Um dos três mortos durante operação da Polícia Militar na região da Gamboa, em Salvador, o jovem Patrick Sapucaia era filho de um policial militar aposentado. A informação foi obtida com exclusividade pela reportagem do Aratu On. Além dele, morreram Alexandre Santos e Cleberson Guimarães, na madrugada de terça-feira (1/3).
Segundo a PM, guarnições da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp BTS) foram acionadas com informações sobre a presença de homens armados no local e recebidas a tiros por um grupo quando faziam incursões. Os três foram socorridos, mas não resistiram. A comunidade, porém, contesta essa versão.
Patrick, além de ser filho de PM, é irmão de Pierre Hamilton Souza Sapucaia, que já foi preso pelo menos duas vezes por tráfico de drogas e homicídio. Em 2016, foi acusado de matar Gleisson de Souza Gregório, então com 18 anos, no Centro de Salvador. Três anos mais tarde, foi preso com armas, carregadores e munições perto da Estação da Lapa.
Na operação da Gamboa de terça, os militares relataram que apreenderam um revólver calibre 38; duas pistolas, sendo uma de calibre .40 e outra de calibre 380; 177 papelotes de maconha; 233 pinos e dez embalagens de cocaína; 130 pedras de crack; três aparelhos celulares; uma balança eletrônica, R$ 172 e um relógio de pulso.
GUERRA DE VERSÕES
A comunidade da Gamboa diz que Patrick, Alexandre e Cleberson foram sumariamente executados pela Rondesp. Populares, inclusive, resolveram fechar parte da Avenida Lafayete Coutinho (Contorno) para protestar.
Segundo os manifestantes, os agentes da Segurança Pública teriam chegado disparando tiros de arma de fogo contra membros da comunidade. A PM contesta, argumentando que, além da troca de tiros, durante a prestação de socorro, manifestantes jogaram entulhos, obstruíram a pista em ambos sentidos e hostilizaram as guarnições.
Nesta quarta-feira (2/3), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Bahia) disse que acompanha "com preocupação o caso da operação da Polícia Militar na comunidade da Gamboa de Baixo".
"Diante da gravidade das denúncias, a OAB da Bahia irá cobrar da Corregedoria da PM e da Secretaria de Segurança Pública uma investigação transparente e minuciosa do ocorrido, com o afastamento dos policiais envolvidos na ocorrência e outras medidas de proteção às testemunhas", contou o órgão, por meio de nota.
"A OAB-BA cobrará ainda urgência na instalação de câmeras em viaturas e fardas da PM-BA, prometida pelo governo do Estado desde o ano passado, que no mundo inteiro vem garantindo mais transparência às ações policiais, reduzindo sua letalidade e garantindo mais proteção aos próprios agentes e aos outros cidadãos", completou a OAB.
Aratu On
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