróficos nesta indústria, nesta economia, que terá reflexo em várias outras.  É importante que fique claro: o Carnaval de Salvador vende a cidade o ano inteiro para turistas do Brasil e do mundo, não é um evento isolado; há um efeito cascata que mexe na indústria de publicidade, na alimentícia, em transportes, na hotelaria, na segurança, ou seja, você tem um conjunto de setores da economia que serão afetados pelo cancelamento e, o que é pior, sem que haja diálogo por parte do governador Rui Costa, com medidas sem critério, sem estimar o tamanho do prejuízo, qual o tamanho dos problemas que vêm sendo ocasionados. Para minimizar isso, o prefeito Bruno Reis (MDB) encaminhou para a Câmara agora a segunda etapa do projeto que, com a primeira, soma R$ 25 milhões disponibilizados com recursos próprios, sem ajuda do governo do Estado, sem ajuda do governo Federal, apesar de a Prefeitura ter uma arrecadação infinitamente inferior. Ao contrário da Prefeitura, o governo do Estado não faz gesto nenhum para esse setor. Então nós focamos esse projeto naqueles que trabalham com o Carnaval especificamente, que vivem o impacto do cancelamento do Carnaval em sua vida.

A oposição queria a expansão do auxílio, beneficiar mais categorias. Como é que o senhor viu essa cobrança?

Em primeiro lugar, a oposição ao prefeito Bruno Reis que, coincidentemente, faz parte da base do governador Rui Costa, beira não a insanidade, beira a cara de pau. Como é que o governo do Estado decreta o fim do Carnaval de forma unilateral, não escuta ninguém, não escutou nem o prefeito da cidade, decreta unilateralmente o cancelamento do Carnaval? Ninguém está defendendo carnaval sem nenhum controle sanitário, nada disso. Não dialoga com setor nenhum e não faz nada pra tentar amenizar, apesar de ter muitas condições. É perversidade mesmo. E aí [os vereadores de oposição] tentam incorporar outras categorias que estão sofrendo, isso a gente reconhece, mas que não necessariamente vivem especificamente pro carnaval. Eles falam do catador de latinha, mas para este catar latinha durante o carnaval é um incremento na sua renda. O cordeiro não é um profissional do Carnaval. Então nós temos que entender que os músicos são profissionais do Carnaval, os holdies, quem trabalha montando trios elétricos. Nós não podemos aceitar o discurso falacioso, que tenta criar confusão na mentalidade das pessoas, porque eles fazem parte do grupo político que faz parte da base do governo estadual, que tem dinheiro em caixa e não ajuda ninguém. É um discurso que demonstra que eles estão única e exclusivamente fazendo oposição por oposição.

O senhor já foi do PT. Nessa semana, na última sessão na Câmara, o senhor criticou a maneira como Rui Costa vem conduzindo a composição da chapa. O senhor, inclusive, se referiu ao governador como “traíra”. Por que usou esse termo?

Eu fui militante do PT e saí exatamente quando Rui Costa foi eleito governador da Bahia. Não é à toa que saí, sabendo que o governador Rui Costa, na minha opinião, iria decepcionar os baianos, como vem fazendo. Wagner entregou a ele um Estado arrumado, com muito recurso, com projetos importantes que foram sendo desenvolvidos por ele no seu primeiro e no segundo mandato e garantiu a ele surfar numa onda de popularidade do seu antecessor; e, apesar disso, ele não fez nada para acrescentar, a não ser os índices negativos. A Bahia hoje é campeã em índice de violência, campeã do índice negativo da educação. Pior educação do Brasil e a pior segurança pública do Brasil são da Bahia. Olha o orçamento para a agricultura que é aplicado por esse governo: o governador não tem política de desenvolvimento agrícola, não tem política de desenvolvimento da pecuária, basta olhar o Parque de Exposições como se encontra, abandonado e preparado pra ser vendido para a indústria imobiliária enquanto a a organização desse setor continua padecendo de atenção. Eu quero que me apontem um projeto para a Bahia que venha do governador Rui Costa. Rui se tornou governador graças a Jaques Wagner.

E a questão do apoio à candidatura de Rui que foi dito pelo vereador Suíca?

Eu estava lá no PT e todo mundo era contra (a candidatura de Rui Costa ao governo), ninguém aceitava ele como candidato. Quando Suíca tentou me constranger, dizendo que fui o primeiro a apoiar Rui Costa, fazendo um churrasco em minha casa, é verdade, mas fiz a pedido do governador Jaques Wagner, que me chamou e me convenceu da importância do nome de Rui e eu, confiando em Wagner, fui e fiz o churrasco. Só que ao longo da campanha e logo quando ele iniciou o governo, eu percebi que ele seria um traidor. E por isso que eu pulei fora do PT, pois eu sabia que não iria estar dentro de um partido e fazer oposição ao governador do meu próprio partido.

O senhor acha então que é um projeto pessoal?

Sim. E, se ele se apresenta como candidato em um projeto pessoal, se eu fosse leviano eu diria que ele quer ser candidato para se proteger dos processos dos respiradores. Mas eu não vou dizer isso não. Eu vou dizer é que ele está, como sempre, com arrogância, com vaidade, querendo na realidade não perder o cargo público para não cair no limbo, fruto da sua arrogância ao longo desse tempo todo. E eu quero ver se o PT vai virar PTR, Partido do Traíra Rui. Se o PT que defendia Wagner como candidato ao governo, se ajoelhar perante um projeto pessoal de Rui, aí virou partido de Rui, [significa que] o PT tem dono.

Por conta desse imbróglio criado na chapa do governo, o senhor vê a possibilidade de ACM Neto receber até o apoio de PP ou do PSD?

Primeiro Neto já é franco favorito, e as pesquisas vêm apontando isso. Acredito que há muitas conversas a serem travadas e acho que Neto tem todas as chances de receber apoio não apenas do PP, mas inclusive de outros partidos que, mesmo estando na base de Bolsonaro, podem enxergar na figura de Neto a possibilidade de derrotar o projeto que vem sendo capitaneado pelo PT. Neto é o franco favorito, a popularidade de Bruno Reis vem demonstrando a continuidade desse projeto em Salvador que foi desenvolvido pelo atual prefeito e penso que Neto tem todas as condições de ganhar essa eleição no primeiro turno.

Falando ainda em ACM Neto, o senhor acha que essa chapa pode ser definida até quando? O senhor acha que o PDT também pode integrar a chapa? O presidente do partido, Félix Mendonça Júnior, já manifestou essa vontade de fazer parte da majoritária.

O que eu posso garantir é que o PDT fará parte da chapa majoritária. O nome principal do PDT seria o do deputado e presidente do partido, Félix Mendonça. Se ele será candidato a vice, candidato a senador ou se ele optar em fazer uma outra indicação, essa é uma decisão que vai caber ao deputado. O PDT estará na chapa, isso daí já é algo consensuado entre inclusive o candidato a governador ACM Neto e o partido. Então, compreendo apenas isso: a definição de qual espaço – se para a vice ou para Senado e se de fato será o deputado Félix Mendonça – como eu disse, é uma decisão que está sendo adiada porque eles estão se baseando em cada cenário. Mas entendo que o PDT estará [na chapa majoritária].

Davi Lemos

Politica Livre

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